Geração de 1949: Carlos Nieto de Castro

Carlos Nieto de Castro

Em entrevista, Carlos Nieto de Castro diz que as empresas devem aproveitar o know how nacional para terem maior sucesso e criarem novos produtos e processos

GICD DCI Ciências ULisboa

“Todos os dias estamos a avançar no conhecimento.”
Carlos Nieto de Castro

Carlos Nieto de Castro chegou à Faculdade em 1982 com a missão de criar uma escola de Termodinâmica e Processos de Transporte. Em abril de 2019 jubilou-se. Ainda assim, o seu trabalho enquanto investigador continua: todos os dias úteis chega à Faculdade pelas 8h30/9h00.

“Quando vim para cá encontrei pessoas que ajudaram a criar dentro da faculdade as primeiras licenciaturas científico-tecnológicas”, diz, acrescentando que os estudantes de Química Tecnológica têm emprego garantido, apesar das empresas arriscarem muito pouco. “Ainda têm medo de empregar pessoas com doutoramento”, refere. Por isso, considera que “ainda há muito por fazer”, sendo necessário definir áreas estratégicas.

“Todos os dias estamos a avançar no conhecimento”, adianta. Para Carlos Nieto de Castro é muito importante defender a carreira académica.

Acredita que a mudança é que faz alterar o mundo e que os desafios atuais são enormes. Na sua opinião, nenhum país consegue sobreviver sem ter universidades competentes, com qualidade e com pessoas capazes de resolver os problemas nacionais e internacionais. Carlos Nieto de Castro diz ainda que as empresas devem aproveitar o know how nacional para terem maior sucesso e criarem novos produtos e processos. “O Governo deve apoiar o lançamento de empresas com incorporação de know how e tecnologia nacional”, comenta.

“O Governo deve apoiar o lançamento de empresas com incorporação de know how e tecnologia nacional.”
Carlos Nieto de Castro

Carlos Nieto de Castro
Em junho de 2022 foi eleito fellow da IAAM, como reconhecimento pela sua contribuição na área da termofísica de fluidos e materiais com aplicações energéticas
Fonte GICD DCI Ciências ULisboa

Em junho de 2022 foi eleito fellow da International Association for Advanced Materials (IAAM), como reconhecimento pela sua contribuição na área da termofísica de fluidos e materiais com aplicações energéticas. Na ocasião, proferiu a lição “Propriedades termofísicas de fluidos e materiais para aplicações energéticas. Do mundo macroscópico ao nanoscópico”, uma retrospetiva da sua carreira como investigador. Todo o trabalho do Grupo de Termofísica Molecular e Engenharia de Fluidos do Centro de Química Estrutural e dos seus colaboradores foram salientados nesta comunicação.

A IAAM é um partner fundamental da União Europeia (UE) para a área dos materiais e da energia. Trata-se de um stakeholder forte na definição de políticas de investigação e desenvolvimento da UE.

Nos últimos anos, a maior parte da investigação do seu grupo foi direcionada para pesquisas de ponta, que incluem líquidos iónicos, sais fundidos, nanomateriais, IoNanofluids e novos fluidos de engenharia.

“Uma das principais vantagens do nosso know-how é a possibilidade de implementar a fertilização cruzada destes campos de investigação para resolver problemas delicados, não só a nível molecular, mas também em possíveis aplicações industriais”, explica.

“Uma das principais vantagens do nosso know-how é a possibilidade de implementar a fertilização cruzada destes campos de investigação para resolver problemas delicados, não só a nível molecular, mas também em possíveis aplicações industriais.”
Carlos Nieto de Castro

Carlos Nieto de Castro apresenta exemplos, patenteados quando aplicável: Novos revestimentos espectralmente seletivos para tintas solares; desenvolvimento de novos nanofluidos de transferência de calor, tornando um coletor solar e permutadores de calor mais eficientes em termos energéticos obedecendo aos objetivos ambientais definidos pelo Agência Internacional de Energia; medição da viscosidade de novos sais fundidos e de meias para aplicações de alta tecnologia; medição da condutividade térmica do ar húmido para turbinas de alta pressão; desenvolvimento de sensores de película metálica para medições de alta temperatura in situ em incineradores.

