Proceedings of the Royal Society B

Aquecimento global está a separar casais de albatrozes

Subida da temperatura do mar é fator preponderante na taxa de “divórcios” da espécie de albatroz-de-sobrancelha de New Island

 albatrozes-de-sobrancelha

O albatroz-de-sobrancelha habita as águas costeiras do sul do Brasil, as ilhas Malvinas e a Geórgia do Sul

JPG

Um estudo liderado por um estudante do doutoramento em Biologia e Ecologia das Alterações Globais sobre a influência da temperatura da água do mar nos “divórcios” de uma população de albatrozes demostrou, pela primeira vez, uma influência direta do meio ambiente nas taxas de separação desta espécie monogâmica.

A investigação, realizada nas ilhas Malvinas, destaca a forma como as condições ambientais, nomeadamente as alterações ligadas ao aquecimento global, podem ter consequências nas populações de animais selvagens.

Environmental variability directly affects the prevalence of divorce in monogamous albatrosses” é o título do artigo publicado na edição de novembro da revista científica Proceedings of the Royal Society B.

Os professores José Pedro Granadeiro e Paulo Catry são os orientadores de Francesco Ventura.

São cinco os investigadores que integram a equipa deste estudo. Francesco Ventura, estudante de doutoramento em Biologia e Ecologia das Alterações Globais e investigador no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), polo Ciências ULisboa, é o primeiro autor.

José Pedro Granadeiro, professor do Departamento de Biologia Animal e investigador no CESAM Ciências ULisboa; Paul M. Lukacs, investigador da W. A. Franke College of Forestry and Conservation da Universidade de Montana, nos EUA; Amanda Kuepfer, investigadora do South Atlantic Environmental Research Institute, nas ilhas Malvinas; Paulo Catry, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), polo do ISPA – Instituto Universitário, também assinam o artigo.

A monogamia social é uma prática muito comum em aves, sendo que os albatrozes são conhecidos por formarem os casais mais fiéis e longevos do reino animal. Contudo, embora a uma taxa reduzida, os “divórcios” são uma realidade e, no caso do albatroz-de-sobrancelha de New Island, nas ilhas Malvinas, são mais frequentes em anos com temperaturas da superfície do mar mais elevadas. O albatroz-de-sobrancelha habita as águas costeiras do sul do Brasil, as ilhas Malvinas e a Geórgia do Sul.

Usando uma base de dados onde foram registando o destino de cerca de 500 casais de albatrozes ao longo de quase duas décadas, os cientistas monitorizaram a ocorrência de eventos de “divórcio”, ou seja, casos em que ambos os membros de um par previamente estabelecido estavam vivos na colónia, mas pelo menos um deles se encontrava a nidificar com um novo parceiro. Os investigadores descobriram que a taxa anual de separação variou substancialmente no tempo, flutuando entre 1% e 8% de ano para ano. Os resultados da análise sugeriram, desde o início, que estas variações se deviam às mudanças das condições ambientais enfrentadas pelos albatrozes reprodutores.

O artigo já recebeu atenção por parte dos media, tendo o assunto sido alvo de várias notícias em mais de 50 canais de comunicação, com destaque também para o artigo publicado na Wilder.

O estudo da monogamia social e do “divórcio” em aves tem uma longa história e têm sido propostas muitas hipóteses para explicar a razão que leva esses animais a separarem-se. Em geral, é considerada uma estratégia para corrigir as parcerias subótimas, sendo desencadeado por falhas em tentativas de reproduções anteriores. Em geral o “divórcio” é iniciado pelas fêmeas, que deixam o ex-parceiro para se reproduzirem com um parceiro "melhor".

Paulo Catry, coordenador do estudo sobre albatrozes nas ilhas Malvinas, explica que o sucesso reprodutor não é suficiente para explicar todas as separações: “É verdade que casais que falham uma tentativa de reprodução são cinco vezes mais propensos a divorciarem-se. No entanto, muitos casais que não tiveram sucesso permaneceram juntos e alguns que tiveram sucesso divorciaram-se de qualquer forma".

Os modelos estatísticos usados nesta investigação mostram que independentemente do sucesso anterior, os casais de albatrozes são consistentemente mais propensos a divorciarem-se em anos caracterizados por temperaturas da superfície do mar mais elevadas. As temperaturas da superfície do oceano são consideradas indicadores úteis da disponibilidade de alimento para as aves marinhas, com temperaturas mais baixas propiciando águas ricas em nutrientes e mais produtivas, e temperaturas mais altas indicando condições de poucos recursos.

