Sustentabilidade social

Autonomia 21: um projeto de integração num laboratório da Faculdade

Ciências ULisboa participa no projeto da Pais 21, cujo objetivo é integrar jovens com Trissomia 21 no mercado de trabalho

João Pedro e Vera no laboratório

João Pedro Carvalho e Vera Souschek estão a estagiar num laboratório do BioISI

DCI Ciências ULisboa

Ciências ULisboa integrou recentemente o projeto “Autonomia 21”, um projeto da Associação Pais 21 - Down Portugal cujo objetivo é integrar jovens com Trissomia 21 (T21) no mercado de trabalho. O dinamizador desta ideia na Faculdade foi Federico Herrera, professor do Departamento de Química e Bioquímica (DQB) e investigador principal do Laboratório de Estrutura e Dinâmica Celulares do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI). No âmbito deste projeto, Ciências ULisboa recebeu dois jovens que estão neste momento a estagiar num dos laboratórios da Faculdade.

A Trissomia 21 ou Síndrome de Down caracteriza-se pela existência de um cromossoma adicional no 21.º par de cromossomas. Esta alteração genética advém de uma divisão celular atípica que produz um óvulo ou um espermatozoide com 24 cromossomas em vez de 23. Em consequência, o bebé desenvolve 47 cromossomas em vez de 46, como a maioria da população. 

Contrariamente ao que se pensa, esta não é uma condição rara, pois tem uma incidência relativamente grande. Atualmente estima-se que em Portugal a T21 tenha uma incidência na população de 1 a cada 1 000 nascimentos. Até há poucos anos o valor era de 1 para 600 bebés, informa a Pais 21 no seu site.

Em Portugal, o acesso ao Ensino Superior está vedado a pessoas com deficiência intelectual, impedindo-as de seguir o seu percurso académico, ao contrário do que acontece noutros países do mundo.

A Pais 21 é uma associação formada em 2008 por pessoas com T21, famílias e sociedade civil, que promove a informação e sensibilização da opinião pública para as questões relacionadas com esta condição genética, fornece apoio individualizado às famílias, e procura capacitar as pessoas com T21 com vista à sua autonomização e integração plena na sociedade.

De forma a responder a estes objetivos, e perante as dificuldades partilhadas pelas famílias no que diz respeito ao apoio disponibilizado pelas instituições sociais, a associação dinamiza várias atividades e grupos de apoio, nos quais crianças e jovens com T21 podem desenvolver as suas capacidades sociais e cognitivas.

Rita Avelino, tesoureira da associação e mãe de um jovem com T21, explica como surgiu a ideia para o projeto “Autonomia 21”. “No ano passado tínhamos jovens a acabar o 12.º ano, que não tinham solução”, conta, referindo-se à dificuldade em arranjar um emprego depois de concluída a escolaridade obrigatória. Foi desta vontade que nasceu o projeto, em 2022, ao qual se foram associando várias instituições e empresas, entre elas a Ciências ULisboa.

A associação inicia o processo de profissionalização dos jovens de forma individualizada, analisando os gostos, aptidões e expectativas de cada um. Rita Avelino diz que, ao contrário do que acontece na maioria das instituições, em que os cursos de formação são generalistas e pouco adaptados às necessidades de cada um, para a associação o foco está na pessoa.

O passo seguinte é confrontar esta análise com as possibilidades existentes no mercado de trabalho e as entidades parceiras disponíveis para receber estes jovens. Numa primeira fase, os participantes começam por fazer um estágio, com o objetivo de posteriormente vir a ser celebrado um contrato de trabalho com a entidade.

Em janeiro deste ano, o programa “A Nossa Tarde”, da RTP, filmou uma reportagem na Faculdade sobre este projeto, na qual a Vera é protagonista. A peça está disponível para visualização neste link a partir dos 35 minutos.