Carlos Nieto de Castro nasceu a 28 de abril de 1949. Entre 1959 e 1966 foi aluno do Liceu Camões. António Guterres e António Rendas, bem com Luís Miguel Cintra e Nuno Júdice, só para mencionar alguns dos mais conhecidos, foram seus colegas de curso. No Liceu Camões descobriu a Física, a Química e a Química-Física, pela mão de uma das professoras mais extraordinárias que teve - Mariana Teles Antunes Pais Dias Fernandes - licenciada em Ciências Físico-Químicas, em 1958, na FCUL, felizmente ainda viva e com saúde. A diretora do Laboratório de Química, professora do 6.º e 7.º anos (atuais 10.º e 11. º), fundou em 1965, juntamente com José Augusto Teixeira, o Clube de Física e Química do Liceu Camões, o primeiro clube científico de Portugal. Às quartas-feiras à tarde e aos sábados de manhã faziam experiências e percebiam os fenómenos físicos e as reações químicas. Carlos Nieto de Castro recorda com carinho esses tempos e a sua professora. “Foi ela que me despertou para a Química e Física”, revela.

Em 1970 foi distinguido com o 2.º Prémio Phillips Jovens Investigadores. Em 2005 foi galardoado com o Prémio de Estímulo à Excelência na Investigação. Também recebeu a Medalha de Bons Serviços da ULisboa. Segundo o Stanford University Ranking, Carlos Nieto de Castro é um dos 2% de cientistas mais citados na área da Engenharia Química, subárea de Química-Física.

Entre 21 de abril e 18 de maio de 1965, decorreu na Praça de Espanha, em Lisboa, sob a égide da Comissão de Energia Atómica dos Estados Unidos da América, a exposição “Os átomos em ação”. A mostra dedicava-se a esclarecer os visitantes sobre a utilização da energia atómica para fins pacíficos. Carlos Nieto de Castro ficou impressionado. Quis estudar radioatividade e energia nuclear. “O meu grande sonho era ir estudar energia nuclear para os EUA, mas não havia condições”, declara. Pessoas amigas aconselharam o Instituto Superior Técnico (IST). E assim foi. Carlos Nieto de Castro entrou no IST em 1966: licenciou-se em Engenharia Química Industrial, em 1971, e doutorou-se em Ciências de Engenharia (Termodinâmica Química), em 1977.

Gostou de ser aluno do Técnico. Teve professores muitos bons, nomeadamente, Jorge Calado. Foi nessa altura que decidiu que queria estudar termodinâmica. “Foi ele que me ensinou as primeiras noções… Como é que passava das moléculas para o mundo macroscópico. Foi fundamental”, refere, mencionando também os dois estágios realizados – um de seis semanas numa refinaria de petróleo em França e outro no Laboratório de Física e Energia Nuclear. “Foi uma fase criativa extraordinária”, revela. Quando iniciou o doutoramento, em 1973, passou seis semanas, durante o verão, no Departamento de Engenharia Química do Imperial College of Science and Technology, em Londres, a convite do professor Sir William Wakeham, cosupervisor, com Jorge Calado, do seu doutoramento no IST e doutor honoris causa da ULisboa.

Carlos Nieto de Castro
Carlos Nieto de Castro nasceu a 28 de abril de 1949
Fonte Ciências ULisboa

Carlos Nieto de Castro conta que teve muita sorte em toda a sua vida, não só porque foi extremamente amado, como aproveitou algumas das oportunidades para fazer coisas novas.

