Entrevista com… David Sobral

David Sobral
David Sobral
Imagem cedida por DS

“Portugal tem um potencial imenso para ser uma referência em ciência a nível mundial, particularmente na área da Astronomia e Ciências do Espaço”, diz David Sobral. O investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço acredita que é possível “atrair e fixar os melhores do mundo, desde que o financiamento seja atribuído maioritariamente aos projetos e investigadores mais dinâmicos, competitivos e revolucionários, e desde que as universidades sejam capazes de se renovarem continuamente e de se abrirem ao mundo e não apenas ao país”.

Na entrevista que se segue fique a conhecer o cientista português que ajudou a desvendar o papel da rede cósmica.

Como surgiu o interesse por esta área?

David Sobral (DS) - O interesse pela Astronomia surgiu há muito tempo como uma grande curiosidade sobre o imenso céu estrelado. Felizmente em Portugal existem ainda imensos sítios onde a poluição luminosa é suficientemente baixa para podermos observar milhares e milhares de estrelas no céu - é um exercício muito bom para nos apercebermos do quão pequenos e insignificantes somos (tal como os nossos problemas). Mas foi sobretudo o Observatório Astronómico de Lisboa, e as muitas atividades que desenvolveram na altura em que estava a considerar que curso superior seguir, que fizeram toda a diferença. Mais do que isso, deram-me a oportunidade de começar a fazer investigação em Astrofísica Extragalática logo no primeiro ano do curso de Física na Faculdade de Ciências da ULisboa, e foi óbvio desde o início que era a atividade que queria seguir. Por isso, seguir para doutoramento no Reino Unido alguns anos depois foi algo absolutamente natural.

Em que é que consiste o seu trabalho?

DS - De uma forma simples, o meu trabalho consiste em perceber como é que galáxias (como a nossa própria Via Láctea) se formaram e evoluíram, nos últimos mais de 13 mil milhões de anos de vida do Universo. Felizmente são imensos os problemas e questões por resolver/responder, e incluem desde procurar pelas primeiras galáxias até estudar galáxias muito mais próximas de nós.

Na prática envolve muito trabalho em inúmeras componentes. Viaja-se imenso para recolher dados nos melhores telescópios do mundo (Chile, Havai, Canárias), mas também para trabalhar com muitos colaboradores espalhados por todo o mundo, e para dar seminários e palestras. Já o tratamento, análise dos dados e publicação dos resultados passa por um trabalho fortemente “computacional”, em equipa, com muita programação, discussões e autoanálises (dentro da equipa) altamente exigentes. Muitas vezes não se faz a mínima ideia do que se está a ver ou como interpretar os resultados, mas isso acaba por ser uma das melhores coisas: estamos continuamente a ver e tentar explicar o que nunca foi visto por ninguém. Grande parte do tempo é também dedicado a fazer divulgação científica, a “arbitrar” publicações submetidas para revistas científicas, e a avaliar propostas para telescópios/financiamentos.

 

David Sobral
É de facto altamente gratificante quando se trabalha com equipas que funcionam muito bem"
Fonte DS

Como é que foi trabalhar com estes investigadores?

DS - Já trabalho com grande parte da equipa há alguns anos e tem sido uma experiência fantástica e altamente produtiva. Comecei a trabalhar com o grupo da Universidade da Califórnia - Riverside, e em particular com dois estudantes de doutoramento brilhantes e com o professor Bahram Mobasher, há cerca de ano e meio, e os resultados têm sido excelentes. Já publicámos dois artigos, e temos mais três em preparação. Para além disso, temos sempre discussões científicas altamente produtivas e que nos levam sempre por novos caminhos e a novas descobertas, inclusivamente com observações feitas com os telescópios Keck, no Havai. É de facto altamente gratificante quando se trabalha com equipas que funcionam muito bem - e isso deve-se não só à qualidade dos investigadores envolvidos, ao facto de todos nos darmos mesmo muito bem, mas também a todos terem um espírito científico e crítico do melhor que há e termos visões que, em conjunto, se complementam de forma única.

Quais são os próximos passos da equipa?

