Entrevista a Carlos A. Góis-Marques

Floresta Laurissilva

Floresta Laurissilva temperada do til, ecossistema onde a planta Eurya stigmosa provavelmente viveria

MMS
Imagens por microscopia de varrimento das sementes de Eurya stigmosa
Imagens por microscopia de varrimento das sementes de Eurya stigmosa
Fonte CAGM

Carlos A. Góis-Marques é aluno de doutoramento em Geologia em Ciências ULisboa e no Instituto Dom Luiz, sob orientação dos professores José Madeira, Miguel Menezes de Sequeira e José M. Fernández-Palácios. O doutoramento é financiado pela ARDITI - Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação.

Carlos A. Góis-Marques concluiu a licenciatura em Biologia na Universidade da Madeira. A paixão pela paleobotânica levou-o a inscrever-se no mestrado em Geologia de Ciências ULisboa. “Foi na sequência desse mestrado que me propôs ser seu orientador numa tese sobre a paleobotânica da ilha da Madeira. Depois da sua conclusão, decidiu seguir para doutoramento com a continuação dos estudos de paleobotânica e paleopalinologia nas ilhas da Madeira e Faial (Açores)”, conta José Madeira, professor do Departamento de Geologia de Ciências ULisboa, para quem o jovem se tem revelado “um aluno de uma grande iniciativa e independência e de excelente capacidade de concretização dos objetivos”.

Com base na tese de mestrado publicou um artigo em revista internacional peer-reviewed, e no decurso dos trabalhos de doutoramento já tem dois artigos publicados e outros dois submetidos. “Orientar o Carlos A. Góis-Marques tem sido entusiasmante”, diz José Madeira, que aponta como grande vantagem, “a conjugação da sua formação botânica original com a que adquiriu durante o mestrado e no decurso dos trabalhos de campo para o doutoramento em Geologia. Na sua opinião, esta dupla formação torná-lo-á sem dúvida num dos futuros grandes especialistas em paleobotânica.

Quanto aos resultados publicados na “Quaternary Science Reviews”, José Madeira refere que são “extremamente importantes sob diversas perspetivas e revelam o potencial quase inexplorado do registo fóssil nas ilhas oceânicas (de origem vulcânica) – acrescentando que - estes resultados são uma ínfima parte dos dados entretanto adquiridos”.

Carlos A. Góis-Marques é o primeiro autor do artigo “Eurya stigmosa (Theaceae), a new and extinct record for the Calabrian stage of Madeira Island (Portugal): 40Ar/39Ar dating, palaeoecological and oceanic island palaeobiogeographical implications”, publicado na Science Direct a 19 de janeiro e um dos destaques do volume de 15 de fevereiro do jornal científico “Quaternary Science Reviews”.

De acordo com o comunicado de imprensa emitido recentemente pela Faculdade, o estudo de fósseis revela a extinção de uma árvore da família do chá que se encontrava presente há 1,3 milhões de anos na ilha da Madeira.

Porque escolheu iniciar este doutoramento?

Carlos A. Góis-Marques (CAGM) - O doutoramento em Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa foi um passo lógico após a conclusão da tese de mestrado na mesma instituição, e em colaboração com o Grupo de botânica da Madeira da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira. Na minha tese de mestrado estudei fósseis de plantas encontrados na ilha da Madeira, cujas coleções se encontravam depositadas em museus do Reino Unido e na Suíça. Realizamos também trabalhos de campo e laboratoriais, que nessa altura, demonstraram um enorme potencial que merecia ser explorado.  As ilhas são sítios muito estudados por biólogos para compreender fenómenos evolutivos e ecológicos. Contudo, pouco se sabe sobre como seria a sua biodiversidade no passado. Havia uma lacuna de conhecimento importante e os fósseis são uma prova irrefutável do passado biológico. Esta foi a motivação para iniciar o meu doutoramento.

Que balanço faz do trabalho já realizado?

CAGM - Faço um balanço muito positivo. Nas campanhas de campo e em laboratório temos encontrado muito material novo. A ilha da Madeira, por ter sido pouco explorada de um ponto de vista paleobotânico, e quando se encontram fósseis estes acabam por contar histórias interessantes. O artigo agora publicado, onde descrevemos o primeiro fóssil de uma árvore extinta encontrada na ilha da Madeira é um bom exemplo.

Que conselhos deixa aos colegas que queiram prosseguir os estudos nesta área?

CAGM - É difícil dar conselhos. Diria que a palavra chave é dedicação. As descobertas são fruto de um trabalho árduo de campo e de laboratório, mas cujos resultados são entusiasmantes. A paleobotânica e a palinologia são áreas do conhecimento científico essenciais para conhecermos o clima e a biodiversidade do passado. Esta informação é fundamental para compreendermos o presente e o futuro do nosso planeta. Portugal continental e insular têm um potencial enorme nesta área. Basta olharmos para a investigação sobre a origem e evolução das plantas com flor onde Portugal é a referência mundial.