"Como Fernando Pessoa dizia, nós somos fruto da intensidade do que nos acontece, dos momentos inesquecíveis e pessoas incomparáveis que nos rodeiam, o que no fundo, constrói a nossa memória.”
Carlos Nieto de Castro

Sempre foi um otimista, mas neste momento preocupa-se com a falta de respeito e ternura. “Nós devemos olhar os outros. Ouvi-los. Devemos dialogar e não é isso que muitas vezes sucede”, desabafa.

Na sua opinião é preciso parar a guerra. E cita o Papa Francisco: “Nós aprendemos em qualquer altura da vida, aprendemos a identificar aquilo que não queremos que continue a acontecer”. É por isso que diz que quando se perde a humildade, a ternura ou a capacidade de dar, ouvir e dialogar, não se vai a lado nenhum. "Como Fernando Pessoa dizia, nós somos fruto da intensidade do que nos acontece, dos momentos inesquecíveis e pessoas incomparáveis que nos rodeiam, o que no fundo, constrói a nossa memória”, conclui.

Carlos Nieto e Castro é um adepto entusiasta de futebol e futsal. Aprecia a RTP2 e os programas sobre animais e natureza, transmitidos pelo Odisseia e National Geographic e a CNN, no que respeita às notícias e debates sobre assuntos atuais. Tem cinco filhos, quatro netos e uma "esposa extraordinária". Sente-se grato e feliz.

Ana Subtil Simões, Gabinete de Jornalismo Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de novembro é com Emília Real, assistente técnica do Departamento Física de Ciências.

Nos últimos anos, a UNESCO financiou o projeto internacional - "Complex Systems Digital Campus (UniTwin)" - recorrendo a uma plataforma de e-Meeting, e esse exercício mostrou o caminho certo (alternativo aos massive open online courses ou MOOC) para esta nova experiência pedagógica da informática na educação. Quer isto dizer que a tecnologia, quando bem explorada, pode ser mesmo benéfica.

Em junho deste ano Alice Nunes terminou o programa doutoral em Biologia e Ecologia das Alterações Globais. Esta quinta-feira, durante o 16.º Encontro Nacional de Ecologia, a decorrer até amanhã no Salão Nobre da Reitoria da ULisboa, apresenta esse trabalho – “Plant functional trait response to climate in Mediterranean drylands: contribution to restoration and combat of desertification”, classificado em segundo lugar nesta primeira edição do Prémio da SPECO.

O prémio Nobel da Química foi atribuído em 2017, em partes iguais, a três investigadores, Jacques Dubochet (Universidade de Lausana, Suiça), Joachim Frank (Universidade de Columbia, Nova Iorque, EUA) e Richard Henderson (Laboratório MRC de Biologia Molecular, Cambridge, UK) pelo desenvolvimento da microscopia crioelectrónica que permite a resolução da estrutura de biomoléculas em solução com alta resolução.

Em 2017 a “Medalha Dr. Janusz Pawliszyn” foi atribuída a José Manuel Florêncio Nogueira, professor do Departamento de Química e Bioquímica, coordenador do grupo de Ciência e Tecnologia de Separação do Centro de Química e Bioquímica de Ciências e representante português na European Society for Separation Science.

Em 2017 o Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia celebra dez anos. Para comemorar a efeméride, a unidade de I&D realiza no próximo dia 8 de novembro, a partir das 18h00, no anfiteatro da FCiências.ID, sito no edifício C1, piso 3, a primeira distinguished lecture com Jürgen Renn, prestigiado historiador das ciências e diretor do Max Planck Institute for the History of Science.

A representação do campus da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 3D utilizando tecnologias inovadoras fornece dados de apoio à gestão e utilização de recursos.

“Nos meus projetos lido diariamente com a Biologia, a que aprendi na faculdade e ao longo da minha vida, e com o desenho que me acompanha como forma de olhar, entender e comunicar”, declara o ilustrador científico Pedro Salgado, antigo aluno de Ciências.

