Opinião

Prémio Nobel da Física 2020

Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez

Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez

Nobel Media Nicklas Elmehed

A área da Astrofísica, Gravitação e Cosmologia voltou a ser distinguida pela Academia Nobel ao conceder o Prémio Nobel da Física a sir Roger Penrose, "pela descoberta de que a formação de buracos negros é uma previsão robusta da teoria geral da relatividade”, e a Reinhardt Genzel e Andrea Ghez,"pela descoberta de um objeto compacto supermassivo no centro de nossa galáxia".

Trata-se da terceira distinção nos últimos quatro anos em tópicos nos quais a teoria da gravitação de Einstein ocupa um papel central. Em 2017 as ondas gravitacionais, em 2019 a cosmologia, e este ano, finalmente, os buracos negros. Foi preciso um século para que a ciência e a tecnologia pudessem confirmar a maior parte das previsões audazes da relatividade geral, desde a deflexão dos raios luminosos e atraso gravitacional, até aos buracos negros e ondas gravitacionais. A teoria contribuiu com uma cosmologia baseada em observações que nos propõe um Universo em expansão e em contínua mutação e mesmo, na sociedade, com a sua intervenção no sistema GPS.

O primeiro buraco negro descoberto foi encontrado na constelação do cisne, sendo detetado graças à emissão copiosa nos raios-X. A procura de buracos negros culminou na extraordinária obtenção da primeira imagem de um buraco negro numa galáxia distante com o Event Horizon Telescope, revelada em abril de 2019 e que recentemente se tornou num filme.

Este ano a Academia decidiu homenagear um dos teóricos mais distintos dos últimos 60 anos, o matemático e físico sir Roger Penrose, parceiro de Stephen Hawking na obtenção dos teoremas sobre singularidades e buracos negros no quadro do espaço-tempo da gravitação. Atribuiu também o prémio aos astrónomos que revelaram a presença de um buraco negro extremamente massivo na região central da Via Láctea. As técnicas observacionais e o fundamento dos trabalhos das equipas lideradas por Reinhardt Genzel e Andrea Ghez foram extremamente inovadores e concentraram posteriormente os esforços de deteção dos buracos negros nas zonas correspondentes de outras galáxias. Foi numa delas que se observou a imagem do Event Horizon.

No caso da distinção a Penrose, podemos especular se não se terá tratado também de uma confirmação póstuma da contribuição de Hawking, sendo conhecido que a Academia só contempla previsões teóricas após a evidencia experimental. Deve-se entretanto reconhecer que devemos a Penrose o desenvolvimento de ferramentas matemáticas de enorme importância para a caracterização dos buracos negros e das singularidades, nomeadamente, os famosos diagramas de Penrose.

Em Portugal o estudo dos buracos negros e de objetos cósmicos extremos tem vindo a ser desenvolvido com notável sucesso pelos grupos de investigação da ULisboa - Centro de Astrofísica e Gravitação (CENTRA) e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) - e pelo grupo da Universidade de Aveiro.

Na Ciências ULisboa, na vertente da teoria, investigadores do IA têm produzido trabalho, inovador e com reconhecimento internacional, sobre wormholes e superfícies ditas trapped, tanto no quadro da teoria da Relatividade Geral como no de teorias da gravitação que generalizam a teoria de Einstein (Francisco Lobo, José Pedro Mimoso, Nelson Nunes, António da Silva, Ismael Tereno, Tiago Barreiro, Andrew Liddle, Noemi Frusciante, Giuseppe Fanizza, Claudio Llinares, Marina Cortês e estudantes, que na sua maior parte participam na missão LISA, com o objetivo de detetar ondas gravitacionais: estas resultam de acontecimentos cataclísmicos, tais como a colisão de dois buracos negros). Por outro lado, no sector das observações, quer no IA quer no CENTRA, vários investigadores participam nas principais equipas internacionais envolvidas na deteção de buracos negros e no seu estudo (no IA, José Afonso, Israel Matute, Ciro Pappalardo e estudantes de doutoramento participam na identificação de buracos negros supermassivos nas primeiras galáxias do Universo, e no estudo da sua evolução, recorrendo a observações com alguns dos telescópios mais poderosos, como o ALMA; e, no CENTRA, António Amorim, Paulo Garcia, André Moitinho e colaboradores participam no consórcio Gravity associado ao laureado Reinhardt Genzel que tem tido um papel único na observação do buraco negro gigante no centro da nossa galáxia bem como em outras missões internacionais de grande relevo tais como a missão GAIA).

O futuro próximo apresenta-se assim auspicioso: as notícias que a Astronomia nos proporciona confirmam-nos, por um lado, um Universo cheio de objetos muito exóticos e de fenómenos intrigantes, mas, por outro lado, que as leis que a Ciência nos vai revelando aqui na Terra regem esse Universo e abrem a perspetiva de o irmos conhecendo melhor.

José Pedro Mimoso e Nelson Nunes com José Afonso e António Amorim, Departamento de Física Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

O projeto “Caixa Sismológica”, do Agrupamento D. Maria II, com sede na Escola Básica e Secundária Gama Barros, no Cacém, venceu o concurso internacional “Ciência na Escola”, 1.º escalão – Educação Pré-escolar, promovido pela Fundação Ilídio Pinho. Neste escalão do concurso, participaram 48 projetos, dos quais só 12 chegaram à fase final, em Coimbra.