Na Ciências ULisboa, estão atualmente dois jovens a estagiar na Faculdade – o João Pedro Carvalho e a Vera Souschek – que se deslocam a um dos laboratórios do BioISI às quintas e sextas feiras, para um período de trabalho de duas horas. Ambos com o acompanhamento de uma psicóloga e de uma técnica de motricidade, o trabalho de adaptação é feito de forma progressiva e gradual, tendo em conta as necessidades e evolução de cada um.

O João Pedro e a Vera desenvolvem trabalho auxiliar de laboratório, tendo como tarefa principal preparar materiais para esterilização, preenchendo caixas com pontas de micropipetas. Andreia Barreto, estudante de doutoramento em Bioquímica, enfatiza a importância do trabalho da Vera – “ela está a fazer uma tarefa que tínhamos que fazer, porque precisamos das pontas para trabalhar a toda a hora, com a qual perdíamos muito tempo, e por isso é um trabalho muito útil para nós”.

Rita Avelino explica que quem tem esta condição tem tendência para ser muito meticuloso e tem muita facilidade em fazer este tipo de tarefas, mais simples, mas muito repetitivas, sem que isso os incomode ou demova. No entanto, devidamente acompanhadas e estimuladas, as pessoas com T21 têm capacidade para progredir e variar nas tarefas que desempenham.

Com um riso contagiante, João Pedro contou-nos a sua rotina à quinta-feira. Depois do trabalho na Faculdade, desloca-se de metro até à associação Pais 21, no Martim Moniz. Na associação desenvolve diversas atividades, entre elas tango, teatro e canto. Também a Vera se desloca até à associação, onde almoça e se encontra com os amigos. Está neste momento a participar num curso de dança ministrado pela companhia CiM, que desenvolve desde 2007 um trabalho de inclusão através da dança e imagem.

abraço entre João pedro e Margarida
“Adoro-te”, diz o João Pedro. “Eu também te adoro”, responde a Margarida. A cumplicidade entre ambos transparece nas palavras e no abraço, quando os fomos encontrar ao laboratório.
Fonte DCI Ciências ULisboa

Margarida Cunha, psicóloga que acompanha João Pedro, explica que o seu papel é de mediadora, entre a entidade, a associação e os pais. Atualmente acompanha o João Pedro nas vindas à Faculdade, para o ajudar na concretização das tarefas e na integração com os colegas do laboratório. “O objetivo é que ele seja o mais autónomo possível nas tarefas que faz - a cada semana estou com ele progressivamente menos tempo, vou desaparecendo até que deixarei de vir, porque ele tem capacidade para começar a vir sozinho”, afirma.

“A experiência está a ser muito boa, muito gratificante. É incrível porque todos os dias notamos uma evolução no João Pedro e ele fica radiante quando consegue fazer uma nova tarefa sozinho. Estamos todos muito felizes porque ‘isto’ é uma prova de que eles conseguem, que são capazes. Na Ciências ULisboa todos os colegas do laboratório o aceitaram muito bem e, por isso, este está a ser um contexto muito bom para trabalharmos a maturação do João Pedro.” Margarida Cunha

Para Rita Avelino, este é um projeto com inúmeras mais valias, tanto para as pessoas com T21 como para a sociedade em geral. A experiência de trabalho confere aos jovens mais autonomia e confiança, assim como desenvolve as suas capacidades sociais. Para a sociedade, a vivência com estas pessoas é muito gratificante pois lhes dá uma outra perspetiva sobre a deficiência intelectual.

armários com fotografias de materiais de laboratório, identificadas com cores
Os investigadores do laboratório criaram um sistema de identificação das pipetas com cores para facilitar o reconhecimento dos vários tamanhos e feitios dos materiais.
Fonte DCI Ciências ULisboa

“A maioria das pessoas não consegue conviver com pessoas com deficiência e, por isso, é bom para nós termos a oportunidade de aprender com a Vera, e percebermos como é que a devemos tratar, porque eu acho que por vezes há uma certa infantilização. Este é um bom projeto tanto para ela como para nós.” Andreia Barreto

Ao todo, participam neste projeto oito jovens, a trabalhar em cafés, restaurantes e jardins de infância, entre outros locais. Rita Avelino conta que o feedback dos pais destes jovens é muito positivo, pois denotam muita evolução na confiança e autonomia dos filhos na execução das tarefas diárias.

