Entrevista com… Raquel Conceição

Fique a par dos pormenores da investigação premiada pela ANACOM URSI Portugal 2013 na entrevista a seguir apresentada. Complete a leitura consultando o perfil da cientista Raquel Conceição.

De que trata o trabalho distinguido pelo prémio o prémio ANACOM – URSI Portugal 2013?

Raquel Conceição (RC) - No meu trabalho proponho uma utilização multimodal de duas técnicas de diagnóstico médico que se complementam: a Mamografia por Emissão de Positrões (PEM) – uma técnica de imagem de medicina nuclear -, e a imagem por radar de banda ultralarga na frequência de micro-ondas – uma técnica nova, ainda com poucos ensaios clínicos, que usa radiação não ionizantes. Enquanto a PEM dá resultados bastante fidedignos relativamente à deteção e localização de um tumor na mama, não é possível obter informação sobre a natureza desse tumor (benigno ou maligno). Alguns estudos anteriores indicaram que a imagem por micro-ondas poderá permitir a classificação de tumores na mama em termos do seu tamanho e forma, podendo-se indicar com algum grau de certeza qual a natureza do tumor. Neste trabalho faz-se um estudo em termos de simulação numérica e experimental num cenário simples em que é simulada uma mama com um tumor, [sendo] depois feita a classificação de tumores.

Que técnicas e métodos de trabalho foram utilizados?

RC - Para as simulações do PEM foi utilizada uma plataforma de simulação Monte Carlo. Para as simulações de imagem por micro-ondas foi utilizado um programa de simulação eletromagnética.

A simulação experimental foi feita com um protótipo pré-clínico. Nestas simulações, foram criados fantomas da mama com glicerina e fantomas de tumores feitos com uma proporção de pó TX151 e água (que de aspeto parece plasticina).

Quem está, para além da Raquel, envolvido nele? Há professores das FCUL a prestar-lhe apoio? Há outros centros/empresas/institutos ligados a ele?

RC - O trabalho apresentado foi fruto de cerca de 18 meses de trabalho e houve suporte de vários professores da FCUL em diversas fases deste período, a destacar os professores Pedro Almeida e Nuno Matela.
Porém, os resultados obtidos em concreto neste trabalho foram resultado de uma colaboração mais próxima com investigadores do IBEB-FCUL, o Ricardo Capote e a Bárbara Oliveira, o meu colega de trabalho, Martin O’Halloran, da National University of Ireland – Galway (onde a Bárbara entretanto começou o doutoramento dela), e três colaboradores da University of Manitoba, em Winnipeg, Canadá, Daniel Flores-Tapia, Diego Rodriguez-Herrera e o professor Stephen Pistorius.
 


Protótipo de radar micro-ondas mamário da Universidade de Manitoba, no Canadá
Fonte Raquel Conceição

Que papel e importância assumem neste trabalho?

RC - O Ricardo e a Bárbara ajudaram-me bastante nas simulações do PEM, o Martin ajudou-me essencialmente com a reconstrução de imagem UWB, e o Daniel, Diego e Stephen acolheram-nos (a mim e ao Martin) no laboratório deles no Canadá, há pouco mais de um ano, por forma a ficarmos a conhecer o protótipo desenvolvido por eles e onde fizemos as primeiras medições com modelos físicos para modelar formas de tumores benignos e malignos.

Que importância tem este prémio para si e para o Instituto onde está inserida?

RC - É o primeiro prémio que recebi e que distingue o meu trabalho científico realizado durante o pós-doutoramento – logo é de extrema importância pessoal. Em concreto, a URSI é uma entidade muito importante na minha área de investigação, logo a importância deste trabalho a nível profissional é também [relevante].

Que importância considera que este estudo tem para a área científica da Biofísica e da Engenharia Biomédica?

RC - A área da Biofísica e da Engenharia Biomédica é bastante vasta. Considero o meu trabalho de grande importância no contexto de diagnóstico precoce e de rastreio do cancro da mama. Em termos gerais, são necessárias alternativas viáveis e de baixo custo às mamografias (raio X) e ultrassonografias, pois é necessário melhorar a sensibilidade e especificidade dos exames médicos feitos à mama. É importante detetar esta patologia o mais cedo possível para que as terapêuticas a indicar sejam as mais adequadas e eficazes a cada paciente. Em termos mais específicos, considero muito importante um diagnóstico o mais completo possível da deteção de um tumor da mama – ou seja, uma avaliação sobre se o tumor tem mais probabilidade de ser benigno ou maligno, e portanto evitar exames adicionais que inevitavelmente irão incorrer em custos adicionais para a paciente e para o Serviço Nacional de Saúde.
 