Francesco Ventura e a equipa já sabiam que os albatrozes-de sobrancelha de New Island têm mais dificuldade em reproduzir-se com sucesso em temporadas com águas mais quentes, mas agora têm provas. “O nosso estudo representa a primeira evidência quantitativa de um impacto direto do meio ambiente no divórcio”, diz.

albatroz
Colónia de albatrozes-de-sobrancelha
Fonte JPG

“Isto fez-nos pensar sobre as várias formas, não imediatamente óbvias, pelas quais as mudanças ambientais e climáticas podem afetar as populações selvagens.”
Francesco Ventura

José Pedro Granadeiro aponta duas explicações possíveis para a ocorrência destas situações. “Em anos maus, os custos de reprodução são maiores e isso pode fazer com que os albatrozes precisem de mais tempo para se prepararem para a estação reprodutora seguinte, chegando mais tarde e de forma assíncrona à colónia de nidificação o que, em última instância, leva a que se divorciem com maior frequência”, conta, acrescentando que, "em anos mais difíceis, as aves têm mais dificuldades em encontrar alimento, e podem ter níveis mais elevados de hormonas de stress. Se um membro do casal, provavelmente a fêmea, atribuir erroneamente o seu próprio stress a um mau desempenho do parceiro nos cuidados parentais, isso pode também levar à rutura de uma relação de casal".

CESAM com ACI Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Henrique Leitão e Gracinda Gomes

Os cientistas da Faculdade foram eleitos sócios honorários da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), juntamente com outras quatro personalidades, duas delas da ULisboa. Atualmente a SPM tem nove sócios honorários.

Jaime A. S. Coelho, professor convidado do Departamento de Química e Bioquímica e investigador do polo desta faculdade do Centro de Química Estrutural, foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) com o Prémio para Melhor Químico Orgânico Jovem 2021.

Alunos na biblioteca do C8

Os artigos da revista Astronomy & Astrophysics (A&A), uma das principais revistas científicas de Astronomia do mundo, já são publicados em acesso aberto, através do subscribe-to-open (S2O), um modelo de ciência aberta por assinatura.

5 quitones

Artigo científico publicado no Journal of Paleontology dá conta da descoberta em Portugal de duas novas espécies de moluscos marinhos do Pliocénico (há cerca de 3,6 Ma) . O cientista Carlos Marques da Silva é um dos autores deste trabalho.

pessoa a ver uma fotografia da exposição

Crónica sobre a exposição “De Lisboa para os Trópicos”, da autoria de Rúben Oliveira e Teresa Vaz, curadores da mostra e que a partir de 21 de abril e até 21 de junho vai estar em exibição no átrio do edifício C6, no campus da Faculdade.

Cinco oradores e vários alunos a assistir

A Matemática une. O tema das comemorações do Dia Internacional da Matemática 2022 reflete o espírito de quem organiza atividades de divulgação científica, na Faculdade e fora dela, e também de quem participa. Fique a par das atividades do IDM, e conheça a opinião de estudantes e professores.

Logotipo das comemorações do Dia da Faculdade

Após dois anos a comemorar um aniversário de forma remota, em 2022, a comunidade da Faculdade volta a reunir-se no grande auditório da Ciências ULisboa para celebrar os 111 anos da instituição, criada por decreto a 19 de abril de 1911. A cerimónia comemorativa acontece no próximo dia 27 de abril, a partir das 14h00.

Logotipo da olimpíadas

A semifinal das Olimpíadas de Química Mais (OQ+) e a semifinal das Olimpíadas de Química (OQ) Júnior acontecem, respetivamente, nos próximos dias 30 de abril e 7 de maio, no campus da Faculdade. Professores e estudantes do Departamento de Química e Bioquímica colaboram em ambos os eventos.

Mercado de Santa Clara

"A sustentabilidade económica e escalabilidade dos sistemas agroecológicos é um objetivo difícil de atingir, mas sem dúvida necessário", escreve Inês Costa Pereira, da equipa da Caravana AgroEcológica, a propósito do 4.ª Dia Aberto de Produtores.

Unidade de colimação

O grupo de Instrumentação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço  produziu nos laboratórios da Ciências ULisboa uma peça essencial para o sucesso da missão espacial PLATO, designada unidade de colimação. Segundo notícia publicada no site do IA, duas delas já estavam previstas no âmbito do consórcio, a terceira acontece por encomenda direta da Agência Espacial Europeia.

Barco

Eduardo Sampaio, aluno de doutoramento da Faculdade, participou num documentário em Cabo Verde a bordo de um barco chamado Captain Darwin, como conta nesta crónica. Este mês a Science também publica uma carta da sua autoria, a propósito de uma das aventuras vividas durante parte desta viagem.

José Ribeiro, Pedro Machado e João Dias

Um estudo do IA Ciências ULisboa analisa observações da luz infravermelha dos planetas Vénus, Marte e Júpiter comparando-as com simulações do Planetary Spectrum Generator. Artigo inclui entrevista com o autor principal do artigo, alumnus da Faculdade.