Quais são os próximos passos desta investigação?

CAGM - A curto prazo, acabar e defender o doutoramento. A médio prazo estudar os fósseis até agora recolhidos por nós e encontrar mais locais com fósseis de plantas na ilha da Madeira e dos Açores. A longo prazo queremos estimular e ajudar outros colegas de outras ilhas oceânicas a realizar estudos paleobotânicos. Seguramente encontraremos muitas surpresas.

Miguel Meneses de Sequeira e Carlos A. Góis-Marques
Miguel Meneses de Sequeira e Carlos A. Góis-Marques durante uma saída de campo
Fonte MMS

 

Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Iris Silva

Iris Silva, investigadora do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI) na Ciências ULisboa, venceu pela segunda vez o Best Young Investigator Award da Sociedade Europeia de Fibrose Quística (ECFS), segundo comunicado de imprensa emitido esta sexta-feira pela Faculdade. O galardão será atribuído durante o 44th European Cystic Fibrosis Conference, que se realiza online entre 9 e 12 de junho de 2021.

Margarida Ribeiro e Hugo Anjos, alunos de Ciências ULisboa do mestrado em Bioestatística

Em reunião do Infarmed, os alunos Margarida Ribeiro e Hugo Anjos, do mestrado em Bioestatística, receberam palavras de agradecimento da DGS pelo trabalho desenvolvido em contexto COVID-19.

Pessoas a trabalhar numa mesa

O projeto SKIES (SKilled, Innovative and Entrepreneurial Scientists), iniciado em março passado e com a duração de 18 meses, pretende fornecer a estudantes de doutoramento e jovens investigadores doutorados na área da Astronomia um conjunto de competências ao nível da ciência aberta, inovação e empreendedorismo.

Tachydromia stenoptera

Ana Rita Gonçalves concluiu o mestrado em Biologia da Conservação na Ciências ULisboa e no âmbito da sua tese estudou a morfologia de todas as moscas-formiga conhecidas da Península Ibérica e de Itália - dez espécies no total. Quatro delas são novas para a Ciência e uma apenas existe em Portugal.

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Esta segunda-feira, dia 19 de abril, a Faculdade celebra 110 anos. Para acompanhar a cerimónia comemorativa que será realizada uma vez mais online no próximo dia 21 de abril, a partir das 14h00, deverá ligar-se ao canal YouTube.

Exposição Variações Naturais – uma viagem pelas paisagens de Portugal

Após 18 meses de desenvolvimento de projeto e montagem, Variações Naturais – uma viagem pelas paisagens de Portugal abriu portas ao público em novembro passado e vai estar em exibição até 25 de novembro de 2022.

ferramenta de saída de campo

Ícaro Dias da Silva recebeu uma menção honrosa na última edição (2019) dos Prémios Científicos ULisboa / Caixa Geral de Depósitos. O investigador do IDL Ciências ULisboa estuda a geodinâmica das margens continentais relacionadas com a abertura e fecho de oceanos no Paleozoico.

Barcos de pesca em Almograve, Portugal

No âmbito do projeto MarCODE já foram recolhidas mais de 1000 amostras de pescado e marisco - robalo, dourada, raia-lenga, pescada, carapau, polvo, cavala, ouriço e percebes. A amostragem decorreu nas lotas nacionais da DOCAPESCA. As amostras encontram-se a ser processadas analiticamente nos laboratórios do MARE e do BioISI, nos polos da Faculdade.

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Até ao próximo mês de julho, cerca de 70 famílias de cuidadores informais no território continental português participam no programa “Famílias Seguras – Cuidar de quem Cuida” lançado pela Ciências ULisboa, através do seu Centro de Testes, em parceria com a Associação Nacional de Cuidados Informais.

Logotipo Radar

Décima quarta rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade.

Sala com microfone

O jornalismo científico tem a responsabilidade de tornar a mensagem científica compreensível para o público leigo. Jornalistas e cientistas têm o dever cívico de contribuir para a qualidade da informação.

Trajeto de transferência eletrónica num óxido metálico misto de molibdénio e tungsténio

Os fenómenos de transferência de eletrões são omnipresentes em toda a natureza e em Biologia Molecular representam ainda a “transdução de energia”, isto é o transporte de eletrões através de uma enzima ou proteína. Os resultados desta investigação podem ajudar a melhorar a compreensão de como os eletrões se movem nas junções moleculares em dispositivos eletrónicos, ou na transferência de eletrões em biomoléculas com mediação de espécies metálicas.