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Cerca de 39 alunos do BioSys participaram no segundo encontro de estudantes deste programa doutoral. O evento ocorreu em Beja este mês. Também em outubro terminam as candidaturas a 11 bolsas de doutoramento da próxima edição do BioSys.

Uma vez mais Ciências participou na Maratona Interuniversitária de Programação (MIUP), este ano organizada pela Universidade do Minho. A equipa de Ciências - Caracóis Hipocondríacos -, composta pelos alunos Nuno Burnay, Robin Vassantlal e Guilherme Espada, ficou em 3.º lugar, ao resolver quatro dos nove problemas da competição.

Imagina que tens um jarro vazio e um conjunto de pedras grandes, seixos, gravilha e areia. Agora, imagina que para encher o jarro, vais colocando primeiro a areia e a gravilha e só no fim, as pedras maiores... O que achas que acontece? Será que vai caber tudo e de que forma?... E se colocássemos as pedras grandes primeiro?

As alterações climáticas podem mudar a natureza do impacto do lagostim-vermelho-da-Louisiana (Procambarus clarkii) nos ecossistemas.

Recentemente, dois estudos sobre como pensamos, um do Instituto Max Planck (para a História da Ciência, Alemanha) e outro da Escola de Medicina de Harvard (EUA), de maio de 2017 (revista NeuroImage, de Elinor Amit e Evelina Fedorenko), clarificaram as diferenças que nós temos quando refletimos sobre alguma matéria, fazemos coisas, ou emulamos a realidade.

Ciências participa na KIC EIT Health que visa promover o empreendedorismo para o desenvolvimento de uma vida saudável e de um envelhecimento ativo. Os alunos podem inscrever-se na unidade curricular que lhes permite participar no projeto, sendo que uma parte é feita na Dinamarca.

A experiência ATLAS acontece há 25 anos e a data será celebrada com palestras, bem como com uma homenagem à responsável pela participação portuguesa na experiência, a cientista Amélia Maio.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de outubro é com Francisco Oliveira, assistente técnico do Núcleo de Manutenção do Gabinete de Obras, Manutenção e Espaços da Área de Serviços Técnicos de Ciências.

O Prémio Nobel da Física de 2017 foi atribuído a Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne. Francisco Lobo, investigador do Departamento de Física de Ciências e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, comenta o tema.

Há cinco anos o biólogo marinho Pedro M. Lourenço encontrou microfibras em dejetos de aves. Foi nessa ocasião que surgiu a ideia de avaliar a abundância de microplásticos nos estuários, iniciando assim um estudo sobre a poluição por plásticos.

“Para além da importância no contexto científico, este trabalho também tem uma forte importância no contexto industrial, pois permite otimizar os gastos de energia domésticos e industriais”, explica o investigador do Centro de Química Estrutural de Ciências, Francisco Bioucas.

Mais de 100 cientistas reúnem-se em Lisboa, na Faculdade de Ciências, para abordar a temática dos nanofluidos.

A origem dos raios cósmicos de elevada energia foi desvendada. O LIP, do qual Ciências faz parte, colaborou na obtenção dos resultados.

O minhocário será usado para investigar o processo de vermicompostagem, numa experiência piloto em parceria com o Gabinete de Segurança, Saúde e Sustentabilidade da Área de Serviços Técnicos de Ciências e com o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c).

Há um mineral peculiar que pode ajudar a desvendar o contributo do vulcanismo de Decão sobre a extinção em massa e a morte dos dinossauros: a akaganéite. Os resultados do estudo foram publicados na Nature Scientific Reports.

Ciências participa com mais de 30 de atividades de divulgação de ciência, espalhadas por Lisboa, Lousal e até na ilha Terceira.

O primeiro Dia Internacional do Microrganismo foi celebrado a 17 de setembro, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, numa iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Microbiologia, Ordem dos Biólogos, Ciência Viva e Comissão Nacional da UNESCO.

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