 Subconjunto de modelos de tumor, malignos (em cima) e benignos (em baixo), utilizados neste estudo
Fonte Raquel Conceição

O que valoriza e distingue este estudo?

RC - É importante investigar e investir em técnicas de diagnóstico médico que sejam portáteis (ou de pequena dimensão) e que não impliquem que os pacientes recebam radiação ionizante durante um exame médico.

A investigação terá outras aplicações futuras?

RC - Certamente, a classificação de tumores da mama poderá ser conjugada com outros tipos de diagnóstico médico. Ou o mesmo tipo de algoritmos pode ser adaptado para diagnosticar outro tipo de doenças ou condições médicas.

Já tem outros projetos profissionais futuros definidos?

RC - O meu contrato como investigadora termina em dezembro de 2014 e o de professora em Agosto do mesmo ano. Tenho um projeto europeu - uma Ação COST para a qual fui [recentemente] nomeada chair– que visa criar uma rede de investigadores europeia que colaborará para desenvolver aplicações médicas na frequência de micro-ondas, assim como para agilizar processos de ensaios clínicos e de comercialização de novos equipamentos médicos. Este projeto europeu irá estender-se até novembro de 2017, portanto terei que durante o próximo ano procurar alternativas em termos de financiamento/instituição para poder continuar as minhas atividades como investigadora a partir de 2015.

Raquel Salgueira Póvoas, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura da FCUL
info.ciencias@fc.ul.pt
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As alterações climáticas amplificam as ondas de calor no continente antártico. Esta é a conclusão apresentada pelos cientistas Sergi González-Herrero, David Barriopedro, Ricardo M. Trigo, Joan Albert López-Bustins e Marc Oliva num artigo publicado na Communications Earth & Environment.

Alexandre M. Ramos, Francisco S. N. Lobo, Margarida D. Amaral e Sara C. Madeira

Alexandre M. Ramos, Francisco S. N. Lobo, Margarida D. Amaral e Sara C. Madeira são as personalidades da Faculdade distinguidas com os Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD) 2021. Os seus colegas Cláudio M. Gomes e Francisco Malta Romeiras também são agraciados nesta edição com menções honrosas. A cerimónia de atribuição destes prémios e menções honrosas acontece no próximo dia 28 de junho, no salão nobre da Reitoria da ULisboa.

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Qual é o nosso lugar no Universo? A resposta a esta e tantas outras questões encontra-se no livro do astrofísico David Sobral, que em 2015 descobriu a galáxia CR7, a mais brilhante do Universo, e que está disponível nas livrarias a partir desta terça-feira e tem lançamento marcado para esta quinta-feira, 19 de maio, pelas 18h30, no campus da Faculdade, no edifício C6, anfiteatro 6.1.36.

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O livro “ESPRESSO: Uma Aventura no Deserto de Atacama”, da autoria dos cientistas Alexandre Cabral  e Nuno Cardoso Santos, foi apresentado ao público numa cerimónia ocorrida no grande auditório da Faculdade no passado dia 14 de maio. A obra bilingue e gratuita dá a conhecer a aventura tecnológica e humana da construção do ESPRESSO, com fotografias e memórias criadas no deserto mais seco no mundo, no Chile.

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A principal conferência internacional dedicada aos fatores humanos em sistemas computacionais distinguiu com a classificação de melhor apresentação 25 papers, destaque para o paper "Investigating the Tradeoffs of Everyday Text-Entry Collection Methods" sobre as vantagens e desvantagens de vários métodos de introdução de texto.

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A XII edição da Jobshop Ciências 2022 - a feira anual de emprego da Ciências ULisboa realiza-se nos próximos dias 11 e 12 de maio, no campus da Faculdade, no Campo Grande. Cerca de 80 entidades participam nesta edição e poderão contactar diretamente os estudantes, graduados e pós-graduados da Faculdade em stands, workshops e sessões de recrutamento. Além de empresas, também participam no acontecimento unidades de I&D da Faculdade.