Federico Herrera afirma que “o projeto está a funcionar muito bem, e tem muitas possibilidades de futuro”. Para o investigador, esta experiência pode perfeitamente ser alargada a outros laboratórios da Faculdade, já que as tarefas que o João Pedro e a Vera desempenham são tarefas transversais a vários departamentos e centros de investigação.

Enquanto investigador e formador, o professor diz que o seu trabalho é formar cientistas – “neste caso continuamos a fazer exatamente a mesma coisa, mas agora também com pessoas com trissomia 21, alargando um pouco o espectro de pessoas que estamos a formar”, afirma. Como elemento nuclear da vida em sociedade, o trabalho é sinónimo de integração, explica. Neste sentido, “a ideia é usar o trabalho como local de integração, para pessoas com e sem deficiências. O laboratório não é só um local para fazer ciência, o laboratório é um local de formação e integração com muito potencial”.

trofeu
Troféu atribuído a Federico Herrera pela Faculdade no Dia de Ciências.
Fonte DCI Ciências ULisboa

“O laboratório não é só um local para fazer ciência, o laboratório é um local de formação e integração com muito potencial”. Federico Herrera

Manuela Pereira, professora do DQB e investigadora principal do Laboratório de Bioenergética do BioISI também envolvida no projeto, enfatiza a importância do trabalho da Vera – “Uma pessoa com o perfil da Vera conseguiria ser perfeitamente uma excelente técnica de laboratório de vários laboratórios de Bioquímica – é uma simbiose!”

O projeto “Autonomia 21”, abraçado inicialmente por Federico Herrera e posteriormente também por Manuela Pereira, permite à Ciências ULisboa atuar num dos pilares da sustentabilidade, o da sustentabilidade social, constituindo uma marca na relação entre a academia e a sociedade. Foi neste sentido que, no passado dia 19 de abril, durante o Dia de Ciências, foi atribuído ao professor Federico Herrera um reconhecimento pelo seu impacto na comunidade de Ciências ULisboa.

Marta Tavares, GJ Ciências ULisboa com Nuno Trindade, Comunicação BioISI
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
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Marta Lourenço, membro do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia, da Secção Autónoma de História e Filosofia das Ciências e subdiretora do Museu Nacional de História Natural e da Ciência foi galardoada com a Medalha George Sarton pela Universidade de Gent.

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O seminário integrado na disciplina de Agricultura e Florestas, do mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental, realiza-se dia 7 de maio, pelas 11h15, no edifício C2, 2.º piso, sala 2.2.14.

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Christoph Meyer começou a trabalhar no Centro de Biologia Ambiental de Ciências, em fevereiro de 2009. A estadia em Ciências tem corrido bem.

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Conferência no dia 29 de Maio, 12h00, sala 6.2.56, Edifício C6, FCUL, Campo Grande, Lisboa.

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Stefano Ruberto, Leonardo Vanneschi, Mauro Castelli & Sara Silva foram distinguidos com o best paper award for EuroGP 2014, durante a "17th European Conference on Genetic Programming", ocorrida entre 23 e 25 de abril, em Granada, Espanha.

A Biblioteca do Conhecimento Online, celebra o seu 10.º Aniversário

“Nestas formações, ensina-se, entre outros aspetos, a detetar situações de paragem cardiorrespiratória precocemente, a saber ligar o 112 rapidamente, sabendo dizer o que é importante, e iniciar manobras básicas, como compressões torácicas para manter alguma circulação e oxigenação dos órgãos vitais até à chegada de ajuda”, explicou o formador do INEM, Rui Rebelo.

