Ciências da Terra e do Espaço

Entrevista com… Ana Bastos

Aluna entrevistada, sentada numa rocha
Cedida por AB

Aprender, intervir na sociedade e investigar. Assim se definem as ambições de Ana Bastos, de 26 anos, aluna doutoranda em Ciências Geofísicas e da Geoinformação, na FCUL, premiada pelo Programa de Estímulo à Investigação da FCG com o projeto “Influência da Variabilidade Climática na Dinâmica da Vegetação e no Ciclo de Carbono na Região Euro-Asiática”. Depois de trocar as Artes pela Física, a estudante pretende continuar ligada à investigação. Os primeiros passos já foram dados, a próxima etapa pelo caminho da aprendizagem será feita numa viagem de seis meses pela Universidade de Montana, nos EUA, onde irá continuar uma parte do doutoramento em que se insere o projeto pelo qual a FCG a distinguiu.

FCUL - Como caracteriza o seu percurso académico e científico?

Ana Bastos (AB) - É um percurso um tanto ou quanto confuso, isto porque fiz o secundário na área de Artes e depois optei pela licenciatura em Física Teórica, na Faculdade de Ciências do Porto. A mudança não ficou por aqui, a certa altura achei que o curso que estava a frequentar era demasiado teórico e fui à procura de outro que me permitisse ter equivalências e que continuasse a ter uma base de física forte mas que, ao mesmo tempo, fosse útil para a sociedade, e para o mundo, e em 2007 encontrei o curso de Engenharia da Energia e do Ambiente, na FCUL. Com o decorrer do curso comecei a perceber que as cadeiras que gostava mais eram as de Física, neste caso Geofísica, e portanto quando cheguei à fase de escolher o tema da tese acabei por fazê-la numa área mais relacionada com a Geofísica. Agora estou a fazer o doutoramento em Ciências Geofísicas e da Geoinformação, especialidade em Deteção Remota, também na FCUL.

Em setembro vou seis meses para os EUA, para a Universidade de Montana, através de uma bolsa Fullbright, continuar uma parte do doutoramento onde se insere também o projeto pelo qual fui premiada pela FCG.

FCUL - De que forma a FCUL contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal e profissional?

AB - Por comparação à outra Universidade onde estive, no Porto, encontrei aqui colegas excecionais que para além de serem bons colegas eram pessoas interessantes, motivadas e que partilhavam os meus interesses, como intervir socialmente. Se não as tivesse encontrado não teria feito todas as coisas que fiz e alcancei.
Por outro lado, senti que aqui não havia distanciamento entre alunos e professores. Os docentes com quem lidei foram também muito importantes no meu processo de aprendizagem e crescimento. Em primeiro lugar, destaco a importância do meu coordenador de curso, o professor Jorge Maia Alves, que sempre foi uma pessoa bastante disponível para ouvir as nossas críticas e dúvidas. Sempre nos ouviu e discutiu connosco assuntos diversos, isso motivou-me imenso para o curso porque sentia que do outro lado nos tratavam como adultos.
Houve outros professores que me marcaram e me fizeram gostar muito da área da Geofísica, como o professor Carlos da Câmara.

FCUL - Como surgiu a ideia de desenvolver o projeto “Influência da Variabilidade Climática na Dinâmica da Vegetação e no Ciclo do Carbono na Região Euro-Asiática” e, posteriormente, a decisão de se candidatar ao Programa de Estímulo à Investigação da FCG?

AB - Foi de forma curiosa e quase “por acaso”. Um dos professores que mais me acompanhou no curso, o professor Miguel Brito, investigador do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia, encontrou-me num corredor da Faculdade e perguntou-me se já tinha pensado em concorrer ao Programa. Disse-lhe que não mas que ia pensar, daí surgiu o impulso para concorrer.

FCUL - Gostaria de pedir que apresentasse abreviadamente o projeto pelo qual foi distinguida e que irá desenvolver.

AB - O projeto está enquadrado no meu plano de trabalhos de Doutoramento.

