Entrevista com… Alexandre Ribeiro

Fangz, o sucesso português na App Store dos EUA

Fangz, jogo criado por aluno da FCUL que conquistou a Apple
Cedida por Alexandre Ribeiro

A aplicação para smartphones lançada a 17 de abril e que está a conquistar o mercado competitivo dos EUA, é definida pelo autor como sendo um jogo que prima pela originalidade e cujo objetivo principal é “andar calmamente por cenários muito bem desenhados a matar tudo o que se mexe”.

Para falar sobre a conceção do jogo, bem como responder a todas as curiosidades dos alunos, realiza-se na FCUL a 15 de maio uma palestra com o criador.

Questionado sobre a importância da FCUL ao longo do seu trajeto, Alexandre Ribeiro diz “dever-lhe tudo o que tem”, já que aqui encontrou duas das paixões que comandam o seu jogo, o da vida real, a família e a inteligência artificial. Conheça na entrevista os pormenores do seu trabalho, bem como o seu percurso académico e profissional.

FCUL - Fale-nos um pouco do seu percurso até chegar aqui, a este marco importante da sua carreira.

Alexandre Ribeiro (AR) - Comecei a trabalhar por conta própria quando ainda estava na FCUL, como consultor. Fazia pequenas aplicações para problemas muito específicos. Ainda durante o meu curso na FCUL, comecei a trabalhar na Mind SA, onde ficaria durante cerca de cinco anos a fazer de tudo, mas um pouco mais focado nas áreas de servidores e de multimédia.

Depois, segui para Angola. Fui trabalhar na Angola Telecom com o intuito de montar a rede ADSL do país. Profissionalmente a coisa não correu tão bem como seria expectável, mas aprendi imenso durante a minha estada.

Quando regressei, ingressei na Siemens, cuja unidade de negócio onde estava inserido se viria mais tarde a tornar parte da Nokia Siemens Networks. Fiz basicamente sempre o mesmo tipo de papel: escrevia especificações funcionais de sistemas de gestão de redes de telecomunicações, que eram depois implementados por vastas equipas de developers.

FCUL - É antigo aluno da FCUL. Qual a importância da formação e dos ensinamentos aqui adquiridos no seu percurso profissional e para este caso em concreto, do desenvolvimento do jogo Fangz?

AR - Devo à FCUL tudo o que tenho agora. Conheci a Paula, a minha mulher, na FCUL e graças a ela tenho agora duas filhotas incríveis. Isto representa praticamente 100% da minha vida, o resto são detalhes.

A FCUL também me marcou muito porque conheci professores que me inspiraram muito, em particular um, que me mostrou ser possível continuar apaixonado por uma área até ao fim da vida. Esse professor foi o Hélder Coelho. Lembro-me de na altura ficar espantado de ver alguém tão velho (foi o meu pensamento na altura :)), tão entusiasmado por algo que me pareceu inicialmente chato. O entusiasmo dele foi contagiante e acabei por adorar inteligência artificial, particularmente quando combinada com computação gráfica. Segundo as minhas estimativas, o professor Hélder Coelho tem agora 129 anos, mas pelos vistos continua a lecionar na FCUL.

Fonte: Alexandre Ribeiro
Legenda: O antigo aluno do DI-FCUL destaca a importância do apoio dado pela família no alcance dos seus objetivos

FCUL - Quando e por que razão decidiu desenvolver o jogo?

AR - Estava à procura de algo a que me pudesse dedicar de corpo e alma, sem interferências externas. Em todos os projetos em que trabalhei, mesmo nos que supostamente liderava, houve sempre influências externas que me diminuíram em muito o prazer que sentia.

FCUL - Tanto quanto sabemos, o Alexandre Ribeiro estaria num trabalho estável, na Nokia Siemens como arquiteto de sistemas. O que o fez lançar neste desafio?

AR - A maioria das pessoas vai mudando ao longo da vida profissional. Eu cheguei a um ponto na minha carreira na Nokia Siemens onde já não me sentia minimamente desafiado, ou onde os desafios que apareciam eram em áreas que eu não considerava interessantes. Demorei algum tempo a decidir-me, mas a sensação de saltar e começar a voar foi fantástica.

FCUL - Qual o investimento financeiro e de tempo de trabalho envolvidos?

AR - A tempo inteiro, dois anos. Investimento, cerca de 150 mil euros, tendo em conta os ordenados perdidos ao longo de dois anos, o salário do Alex Gallego e o investimento em hardware e software.

FCUL - Neste processo, houve alguma ajuda por parte de antigos professores ou colegas da FCUL?

Alexandre Ribeiro (AR) - De professores não. De colegas sim. A minha querida ex-colega e agora mulher Paula Mendes. A Paula pôs a carreira dela em pausa, para me auxiliar nalgumas partes do Fangz, durante cerca de sete meses e agora continua a auxiliar-me noutras áreas do negócio.