Pormenor da conceção artística do interior do futuro telescópio espacial de raios X Athena, da ESA

A componente ótica portuguesa, liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, e que irá integrar o futuro telescópio espacial europeu nos raios X, passou na revisão de requisitos e entra agora na fase de projeto. O IA lidera o conceito e desenho de um sistema de metrologia, ou OBM (do inglês “Onboard Metrology System”), que permitirá orientar com exatidão o espelho do Athena, um telescópio espacial nos raios X, para o sensor de cada um dos dois instrumentos científicos desta missão.

Alunos e professor no campus da Faculdade

A equipa CGD/MATHFCUL ficou classificada em 5.º lugar na final nacional do Global Management Challenge 2020. Exigência foi a palavra escolhida pela equipa para classificar esta experiência. "Fico muito satisfeito e grato pela dedicação e crescimento destes meus alunos", diz João Telhada, professor do DEIO Ciências ULisboa e mentor da equipa.

Mulher esconde rosto com relógio

"O efeito da mudança de hora no consumo de energia é cada vez menos relevante nas nossas sociedades desenvolvidas e, por isso, a avaliação da sua premência deve valorizar sobretudo outros efeitos, como o impacto na saúde, na economia ou no bem-estar dos cidadãos", escreve Miguel Centeno Brito, professor do DEGGE Ciências ULisboa e investigador do IDL.

A distribuição potencial dos continentes no Arcaico e a profundidade do oceano em metros

Mattias Green, professor da Bangor University (BU), no Reino Unido, coorientador de Hannah Davies, estudante do programa doutoral Earthsystems, ganhou uma Bolsa Leverhulme no valor de 245.884,00 £, equivalente a 287.331,58 €, para estudar o clima da Terra no Arcaico, juntamente com João C Duarte, professor do Departamento de Geologia da Ciências ULisboa, investigador do Instituto Dom Luiz e membro da comissão coordenadora do referido programa. 

Pernas de crianças

Inês Lima, Leonor Pires, Mariana Oliveira e Raquel Sales Rebordão, estudantes de Engenharia Biomédica e Biofísica da Ciências ULisboa, classificaram-se em 2. º lugar na 3ª edição do BioMind – Make it in 24 hours! com o produto IMAGI, um projeto que conjuga técnicas de hipnoterapia e realidade virtual com o objetivo de reduzir e controlar a dor crónica em crianças.

Representação de uma bicamada fosfolipídica usada como modelo de uma membrana celular (à esquerda); representação de uma ligação de halogéneo (a amarelo) efetuada entre um átomo de bromo e um átomo de oxigénio de um fosfolípido (à direita)

Investigadores do BioISI Ciências ULisboa conseguiram demonstrar que moléculas halogenadas interagem com membranas biológicas por via de ligações de halogéneo, um fenómeno que pode ser determinante para a eficácia terapêutica de fármacos.

Arame

Mais um artigo do GAPsi Ciências ULisboa. Desta vez a temática é dedicada ao ciclo das relações abusivas.

painéis solares

A 38th European Photovoltaics Specialists Conference - EUPVSEC 2021 realiza-se de 6 a 10 de setembro de 2021, no formato online. João Serra, professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia da Ciências ULisboa, é o chairman da maior e mais importante conferência europeia dedicada à energia fotovoltaica.

Helena Avelar de Carvalho

"A Helena era, sem qualquer dúvida, uma das melhores na sua área, no mundo inteiro, e a sua carreira académica estava só a começar", escreve Henrique Leitão, presidente do Departamento de Histórioa e Filosofia das Ciências.

Caneta e números

“A matemática é uma parte essencial do património cultural da humanidade”, dizem Ana Rute Domingos e Maria Manuel Torres, docentes do Departamento de Matemática da Ciências ULisboa, a propósito do Dia Internacional da Matemática, que se celebra a 14 de março.

Miguel Marques de Magalhães Ramalho, vulto destacado da comunidade geológica, que foi vários anos professor catedrático convidado da Ciências ULisboa, faleceu a 8 de março de 2021. "A ele se deve a introdução da conceção moderna de Estratigrafia no curso de Geologia do Departamento, enriquecida por saídas de campo de elevado valor didático", escreve a professora Ana Cristina Azerêdo. Ciências ULisboa apresenta sentidas condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Peixes

O primeiro “Guia de Peixes de Água Doce e Migradores de Portugal Continental” coordenado por Maria João Collares-Pereira, professora da Ciências ULisboa e do cE3c, publicado em 2021, já está à venda. Os peixes de água doce são um dos grupos de vertebrados mais ameaçados em todo o mundo. Portugal não é exceção, com mais de 60% das espécies nativas em risco de extinção.

Vinhas Douro, Portugal

A Comissão Nacional da Organização Internacional da Vinha e do Vinho premiou “The interplay between membrane lipids and phospholipase A family members in grapevine resistance against Plasmopara viticola” com a Distinção CNOIV 2020, atribuído ao melhor trabalho nacional de divulgação, experimentação ou investigação no domínio da viticultura, da autoria de um grupo de investigadores da Ciências ULisboa.

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