Membros do CFTC publicam no European Physical Journal B

Fluxo de energia bancária
Cedida por Pedro Gonçalves Lind

João Pires da Cruz, estudante de doutoramento em Física na FCUL e um dos sócios fundadores da empresa Closer e Pedro Gonçalves Lind, investigador do Centro de Física Teórica e Computacional da FCUL, são os autores do artigo “The Dynamics of Financial Stability in Complex Networks”, publicado recentemente no European Physical Journal B e destacado internacionalmente pela Springer e pela EurekAlert!.
Em entrevista, Pedro Gonçalves Lind apresenta as principais conclusões deste trabalho, resultado de uma parceria entre os mundos académico e empresarial.

FCUL - Gostaria de pedir que apresentasse abreviadamente o estudo “The Dynamics of Financial Stability in Complex Networks”.

Pedro Gonçalves Lind (PGL) - O sistema bancário no seu todo é regulado por um organismo multinacional chamado Comité de Basileia para a Estabilidade Bancária que reúne os bancos centrais das principais economias do mundo. Este organismo emitiu em 1988 aquilo que se convencionou chamar de Acordo de Basileia I. Este acordo impunha que os bancos, quando emprestam dinheiro, o fizessem com uma fração do seu próprio dinheiro - o capital - essa fração foi estabelecida de forma genérica em 8%. Na verdade, varia em função do risco do cliente, mas a regra geral é esta. O objetivo do comité era garantir que o total dos empréstimos fosse "seguro" por esta quantidade de dinheiro próprio e, na ocorrência de uma falência, o sistema como um todo fosse capaz de suportar o impacto dessa falência, defendendo assim os credores do sistema, os depositantes. Com a crise de 2008, aumentou a pressão política sobre o Comité para que as restrições sobre o capital dos bancos fossem intensificadas e, em consequência disso, o Comité em 2011 aumentou os requisitos de composição do capital aumentando, na prática, o dinheiro necessário para operar um banco.

Neste racional está subjacente uma organização social e económica em que todos os agentes têm igual importância. Se pensarmos do ponto de vista físico seria como se fosse um gás de moléculas todas iguais em equilíbrio. A verdade é que a economia não é um sistema deste tipo, pelo contrário, nos nossos trabalhos anteriores e de outros autores, já tinha sido mostrado que a economia se comporta como um sistema crítico com "partículas" completamente diferentes e não como um gás. Com esta evidência, modelámos um sistema interbancário numa economia como um sistema crítico para mostrar que aumentar os requisitos de capital tem consequências muito diferentes daquelas que são intuitivamente esperadas num sistema em equilíbrio. O nosso estudo mostra que para que o aumento de capital surtisse o efeito desejado, o nível de negócio dos bancos - e consequentemente a economia como um todo – diminuísse, esta diminuição refletir-se-ia na prática com os bancos a despedirem os seus funcionários, com pessoas a deixar de comprar casas e carros, empresas a fechar, etc.. Admitindo que a economia (e os bancos) procuram impedir a redução do seu negócio - um pressuposto, aliás, verificado com os posteriores aumentos de capital que se verificaram nos bancos portugueses e espanhóis recentemente por imposição da troika - a probabilidade de termos crises de grande dimensão não se reduz. Pode até, pelo contrário, aumentar e favorecer o aparecimento daquilo a que se convencionou chamar de bancos "too big to fall".

FCUL - O artigo publicado no European Physical Journal B também deriva da parceria que tem existido entre o Centro de Física Teórica Computacional e a empresa de consultoria Closer? Como é que tem corrido esta relação universidade-empresa e quais os principais benefícios deste tipo de parceria para ambas as partes?

PGL - Sim, este é um novo trabalho resultante da parceria entre a empresa Closer e o CFTC. Esta parceria desenvolveu-se pelo facto de um dos sócios principais da empresa ter escolhido a Universidade de Lisboa como ambiente académico e o CFTC como o ambiente científico para o seu doutoramento em Física. Por ter estado na linha da frente da crise bancária de 2008 enquanto consultor a quem os clientes questionavam os eventos da altura, este virou-se novamente para a sua formação de base - a Física - para procurar as explicações que a Economia não conseguia revelar. A parceria com o CFTC surge assim naturalmente, juntando quem tem que desenvolver soluções para os problemas atuais do mundo financeiro com quem melhor lida com as questões da Física Estatística e Não-Linear. Os benefícios para ambos resultam no desenvolvimento científico que decorre da parceria, para a empresa no crescimento futuro da sua oferta e para o CFTC/Universidade de Lisboa pelo impacto que tem na captação de alunos e na sua inserção no meio empresarial. Como se pode imaginar, o impacto global deste tipo de estudo projeta o "produto" das duas instituições muito para lá do que são as fronteiras do país e ambas esperam retirar desta parceria um reposicionamento a nível internacional no futuro mais próximo.