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Com foco na posição de Portugal em comparação com os restantes países europeus, a rubrica "Dados Contados" abordou temas como educação, desigualdade salarial, direitos LGBTQ+, impostos e imigração, entre outros, através de diversos indicadores estatísticos. Durante toda a produção, a autenticidade das fontes e a correta representação dos dados foram as duas principais preocupações.

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Depois de duas edições com atividades online, o Dia Aberto em Ciências regressa este ano às atividades presenciais. A investigação científica e o ensino vão estar no centro da programação, abrangendo todas as áreas científicas. São mais de 70 as atividades disponíveis, entre visitas a laboratórios, atividades científicas, palestras, speed dating com cientistas, visitas ao campus e conversas rápidas sobre os cursos.

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Os cientistas da Faculdade foram eleitos sócios honorários da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), juntamente com outras quatro personalidades, duas delas da ULisboa. Atualmente a SPM tem nove sócios honorários.

Jaime A. S. Coelho, professor convidado do Departamento de Química e Bioquímica e investigador do polo desta faculdade do Centro de Química Estrutural, foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) com o Prémio para Melhor Químico Orgânico Jovem 2021.

Alunos na biblioteca do C8

Os artigos da revista Astronomy & Astrophysics (A&A), uma das principais revistas científicas de Astronomia do mundo, já são publicados em acesso aberto, através do subscribe-to-open (S2O), um modelo de ciência aberta por assinatura.

5 quitones

Artigo científico publicado no Journal of Paleontology dá conta da descoberta em Portugal de duas novas espécies de moluscos marinhos do Pliocénico (há cerca de 3,6 Ma) . O cientista Carlos Marques da Silva é um dos autores deste trabalho.

pessoa a ver uma fotografia da exposição

Crónica sobre a exposição “De Lisboa para os Trópicos”, da autoria de Rúben Oliveira e Teresa Vaz, curadores da mostra e que a partir de 21 de abril e até 21 de junho vai estar em exibição no átrio do edifício C6, no campus da Faculdade.

Cinco oradores e vários alunos a assistir

A Matemática une. O tema das comemorações do Dia Internacional da Matemática 2022 reflete o espírito de quem organiza atividades de divulgação científica, na Faculdade e fora dela, e também de quem participa. Fique a par das atividades do IDM, e conheça a opinião de estudantes e professores.

Logotipo das comemorações do Dia da Faculdade

Após dois anos a comemorar um aniversário de forma remota, em 2022, a comunidade da Faculdade volta a reunir-se no grande auditório da Ciências ULisboa para celebrar os 111 anos da instituição, criada por decreto a 19 de abril de 1911. A cerimónia comemorativa acontece no próximo dia 27 de abril, a partir das 14h00.

Logotipo da olimpíadas

A semifinal das Olimpíadas de Química Mais (OQ+) e a semifinal das Olimpíadas de Química (OQ) Júnior acontecem, respetivamente, nos próximos dias 30 de abril e 7 de maio, no campus da Faculdade. Professores e estudantes do Departamento de Química e Bioquímica colaboram em ambos os eventos.

Mercado de Santa Clara

"A sustentabilidade económica e escalabilidade dos sistemas agroecológicos é um objetivo difícil de atingir, mas sem dúvida necessário", escreve Inês Costa Pereira, da equipa da Caravana AgroEcológica, a propósito do 4.ª Dia Aberto de Produtores.

Unidade de colimação

O grupo de Instrumentação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço  produziu nos laboratórios da Ciências ULisboa uma peça essencial para o sucesso da missão espacial PLATO, designada unidade de colimação. Segundo notícia publicada no site do IA, duas delas já estavam previstas no âmbito do consórcio, a terceira acontece por encomenda direta da Agência Espacial Europeia.

Barco

Eduardo Sampaio, aluno de doutoramento da Faculdade, participou num documentário em Cabo Verde a bordo de um barco chamado Captain Darwin, como conta nesta crónica. Este mês a Science também publica uma carta da sua autoria, a propósito de uma das aventuras vividas durante parte desta viagem.

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