FCUL - Houve alguma pesquisa/estudo prévio que permitisse prever o sucesso que este jogo iria alcançar?

AR - Sim, mas foi um estudo empírico e subjetivo. Durante alguns meses, categorizei todos os jogos do top 100 da loja americana da Apple. Para cada um escolhia uma série de critérios que me pareciam justificar o porquê do sucesso desse jogo. Depois de algum tempo tinha uma lista curta de critérios aplicáveis a todos os jogos. Nos meses seguintes refinei esses critérios, para tentar prever que jogos das posições 100 à 200 subiriam ao top 100. Depois de ter um grau de certeza de cerca de 70%, resolvi fazer o Fangz.

Desde então até agora, fui refinando este meu modelo para que não dependesse de fatores subjetivos. No meu próximo jogo vou testar um novo modelo, que me parece ser bastante mais eficaz.


Fonte: Alexandre Ribeiro
Legenda: "O que o torna mais notável é o facto de ser um jogo sobre eventos atuais, com interpretações muito próprias sobre esses eventos, que chegam por vezes a ser politicamente incorretas"

FCUL - Nesta altura, quais as estatísticas possíveis que pode adiantar sobre o jogo?

AR - O Fangz chegou inicialmente ao top 100 de jogos da loja americana (top 20 dos jogos arcade), onde se manteve durante uma semana. Consegui aí o maior número de downloads. Durante a segunda semana baixou para o top 200 e depois da segunda semana baixou bastante, como é norma na esmagadora maioria dos jogos. Os dados estão publicamente disponíveis em sites como o AppAnnie.
Mesmo tendo entrado na long tail do mercado da Apple, o Fangz neste momento consegue dar-me um rendimento idêntico ao que recebia na Nokia.

FCUL - Como se sentiu ao receber a notícia de que o seu jogo teria sido destacado na loja Apple com uma crítica inicial de cinco estrelas?

AR - Acordei a Paula (às 2h00 da manhã) e ficámos os dois abraçados a pular! Este era um dos objetivos da estratégia de marketing do Fangz e a sensação de o conseguir foi como o de acertar num alvo a 5000 Km de distância, com uma pressão de ar, a apontar de costas através das pernas.

FCUL - Em que consiste o jogo?

AR - Andar calmamente por cenários muito bem desenhados a matar tudo o que se mexe. É um jogo que prima pela originalidade.

FCUL - Qual o seu carater inovador?

AR - Tecnicamente é o mais evoluído do seu género. Mas o que o torna mais notável é o facto de ser um jogo sobre eventos atuais, com interpretações muito próprias sobre esses eventos, que chegam por vezes a ser politicamente incorretas.

FCUL - Que importância julga ter esta conquista, que o coloca como o primeiro português a conseguir destacar uma aplicação nacional na App Store dos EUA, para si e para a área em que se insere?

AR - Ser o primeiro português não me entusiasma assim tanto. Portugal é muito pequeno e ser o primeiro de Portugal em qualquer coisa pode não ter relevância absolutamente nenhuma mundialmente. Por outro lado, o facto de me ter distinguido em Portugal dá-me alguma vantagem se algum dia tiver de procurar emprego.


Fonte: Alexandre Ribeiro
Legenda: Dois anos de trabalho a tempo inteiro e 150 mil euros foi o investimento na concepção de Fangz

FCUL - O que o cativou mais neste trabalho?

AR - O poder competir numa arena onde estão os melhores do mundo, e onde para se chegar ao top 100 se tem de atingir o percentil 99.99%. É uma massagem imensa ao ego quando se consegue.

FCUL – Que dificuldades sentiu ao longo do processo?

AR - Ansiedade, falta de confiança, enfim, o normal. Muita ansiedade pelo facto de depois de ter uma ideia, poder ter de esperar meses até ver se resultava ou não. Falta de confiança porque tive de contrariar muitas opiniões de muitas pessoas que respeito. Houve períodos onde o meu grau de confiança estava mais em baixo e em que tive boas ofertas de emprego. Recusar uma oferta de emprego nessas circunstâncias, e ainda para mais no meio da maior crise económica dos nossos tempos, requereu alguma força mental.

FCUL - O Alexandre, de criador tornou-se também jogador?

AR - O processo foi o inverso. De jogador desde tenra idade, tornei-me criador. Muito da mesma forma que um leitor se torna escritor.

FCUL - Qual o feedback de quem conhece que tenha experimentado o jogo?

AR - Muito polarizado. Tenho algumas pessoas a dizer que adoram, que eu sou um Deus ao cimo da terra (mesmo!), tenho outras que gostam de uma forma mais comedida e ainda uma fatia muito significativa de pessoas que gostavam que o jogo fosse mais fácil. Tal como em tudo na vida, tenho pessoas que detestaram o jogo e que me enviam emails ofensivos.

