Anfíbios da Serra da Estrela em risco

Lagoa dos Cântaros, na Serra da Estrela, um dos locais onde se realizou o estudo

Madalena Madeira

Gonçalo M. Rosa concluiu em Ciências a licenciatura em Biologia Ambiental variante Terrestre e o mestrado em Biologia da Conservação. Rui Rebelo, coautor do presente estudo, professor do Departamento de Biologia Animal e investigador do cE3c foi seu orientador de mestrado e coorientador do doutoramento obtido no Instituto Durrell de Conservação e Ecologia da Universidade de Kent, no Reino Unido.

As populações de várias espécies de anfíbios na Serra da Estrela estão a diminuir drasticamente, devido a uma infeção por uma nova estirpe de vírus, também já detetado noutras partes de Espanha e da Europa, segundo comunicado de imprensa emitido recentemente pelo cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

"Os vírus do género Ranavirus encontram-se um pouco por todo o mundo, sendo capazes de infetar vários grupos de animais, desde peixes a répteis e anfíbios. Mas diferentes estirpes têm diferentes graus de virulência, e aquele que circula na Serra da Estrela pertence a um grupo hiper virulento chamado CMTV-Ranavirus. Esta nova estirpe tem sido responsável pela morte anual em massa de várias espécies de anfíbios, semelhante ao que foi registado no norte de Espanha", explica Gonçalo M. Rosa, investigador do cE3c, do Instituto Durrell de Conservação e Ecologia da Universidade de Kent e da Sociedade Zoológica de Londres, ambos no Reino Unido.

Impact of asynchronous emergence of two lethal pathogens on amphibian assemblages” é da autoria de Gonçalo M. Rosa, Joana Sabino-Pinto, Telma G. Laurentino, An Martel, Frank Pasmans, Rui Rebelo, Richard A. Griffiths, Anke C. Stöhr, Rachel E. Marschang, Stephen J. Price, Trenton W. J. Garner & Jaime Bosch e foi publicado online na “Scientific Reports”, a 27 de fevereiro.

Gonçalo M. Rosa lidera o estudo de monitorização que se seguiu ao primeiro alerta de 2009 e que se mantém até hoje. Há cerca de oito anos foram encontrados centenas de sapos-parteiro (Alytes obstetricans) mortos numa das lagoas do Parque Natural da Serra da Estrela devido a uma infeção por quitrídio (Batrachochytrium dendrobatidis), um fungo microscópico que afeta as populações desta espécie de anfíbio, mas cujos efeitos continuam a estar limitados a altitudes elevadas e ao sapo-parteiro (Alytes obstetricans). No outono de 2011 surgiu um novo episódio de mortalidade que contrastou com todos os padrões observados até então: um evento que afetou não só os sapos-parteiro como todas as outras espécies de anfíbios que habitavam um charco perto da vila de Folgosinho. Os testes aos animais mortos revelaram que não se tratava de infeção por quitrídio mas sim por uma nova estirpe de ranavírus, detetada em todas as espécies analisadas.

Estes resultados vêm alterar o paradigma atual, segundo o qual o quitrídio é apontado como o principal patógeno associado à crise dos anfíbios: enquanto que os efeitos do quitrídio continuam a estar limitados a altitudes elevadas e ao sapo-parteiro (Alytes obstetricans), o ranavírus é altamente virulento em múltiplas espécies e estágios de vida, e a diferentes altitudes. Os investigadores não encontraram evidências significativas de que a pré-existência de quitrídios estivesse associada à emergência de ranavírus.

Hoje em dia é possível tratar em laboratório casos de infeção com quitrídio, essa não é ainda uma realidade para a ranavirose. Este é assim de um desafio urgente para a conservação dos anfíbios.

"Não sabemos como tratar indivíduos com ranavirose nem como mitigar ainda o problema no campo.”
Gonçalo M. Rosa


Gonçalo M. Rosa em trabalho de campo
Fonte Madalena Madeira

 

Marta Daniela Santos, cE3c, com ACI Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Nuno Araújo, presidente do Departamento de Física de CIÊNCIAS

Evento revelou projetos de doutoramento a empresas

Gerhard Dorn, investigador da Universidade de Tecnologia de Graz, na Áustria, veio à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS) explicar como é que o ensino da matemática pode mudar para produzir melhores resultados numa

Edifício C5

Número de investigadores citados voltou a aumentar em 2024

Empresa sediada no Tec Labs vai fazer testes em modelos animais

Unite!Widening pretende promover as melhores práticas na gestão da ciência

Candidaturas para profissionais administrativos terminam a 21 de setembro 

Ilustração de buraco negro

Os dados do Quasar RACS J0320-35 abriram novas pistas teóricas

Feira dos Núcleos de Estudantes

Feira registou estreia de três novos núcleos de estudantes 

Fotografia de grupo dos estudantes

CIÊNCIAS recebeu este mês 115 alunos em mobilidade, que irão estudar na nossa faculdade no primeiro semestre do ano letivo 2025/2026.

Foto da Reitoria da ULisboa vista a partir da Alameda da Cidade Universitária.

A Universidade de Lisboa (ULisboa) consolidou a sua posição como a instituição portuguesa mais bem classificada no Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities 2025 da National Taiwan University (NTU), figurando entre as 200 melhores do mundo.

Miguel Pinto, doutorando de CIÊNCIAS

Doutorando de CIÊNCIAS vai pôr à prova teoria alternativa durante passagem pelos EUA 

Bolsas de apoio a estudos e investigação variam entre €1000 e €1500

Luís Carriço, diretor de CIÊNCIAS

Luís Carriço, diretor de CIÊNCIAS, revela as expectativas para o novo ano letivo 

Grande auditório no arranque do ano letivo

Cerimónia juntou alunos no Grande Auditório para o início do novo ano

Manuel Martinho, vice-campeão europeu universitário de Taekwondo

Atleta de Taekwondo já aponta ao campeonato do mundo... e ao mestrado de Tecnologias da Informação!

Fachada de CIÊNCIAS

A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS) vai arrancar o novo ano letivo de 2025/2026 com uma reformulação nos departamentos.

Divulgação de temas científicos

Museu de História Natural e Jardim Botânico agregam maioria das atividades

Céu

CIÊNCIAS ULisboa lamenta o triste acontecimento e apresenta as condolências aos seus familiares, amigos, colegas e antigos estudantes.

Vista do cabo de São Vicente

Estudo internacional com participação da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS) traz nova explicação para os grandes sismos que afetaram Lisboa em 1755 e 1969.  

Reitoria da ULisboa

A Universidade de Lisboa está entre as 300 melhores universidades do mundo, segundo o mais antigo, influente e conceituado ranking mundial

Sete cientistas dão sugestões de verão

Dos passadiços aos meteoros, passando por livros e geocaching, ninguém fica de fora

Afonso Ferreira, investigador de CIÊNCIAS e MARE

Jovem investigador de CIÊNCIAS distinguido por estudo sobre fitoplâncton da Antártida

Ismael Tereno, professor de CIÊNCIAS

Missão da ESA pode ajudar a revelar alguns dos mistérios do Universo

Atuns-rabilho do Atlântico são capturados numa pescaria

Estudo prevê mudanças significativas na distribuição das principais espécies de atum no Oceano Atlântico

Telescópio de 3,6 metros do Observatório de La Silla

Investigadores de CIÊNCIAS criaram dispositivo de correção de dispersão cromática

O Ser Cientista recebeu 75 jovens do Secundário

Programa Ser Cientista juntou 75 jovens à volta de 17 projetos laboratoriais

Páginas