DS - Neste momento estamos a estender a nossa análise/método para estudarmos a evolução do papel do ambiente na evolução de galáxias nos últimos 11 a 12 mil milhões de anos. Isso passa por fazermos imensos testes e sermos o mais cuidadosos possível para termos a certeza de que estamos a comparar igual com igual (algo extremamente importante para qualquer estudo). Por outro lado, dentro desta vertente, estamos também a elaborar o primeiro mapa em três dimensões da megaestrutura cósmica que descobrimos (tal como era há 7 mil milhões de anos), com mais de 1000 galáxias. São dados incríveis que consegui de mais de 40 horas de observação no VLT (8 metros) no Chile, e com os quais estou a trabalhar, juntamente com o Behnam Darvish. Vão permitir não só fazer o mapeamento completo dos filamentos, grupos, enxames e densidades mais baixas, mas sobretudo estudar em detalhe cada uma das centenas de galáxias que habitam a estrutura. Já sabemos que o ambiente em que as galáxias residem afeta o seu “destino”; agora vamos conseguir perceber exatamente onde, como e porquê. Se tudo correr bem no próximo ano poderemos publicar os resultados.

 

rede cósmica
A rede cósmica e as galáxias que a habitam. David Sobral procura perceber como é que as galáxias se formaram e evoluíram, nos últimos mais de 13 mil milhões de anos de vida do Universo
Fonte Visualization by Ralf Kaehler, Oliver Hahn, Tom Abel KIPAC

E futuramente, quais são os seus planos?

DS - Compreender o papel do “ambiente” vs “genes” (ou o equivalente galáctico) é algo fundamental, e que vou continuar a desenvolver com vários projetos. Por exemplo, estou também a desenvolver investigação com um outro grupo de investigadores, para estudar as maiores e mais violentas colisões de enxames de galáxias e perceber tudo o que acontece nesses eventos (os mais energéticos desde o big-bang!). Os resultados não só nos mostram o que acontece às galáxias, mas também nos estão a permitir investigar se a matéria escura pode, no fim de contas, interagir ligeiramente com ela própria, algo que teria um impacto imenso.

No entanto, o estudo do papel do “ambiente” é apenas uma das várias componentes de um objetivo muito mais global e para uma compreensão muito mais sistémica de como as galáxias se formam e evoluem. Neste momento é altamente motivador e gratificante poder estar a construir uma equipa de estudantes e investigadores brilhantes (XGAL) que vai permitir um progresso imenso. Formar uma equipa tornou-se possível primeiro através de um financiamento de 250 mil euros da NWO na Holanda, e agora do programa Investigador FCT, e com o meu regresso a Portugal, ao fim de praticamente sete anos de investigação fora de Portugal. Cerca de metade dos estudantes trabalham comigo em Lisboa, enquanto a outra metade trabalha a maioria do tempo nos Estados Unidos e na Holanda. Para mim é fundamental ter uma equipa (dinâmica!), trabalhar em vários projetos (diversidade) e sobretudo poder ajudar uma nova geração a concretizar todo o seu potencial. E Portugal tem todas as condições e mais algumas para isso; temos alunos tão bons ou melhores do que aqueles que vão para e.g. Cambridge, Caltech ou MIT!

Por outro lado, como equipa, estamos a explorar os melhores e mais recentes telescópios e instrumentos para encontrarmos e estudarmos as primeiras galáxias (inclusivamente em 3D!), para compreender a evolução de galáxias nos primeiros milhares de milhões de anos, e para responder a dezenas de questões que se encontram em aberto sobre como as galáxias se formam e evoluem. Estamos também envolvidos em grandes projetos que conseguiram centenas de noites nos VLT do ESO, e, a mais longo prazo, o grande objetivo é poder contribuir ativamente para um novo telescópio espacial revolucionário, capaz de usar as técnicas e métodos altamente robustos desenvolvidos por mim e pela minha equipa para explorar o Universo primitivo.

Ana Subtil Simões, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Rita Cascão

O sucesso do Biobanco-IMM é promovido pelo contínuo aumento de parcerias e colaborações não só com empresas de biotecnologia e unidades de saúde, mas também com institutos de investigação científica e investigadores académicos de ciências básicas, como os investigadores da FCUL.

SIMPLES AZULEJOS

Azulejos quadrados e Matemática

 

Bandeira de Marrocos

Atualmente a equipa prossegue com os trabalhos de correção de falhas e de afinação do CuCo de modo a dar apoio às sete faculdades marroquinas e a prepará-lo também para entrar em operação no DI-FCUL já no próximo ano letivo.

José Afonso

Chama-se galáxia IRAS 08572+3915 e é a mais luminosa do universo local. José Afonso é um dos membros da equipa de astrónomos internacionais, que anunciou recentemente a descoberta. O investigador da FCUL e dirigente do CAAUL é muito otimista quanto ao presente e futuro desta área científica.