FCUL - Porque é que decidiram trabalhar esta temática?

PGL - O tema dos bancos surgiu como uma particularização de um estudo mais alargado que estamos a fazer sobre a economia em geral e surgiu da notícia a meio de 2011 de que o Comité de Basileia iria reforçar as exigências de capital. Sendo o sistema bancário um subsistema do sistema económico geral, essa notícia pareceu-nos ir exatamente no caminho oposto do que era pretendido. Mais, estando Portugal sob um programa de ajuda externo onde a capitalização dos bancos é um tema de importância substantiva, o princípio de que aumentar o capital dos bancos favorece a estabilidade bancária, para além de estar errado, penaliza países como o nosso de forma ainda mais gravosa. Daí termos investido o nosso esforço para contribuir para um maior conhecimento neste tema.

FCUL - Quais são as principais conclusões que apresentam no referido artigo?

PGL - Em termos práticos, a principal conclusão é que aumentar os requisitos mínimos de capital em nada favorece a estabilidade do sistema bancário.

FCUL - Como é que os vossos pares têm estado a reagir a esta publicação?

PGL - Ainda é muito cedo para estar a avaliar reações. Algumas reações anteriores à publicação com base em "pre-prints" têm sido bastante positivas, particularmente por fugir àquilo que seria intuitivo para os economistas e, curiosamente, as reações mais positivas vieram de um blog de um especialista/autor/diretor de risco americano que escreveu um post sobre o nosso trabalho ("Systemic Risk Control Meets Adaptive Behavior").

FCUL - Quais são os temas que pretendem abordar futuramente aplicando os modelos e teorias da física?

PGL - O nosso trabalho vai focar-se na economia (não na Economia!) e nas relações humanas do tipo económico, não só porque é essa a natureza da parceria, como pelo facto de ser um terreno que ainda tem muito por (re)descobrir. E esperamos que com ele possamos continuar a estreitar a proximidade entre as empresas e o mundo académico, abrindo portas a novos alunos motivados nestes tópicos que continuarão a ser de grande interesse quer para a produção empresarial no nosso país quer para a investigação na UL.

“Ainda não chegámos à lua mas já tirámos os pés do chão”
Investir em conhecimento tem sido a opção da Closer, uma empresa sediada em Portugal que presta serviços de consultoria em Sistemas de Informação e cuja missão passa por “desafiar a complexidade”, ambicionando tornar-se uma referência internacional nos mercados em que atua. Esta empresa fundada em 2006 tem acolhido estudantes pós-graduados que aí desenvolvem as suas teses, como foi o caso, por exemplo, de Pedro Teixeira, estudante do mestrado em Engenharia Física na FCUL e de Catarina Andreia Rodrigo Vaz e Margarida Mirador Fernandes, ambas alunas do mestrado em Matemática e Aplicações no Instituto Superior Técnico.

Ana Subtil Simões, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura da FCUL
info.ciencias@fc.ul.pt
Mar

Qual o impacto das poeiras provenientes do Sahara na produtividade marinha do Oceano Atlântico tropical, particularmente nos coccolitóforos (fitoplâncton calcário)? Esta é a principal questão que irá marcar o trabalho de Catarina Guerreiro, investigadora do MARE.

pilhas de compostagem

O compostor da FCUL foi inaugurado há pouco mais de um ano, em 27 de novembro de 2016, numa parceria entre a HortaFCUL, o Gabinete de Segurança, Saúde e Sustentabilidade da FCUL e o cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Gabriella Gilli

Gabriella Gilli, investigadora do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, pretende usar um novo modelo teórico tridimensional, análogo ao que é usado para descrever a atmosfera de Vénus, para antecipar as futuras observações de exoplanetas quentes de tipo terrestre.

Vladimir Konotop

Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com o físico Vladimir Konotop e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

Bernadette Bensaude-Vincent

A ULisboa atribui a 2 de março o título de doutor honoris causa a Bernadette Bensaude-Vincent, por proposta da Faculdade de Ciências, homenageando uma personalidade de grande relevo cientifico com relações estreitas com o contexto científico português, demonstrando publicamente quanto lhe deve e quanto se sente honrada por lhe poder conceder este titulo.