Após perto de dez anos de planeamento e construção, o espectrógrafo ESPRESSO vai ser instalado no Very Large Telescope, do ESO, no Chile. O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço é um dos membros do consórcio, pelo que terá acesso a 273 noites de observação com o VLT.

Cerca de 360 pessoas estiveram presentes na sessão Ignite IAstro e que integrou o programa do XXVII Encontro Nacional de Astronomia e Astrofísica. Em outubro a digressão ruma até à Ribeira Grande, nos Açores.

Os autores do artigo apresentam a história evolutiva de duas espécies de lagartos endémicos da Austrália - Carlia triacanth e Carlia johnstonei - revelando como se adaptaram a alterações climáticas do passado.

Com o fortalecimento da Aprendizagem (Machine Learning), a escola clássica da Inteligência Artificial ou IA (Good Old Fashion AI, GOFAI), apoiada em sistemas simbólicos, ficou entrincheirada. O livro mais recente do professor Hector Levesque, “Common Sense, the Turing Test, and the Quest for Real AI”, da MIT Press (2017), vem ajudar a não esquecermos o que a IA nos tem ensinado, ano após ano, acerca da mente, e, em particular, que o pensamento é um processo computacional. Como pode, então, a computação iluminar o pensamento?

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de agosto é com Cristina Manessiez, técnica superior da Biblioteca de Ciências.

Investigadores de Ciências e do Instituto Universitário de Lisboa desenvolvem hardware capaz de resolver tarefas robóticas, em contexto real, em menos tempo do que o alcançado até então. Os resultados foram publicados na revista científica Royal Society.

Em 2017 os Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos foram atribuídos a Vladimir Konotop e Ricardo Trigo. O ano passado foi a vez de Henrique Cabral e Eric Font. Ainda não é conhecida a data da cerimónia pública de entrega das referidas distinções.

Na lista de artigos e livros notáveis da ACM Computing Reviews, a Best of Computing, encontram-se publicações de professores e investigadores do Departamento de Informática de Ciências.

grupo de participantes

Alunos do ensino secundário participaram em projetos de investigação na Faculdade de Ciências da ULisboa. O culminar da atividade deu-se com um Congresso Científico, onde os "novos cientistas" apresentaram os resultados do trabalho realizado.

A palestra "Por que não anda o tempo para trás?” acontece dia 29 de julho, pelas 21h30, no Planetário Calouste Gulbenkian, Centro Ciência Viva de Belém.

Durante duas semanas, estudantes do ensino básico e secundário conheceram o ambiente da Faculdade e os métodos de trabalho dos cursos aqui lecionados.

“Tina dos Tsunamis” ocorreu no passado dia 29 de junho, durante o campo de férias Exploradores, com um grupo de 25 crianças, entre os 7 e os 14 anos do bairro do 2.º Torrão, em Almada.

Para compreendermos as capacidades de cada um de nós é preciso entender como as células nervosas se comportam e como interatuam entre si, isto é, pode sempre existir uma outra hipótese que consiga explicar um pouco mais. E, existem sempre os factos e as interpretações.

A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa organiza de 24 a 28 de julho de 2017 a 4.ª edição do “Ser Cientista”.

No próximo ano letivo Ciências apresenta três novos cursos: Biologia dos Recursos Vegetais, Cultura Científica e Divulgação das Ciências e Data Science.

Preparado para mineração nos fundos marinhos profundos? E para viver sem telemóvel? Venha visitar a exposição Mar Mineral e compreender a relação.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de julho é com Andreia Santos, técnica superior do Gabinete de Apoio Psicopedagógico (GAPsi) da Área de Mobilidade e Apoio ao Aluno de Ciências.

O primeiro mestrado em Gestão e Governança Ambiental da Universidade Agostinho Neto foi frequentado por 24 alunos. Os primeiros dez estudantes apresentaram as teses em maio, numa cerimónia que contou com a presença de Maria de Fátima Jardim, ministra de Ambiente de Angola. As próximas defesas deverão ocorrer em outubro.

Em 2017, o Prémio Bronstein foi atribuído a Mercedes Martín-Benito, investigadora do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em reconhecimento pelo seu importante contributo para a Cosmologia Quântica em Loop.

Em 2017 a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa acolhe o IV Encontro Internacional da Casa das Ciências, que ocorre entre 10 e 12 de julho.

“Foi um tempo para ficar apaixonada pelo estudo, investigação, conhecimento e sua aplicação na nossa vida diária”, conta a antiga aluna de Ciências, professora de Biologia e Geologia na Escola na Escola Secundária de Raul Proença, em Caldas da Rainha, Maria de Matos.

Ciências fez parte do roteiro da viagem de finalistas de uma turma de 9.º da Escola Básica Integrada Francisco Ferreira Drummond.

A unidade curricular Projeto Empresarial contou, em 2017, com a participação de nove alunos de mestrado de Ciências e 38 alunos da licenciatura de Finanças do ISCTE-IUL. Na sessão final de apresentação dos trabalhos desenvolvidos, o projeto Ecovital distinguiu-se.

Se olharmos bem para os seres humanos, capazes de sentir, pensar e sonhar, de criar, interpretar e compreender ideias, teorias e conceitos, perguntamos como a matéria de que são feitos foi então capaz de dar origem a estados mentais, incluindo mesmo a faculdade de consciência? A resposta a esta questão está cada vez mais ao alcance da consiliência (síntese), entre as neurociências, a psicologia, a robótica, e a inteligência artificial (aprendizagem).

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