Musaranho

O musaranho-de-dentes-brancos (Crocidura russula) está em expansão na Europa e foi identificado como tendo um carácter invasor em algumas ilhas, nomeadamente na Irlanda.Segundo comunicado de imprensa pulicado esta segunda-feira no EurekAlert!, a descoberta é feita por um grupo de investigadores do CESAM Ciências ULisboa e do Institute of Environmental Biology da Adam Mickiewicz University, na Polónia.

Mesa de trabalho com computador e utilizador

O redesenho do portal é um projeto da responsabilidade da Direção, Direção de Serviços Informáticos, Gabinete de Gestão de Informação e Departamento de Informática (DI). No âmbito desta iniciativa, Carlos Duarte, professor do DI Ciências ULisboa e membro da equipa, convida os utilizadores do portal a participar num breve estudo.
 

ETAR

A eficiência de remoção da carga do vírus responsável pela COVID-19 nos processos de tratamento das águas residuais em Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) é uma das conclusões mais relevantes do projeto de investigação SARS Control.

microscópio

Ciências ULisboa participou na Semana Internacional do Cérebro com palestras e demonstrações em laboratório. A cientista Diana Cunha-Reis destaca a importância da atividade no que diz respeito à partilha da interdisciplinaridade existente na Faculdade junto de alunos do ensino secundário.

Sara Carvalhal no laboratório

Sara Carvalhal, investigadora no Algarve Biomedical Center Research Institute, na Universidade do Algarve, e alumna da Ciências ULisboa, é uma das quatro jovens cientistas portuguesas distinguidas na 18.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência.

painel de oradores e participantes

Ciências ULisboa recebeu a visita de uma delegação de representantes do ISIS Neutron & Muon Source, um laboratório pertencente ao Science and Technology Facilities Council, localizado em Oxfordshirek, no Reino Unido, e considerado de excelência a nível mundial.

Fotografia do edifício C2 Ciências ULisboa

Os membros do Conselho de Escola e do Conselho Científico da Ciências ULisboa tomaram posse esta quarta-feira, dia 23 de março, na sequência do processo eleitoral ocorrido em fevereiro e março deste ano. Para mais informações sobre as competências destes órgãos, sugere-se a consulta dos estatutos da Faculdade.

Edna Correia com uns binóculos a olhar para o horizonte

Edna Correia, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), doutorada em Biologia e Ecologia das Alterações Globais pela Ciências ULisboa, é uma das quatro jovens cientistas portuguesas distinguidas na 18.ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência.

Tubarão

A iniciativa de cidadania europeia “Stop Finning – Stop the Trade” tem como objetivo o término da União Europeia como uma importante plataforma de trânsito para o comércio mundial de barbatanas. "Face à atual legislação, o finning foi vetado em 2003. Porém, o massacre continua", escreve Madalena Sottomayor, aluna de mestrado em Biologia da Conservação da Ciências ULisboa.

trevos-brancos

Um estudo - colaborativo e sem precedentes -, liderado por biólogos evolucionistas da Universidade de Toronto Mississauga, no Canadá, capa da Science esta sexta-feira, dia 18 de março, mostra como a urbanização está a influenciar a evolução de plantas no mundo. A investigação desenvolveu-se no âmbito do Global Urban Evolution Project e contou com a participação de quase 300 investigadores e estudantes universitários, entre eles membros da Ciências ULisboa e do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

planta e ácaros

Inês Fragata, investigadora do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e do grupo de Ecologia Evolutiva do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, é uma das cientistas distinguidas com uma bolsa do European Research Council (ERC) Starting, no valor de cerca de 2M€, no âmbito do projeto “Feedback entre a dinâmica populacional e a evolução das interações num sistema tritrófico” (DYNAMICTRIO).

João Vieira e Ivo Canela

Na Póvoa, no Cadaval, distrito de Lisboa, João Vieira, octogenário, emigrante, técnico agrícola e um entusiasta da Agroecologia, lidera um grupo informal que promove variedades crioulas de sementes, que têm vindo a desaparecer desde a sua juventude. Ivo Canelas com Rebeca Mateus, da HortaFCUL, escrevem sobre a necessidade de adotar técnicas agrícolas mais eficientes, combatendo a monopolização da agricultura.

Participantes na EVT 2013, que também tinham participado no Encontro do Vimeiro em 1983

"Ross Leadbetter era amigo verdadeiro dos seus amigos, entre os quais me encontro, e é um dos gigantes da área de Valores Extremos (...)", escreve Maria Ivette Leal de Carvalho Gomes, professora emérita do DEIO Ciências ULisboa, na sequência do falecimento do professor emérito da University of North Carolina at Chapel Hill e doutor honoris causa da ULisboa.

Páginas