The biosphere-atmosphere interactions mediate the largest exchanges in the global carbon cycle. Understanding the role of climate and other environmental factors on the carbon cycle of terrestrial ecosystems is key for assessing vulnerabilities and future feedback into the climate system.

A reportagem multimédia “Sonhar com o futuro” inclui testemunhos de candidatos ao ensino superior e que participaram na edição do ano passado do Dia Aberto.

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Os desafios que os novos mecanismos de financiamento suscitam apelam à criação de equipas multidisciplinares e complementares que incrementem o impacto da investigação desenvolvida.

Com o objetivo de mostrar as funções, tarefas e responsabilidades do cientista, o Departamento de Química e Bioquímica, o Departamento de Biologia Vegetal  e o IBEB receberam nos seus laboratórios 12 alunos do 12.º ano do Colégio São João de Brito.

Imagem editada pelo DI

O project Lusica e a contribuição para a exposição Retro Computing no 

Pormenor do cartaz do Programa de Estímulo à Investigação 2013

Entre 1994 e 2013, a Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu bolsas a 32 alunos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa ao abrigo do Programa de Estímulo à Investigação. Na última edição Alexandra Symeonides e Sara Realista foram as felizes contempladas.

Alexandra Symeonides

“A Fundação Calouste Gulbenkian, com este incentivo, está a permitir-me começar uma atividade de investigação na área da análise estocástica mas, sobretudo, está a permitir-me ganhar bagagem para vir a explorar esta área em projetos a outros níveis”, reforça a investigadora do Grupo de Física Matemática da Universidade de Lisboa.

“Toda a minha formação académica - licenciatura e mestrado -, ocorreu na Faculdade e foi sem dúvida esta instituição que contribuiu para a obtenção deste prémio. Proporcionou-me os melhores ensinamentos tanto a nível pessoal como a nível científico, tendo em conta os excelentes profissionais que nela estão inseridos”, declara a cientista Sara Realista.

NASA, ESA, Hubble Heritage (STScI/AURA)-ESA/Hubble Collaboration, e A. Evans (University of Virginia, Charlottesville/NRAO/Stony Brook University)

O projeto internacional de “ciência cidadã” consiste numa plataforma online pioneira, que procura o envolvimento do público na classificação visual de milhões de galáxias.

Estudante de Ciências na biblioteca do C4

Entre os dias 14 a 21 de abril de 2014, inclusive, a biblioteca do C4 está aberta entre as 9h00 e as 17h00.

No total, contabilizaram-se 64.082 visitantes, entre estudantes, recém-licenciados e profissionais, uma subida de 19% face à edição anterior que registou 54.337 visitantes.

Pormenor gráfico do projeto NAADIR

A exposição está em exibição até 29 de junho de 2014.

O Departamento de Química e Bioquímica de Ciências acolheu, mais uma vez, a realização de provas semifinais das Olimpíadas de Química Júnior 2014, no sábado, 5 de abril de 2014.

Imagens editadas pelo DI

De acordo com Luís Correia, professor do Departamento de Informática de Ciências, a inovação poderá levar à criação de robôs ou dispositivos, que interajam com animais que funcionam em coletivos, como rebanhos.

O seminario "Técnicas Geomáticas para o Património Cultural e Natural" realiza-se a 10 de abril de 2014, entre as 12h00 e as 13h00, no edifício C8, sala 8.2.47, no campus de Ciências.

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Vivemos um momento histórico no mundo da energia: da depleção dos recursos fósseis às alterações do clima, do impacte das renováveis ao re-desenhar dos sistemas de energia e das políticas públicas, tudo se discute num ambiente

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"Vem descobrir o mundo dos Quarks e Leptões com acontecimentos reais". Este é o mote da 10.ª edição das Masterclasses Internacionais em Física de Partículas.

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