Estou neste momento a modificar o jogo para que apele a uma audiência mais vasta, sem comprometer muito a visão inicial.

FCUL - Em todas as entrevistas o Alexandre Ribeiro aparece acompanhado pela sua família. Que papel assume nesta aventura?

AR - A Paula, a Sofia e a Rita representam 99.999999999% (acrescentar muito mais noves aqui) de tudo o que gosto na minha vida. Isto não quer dizer que goste menos do que uma pessoa normal de outras pessoas ou coisas, quer apenas dizer que me forcei a crescer o suficiente para ampliar o espaço que as minhas “gajas” têm na minha vida, sem afetar em termos absolutos o restante que anda pelo mundo.

Sem elas não fazia nada.

FCUL - Planos futuros, já há?

AR - Imensos... Mas como tenho de me focar, optei por continuar o meu esforço na área de jogos ao mesmo tempo que dou uma piscadela de olhos ao setor empresarial. Já estou em contacto com um fantástico business angel que deve dar continuidade a esta nova atividade.

Raquel Salgueira Póvoas, GCIC-FCUL
info.ciencias@fc.ul.pt

O Grupo Azevedos oferece estágio profissional remunerado a recém licenciado na área da Estatística ou Matemática. Os interessados devem enviar a candidatura para

A edição deste ano d´O Botânico, uma revista propriedade da Associação Íbero-Macaronésica de Jardins Botânicos já se encontra online.

O Centro de Informática migrou todo o sítio antigo para o novo Portal da FCUL.

O Centro de Informática colocou em produção, durante a ultima semana de Maio, um equipamento de rede central na arquitectura de comunicações da FCUL.

Na Licenciatura em Matemática (LM) da FCUL, o leque de opções do 3º ano da LM foi alargado e passou a incluir as seguintes disciplinas, que estarão já disponíveis no ano lectivo de 2012/13:

 

 

Em exibição no:

MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA NATURAL E DA CIÊNCIA

1 de Junho de 2012 a 28 de Abril de 2013

 

 

Os cadernos e as comissões eleitorais estão publicitados no portal da FCUL, assim como o Despacho D/101/2012, que integra o calendário de eleições.

A eleição do Presidente do Departamento de Física  terá lugar de 3 a 5 de Julho de 2012

Comissão Eleitoral

Informações úteis:

Constituição da Comissão Eleitoral

A festa dos finalistas de Geologia juntou familiares, amigos, colegas e professores.

Conforme o despacho D/101/2012,  as eleições para a Presidência do Departamento de Informática, irão decorrer entre 3 e 5 de Julho de 2012 na secretaria do departamento.

 

Estão abertas as inscrições para o ‘Mestrado em Matemática para Professores’ (1ª fase de candidaturas até dia 15 de Junho)

 

No âmbito do nº 3 do artigo 9º do Regulamento Eleitoral, e de acordo com o calendário de eleições para Presidentes dos Departamentos, já se encontra disponível o 

A Eleição do Presidente do Departamento de Biologia Animal terá lugar de 3 a 5 de Julho de 2012 na Secretaria do Departamento

A inscrição nos exames dos dias 4 e 5 de junho podem ser excecionalmente realizadas até às 23h59m de 1 de junho.

A eleição do Presidente do DBV  terá lugar de 3 a 5 de Julho de 2012

Matéria escura

Um grupo de 19 cientistas, 14 deles investigadores do Centro de Física Nuclear da UL e do Instituto Tecnológico e Nuclear da UTL, publicaram recentemente novos resultados que contrariam as alegadas descobertas sobre a matéria escura.

PSMR2012 Conference

Estudante de doutoramento no IBEB ganha prémio para o melhor Poster

Tomás Aquino

Bolseiro do CFMC distinguido pela Fundação Calouste Gulbenkian

Imagem de Kairos em pedra

O próximo e quinto número da revista do Centro de Filosofia das Ciências da UL é lançado em novembro. A submissão de textos termina a 30 de setembro.

Encontra-se aberto concurso para bolsa de estágio na área de suporte aos laboratórios letivos e de investigação do Departamento de Informática da Faculdade de Ciências.

Simulação de uma proteína

Quatro lições sobre proteínas.  As investigadoras Maria José R. Gomes e Patrícia Faísca apresentam quatro razões para não faltar à quinta iniciativa do projeto Ciência na UL.

O Dr. Rui Lopes ex-aluno do Departamento de Informática e investigador no LASIGE, actualmente a trabalhar na Google, foi um dos responsáveis da equipa de desenvolvimento do doodle de hoje (23 de Maio).

A Investigação dos Doutores de Amanhã

Lâmpada

"O objetivo é partilhar com os colegas das outras faculdades a experiência que tivemos, e estamos a ter, com a implementação do modelo de gestão por objetivos, assente na identificação dos processos", diz Ana Rocha, secretária-coordenadora da FCUL.

Pages