Consulte informação adicional aqui.

Bill Fyfe foi um grande amigo de Portugal. Orientou ou coorientou vários doutoramentos de portugueses, acerca de temas relevantes para Portugal e fomentou as ligações científicas entre Portugal-Brasil-Canadá. Em 1990 a Universidade de Lisboa outorgou-lhe o grau de doutor honoris causa.

Uma das consequências do aumento da disponibilidade de fontes laser de maior potência, compactas e a baixo preço é o aumento da sua má utilização.

Circo Matemático

“O objetivo do Circo é mostrar que é possível utilizar resultados matemáticos para produzir resultados espetaculares e para divertir e motivar as pessoas”, explicou o professor da FCUL, Pedro Freitas.

Temos sido pioneiros de muito boas práticas no ensino superior. Uma excelente escola e nós, que cá estamos, sabemos isso. E os alunos também. Os que cá estão e os que já cá estiveram. Mas hoje não chega. Temos que saber responder aos desafios e temos que exportar as nossas mais-valias.

Inscrições 2013/2014

Atualmente estudam na FCUL mais de cinco mil alunos, a maioria conhece bem os cantos da casa centenária, outros nem tanto, por isso é especialmente importante o acolhimento dado durante o arranque do ano letivo, que o digam a Catarina, a Leonor e o Ricardo!

Joaquim Dias

Num planeta com mais de 7000 milhões de pessoas, vão ser necessárias quantidades enormes de alguns recursos naturais que começam a escassear. Chegará em breve a era da mineração submarina? Existe tecnologia adequada? Será possível a mineração em condições de preservar a diversidade natural dos ecossistemas marinhos?

Ana Bastos

Através de diversas atividades práticas vamos aprender qual o papel do sol na dinâmica da atmosfera e do oceano, qual a importância dos oceanos, das calotes polares e da vegetação, como se formam as nuvens e os sistemas meteorológicos, e como funciona o ciclo da água.

Foi a 26 de Outubro que se realizou a Maratona Inter-Universitária de Programação, 2013, (MIUP2013).

Uma das surpresas do Dia Internacional passa pela exposição do concurso de fotografia lançado recentemente e alusivo ao tema “Mobilidade Internacional”.

Maria Inês Cruz

Atualmente, para além do “básico” lápis de grafite com que todos ainda escrevemos, até o desenvolvimento dos carros híbridos está dependente da evolução e extração dos recursos da nossa “casa”.

Susana Custódio

Como é que são gerados os tremores de Terra? E os tsunamis? Como é que nós reconhecemos no terreno a existência de tsunamis antigos? Porque é que na Nazaré vemos ondas tão grandes? Todos estes fenómenos são o reflexo de um enorme dinamismo do nosso planeta.

SCOPUS é também uma ferramenta para estudos bibliométricos e avaliações de produção científica.

Na cobertura dos edifícios da Universidade de Lisboa foi recentemente instalada a maior central fotovoltaica da cidade de Lisboa. Para além da bela vista sobre o Jardim do Campo Grande, vamos poder apreciar os desafios e o potencial dos telhados urbanos para produção de eletricidade solar.

A empresa SISCOG – Sistemas Cognitivos, SA, procura candidato para integrar a sua equipa.

J. A. Quartau

Na verdade, considerando apenas as abelhas, se estas fossem recompensadas pelo seu trabalho na polinização dos pomares e de outras plantas cultivadas, teríamos que lhes pagar como fatura anual global pelo menos setenta mil milhões de euros, a que seria ainda necessário adicionar várias centenas de milhões pelos lucros adicionais com a produção de mel e de cera.

Livre acesso a trabalhos dos cientistas laureados com o Prémio Nobel 2013

Palmira Carvalho, Raquel Barata e David Felismino

O Jardim Botânico deve, mais do que nunca e no futuro, ser encarado como um espaço de coesão urbana, fundamental e complementar ao espaço edificado e à sua articulação com a envolvente, em termos ecológicos, estéticos, culturais, históricos, sociais e económicos.

As aulas de Projeto Empresarial começam em fevereiro de 2014. Enquanto o 2.º semestre não chega, a FCUL desafia os alunos a testarem ideias no passatempo do Tec Labs Centro de Inovação da FCUL e quem sabe participar na 2.ª edição do YA Bootcamp.

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