Biblioteca com alunos

A entrada na faculdade é muito mais do que a transição para uma nova etapa académica, é o início de uma aventura no próprio desenvolvimento, onde se passa de jovem a adulto. Esta fase acarreta desafios para o próprio e nas relações com os outros, ficando este jovem adulto entre o medo e o desejo de crescer com tarefas académicas, sociais, pessoais e vocacionais para fazer face, simultaneamente.

Campus de Ciências

Dois investigadores do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais receberam bolsas europeias Marie Sklodowska-Curie para desenvolver investigação nos próximos dois anos.

Concorrentes

A semifinal aconteceu a 17 de fevereiro, a final nacional a 12 de abril e a final internacional entre 5 e 10 de junho. Em Ciências foram apurados quatro finalistas, estudantes da ULisboa nos cursos de Física, Biologia, Engenharia Química e Matemática Aplicada e Computação.

Carlos Mateus Romariz Monteiro

Faleceu a 9 de fevereiro de 2018, com 97 anos, Carlos Mateus Romariz Monteiro.

Pessoa sentada junto a uma mesa

Passamos, quer no trabalho como em momentos de lazer, longos períodos sentados. Estar sentado é um descanso! Mas, será mesmo assim?

João Martins

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de fevereiro de 2018 é com João Martins, técnico superior do Departamento de Física de Ciências.

A cooperação (e colaboração) científica apoia-se sempre em ensinar e aprender (dar e receber), num registo de amizade e humildade, de motivação e de empolgamento. A paridade é fundamental, tal como o “foco e simplicidade”, a relevância e a utilidade (Steve Jobs).

João Carlos Marques, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra é o novo diretor do MARE, sucedendo no cargo Henrique Cabral, professor do Departamento de Biologia Animal de Ciências.

A iniciativa possibilita aos estudantes a recolha de informação sobre diversas áreas do saber das 18 escolas da Universidade de Lisboa.

Ciências presta homenagem a Dmitri Ivanovich Mendeleev a 8 de fevereiro de 2018, data em que se assinala o 184º aniversário do seu nascimento. Nesse dia, 118 alunos do 9.º ano do Colégio de Santa Doroteia, em Lisboa, visitam a tabela periódica existente neste campus universitário.

O artigo “The Little Ice Age in Iberian mountains” publicado em fevereiro de 2018 na Earth-Science Reviews caracteriza com maior precisão o último grande evento frio do hemisfério norte, de acordo com comunicado de imprensa emitido esta quinta-feira.
A Little Ice Age (LIA) ou a Pequena Idade do Gelo ocorreu aproximadamente entre 1300 e 1850 e afetou as comunidades dos Pirenéus. Os resultados desta investigação está a ter algum impacto em Espanha.

Pormenor da capa do livro

“Ao contrário do que aparentava no início deste projeto, foi relativamente fácil dar um ritmo de arte sequencial (banda desenhada) ao argumento.

A 2.ª edição do mestrado em Gestão e Governança Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto (FCUAN) deverá arrancar no último trimestre do ano letivo 2018/2019 e contará novamente com o apoio de Ciências. Na 1.ª edição 16 estudantes concluíram com sucesso os programas de estudo.

Cinquenta alunos do 4.º ano do Colégio Colibri, de Massamá, foram cientistas por um dia nos Departamentos de Biologia Animal e Biologia Vegetal.

Quando João Graça Gomes iniciou o estágio “Cenarização Sistema Elétrico 100 % Renovável em 2040”, com a duração de um ano, no Departamento Técnico da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), sob a orientação de José Medeiros Pinto, engenheiro e secretário-geral daquela associação, quis “dar o melhor e mostrar a qualidade do ensino de engenharia na FCUL”. O ano passado foi distinguido com um dos prémios de maior destaque da engenharia nacional.

João Graça Gomes, engenheiro do Departamento Técnico da APREN e mestre em Engenharia da Energia e do Ambiente, foi galardoado com o Prémio - Melhor Estágio Nacional em Engenharia Eletrotécnica da Ordem dos Engenheiros.

Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com o climatologista Ricardo Trigo e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

Por forma a gerir a ansiedade de uma forma mais eficaz antes dos momentos de avaliação são propostas algumas estratégias que não eliminam a ameaça mas podem ajudar a lidar de um modo mais eficaz com a ansiedade.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O primeiro Dictum et factum de 2018 é com Marta Daniela Santos, responsável pelo Gabinete de Comunicação do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Ciências será o palco de uma eliminatória regional do Famelab 2018, um dos maiores concursos internacionais de comunicação de ciência.

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