Uma das grandes discussões que existe atualmente é como será que no futuro os ecossistemas vão responder ao aumento da temperatura média. Há quem diga que os ecossistemas vão tirar mais dióxido de carbono da atmosfera mas é preciso ter em conta o aumento de fenómenos extremos e como é que estes afetam o balanço de carbono. Por isso, pretendo estudar a influência do clima e da variabilidade climática na dinâmica da vegetação e no ciclo do carbono. Ou seja, sabe-se que a vegetação é responsável pela remoção de uma grande parte do dióxido de carbono na atmosfera e portanto tem uma influência no clima. Quero perceber como é que a variabilidade climática, o El Nino entre outros, influenciam a dinâmica da vegetação, nomeadamente no ciclo de carbono da Europa, na região Euro-Asiática. Posteriormente, pretendo perceber como é que alguns fenómenos extremos, como secas, ondas de calor ou grandes incêndios, também alteram o balanço de carbono.

FCUL - De que forma encarou a distinção feita ao seu trabalho pela FCG?

AB - É sempre bom sermos apoiados por um plano de trabalhos que ainda vamos desenvolver. Assim sendo, fiquei muito satisfeita ao saber que tinha sido distinguida.

FCUL - Que contributo considera que o seu projeto irá prestar à área científica em que se insere?

AB - Tal como foi anteriormente referido, existe uma grande discussão sobre como é que no futuro os ecossistemas vão responder às alterações climáticas. Desta forma, considero que o meu projeto (este de um ano, que está a ser apoiado pelo prémio da FCG, e o total, que será continuado no doutoramento) vai ajudar a perceber quais os efeitos de fenómenos extremos nos ciclos de carbono, nos ecossistemas, e vai ajudar a perceber como é que em geral os ecossistemas vão responder às alterações climáticas.
Portanto, uma das coisas em que pode servir diz respeito ao melhoramento dos modelos de previsão do clima.

FCUL - O que ambiciona fazer futuramente? Pretende continuar ligada à investigação?

AB - Gostava muito de ficar ligada à investigação apesar das perspetivas serem de uma vida precária.

FCUL - A aluna Ana Bastos tem sido bastante ativa na Faculdade, envolvendo-se em vários projetos de enriquecimento pessoal e profissional. De que forma concilia todas as iniciativas em que participa e como mantém o percurso notório que tem tido, ao mesmo tempo que se dedica à investigação?

AB - A minha vida ativa na FCUL começou logo no primeiro ano pois fiz parte de um grupo que se chamava “Muda”, cujo objetivo era discutir questões de política educativa. No 2.º ano, decidimos criar uma lista para a Associação dos Estudantes da FCUL (AEFCL) que acabou por perder as eleições. Ainda assim, continuámos a gerar discussão na Universidade e, mais tarde, acabei por ser eleita para o Conselho Geral da Associação Académica da Universidade de Lisboa. Entretanto, o “Muda” foi crescendo bastante, no meu 3.º ano voltámos a fazer uma lista e, incrivelmente, conseguimos pôr muito mais gente a votar do que era costume e ganhámos a AEFCL.
Acabei por só estar um ano na direção pois percebi que não conseguia conciliar todas as tarefas já que tinha: uma bolsa de investigação e o início da minha tese de mestrado. Nestes dois anos fui também monitora de duas disciplinas: Laboratório Numérico do 1.º ano do curso de Engenharia da Energia e do Ambiente; e Modelação Numérica do 2.º ano do mesmo curso. Estava na Faculdade das 8h00 à 00h00. Passava algum tempo na AEFCL, depois ia às aulas, intercalava com umas horas para trabalhar no projeto e, se fosse necessário, ainda regressava à AEFCL à noite para prestar apoio. O esforço compensava porque estava com pessoas com quem gostava de trabalhar, eramos um grupo muito coeso. Se não tivesse o apoio das pessoas com quem trabalhava acho que não conseguia e a verdade é que o ano em que estive na AEFCL foi o ano em que tive a média mais alta!

FCUL - Que conselhos deixa aos colegas que tenham um percurso académico idêntico ao seu e pretendam candidatar-se ao Programa de Estímulo à Investigação da FCG?

AB - O mais importante é saber gerir o tempo, ter alguma disciplina, definir os objetivos a alcançar e não dispersar.

Raquel Póvoas, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura da FCUL
info.ciencias@fc.ul.pt
Comitiva da Faculdade no “Matchmaking” da EIT Health

Ciências ULisboa participou no “Matchmaking” da EIT Health. “O balanço final é bastante positivo pois foi possível obter a participação da Faculdade em duas summer schools e ainda angariar parceiros para propostas campus e innovation lideradas ou comparticipadas pela Faculdade”, refere Ana Faisca, técnica do GAI da Direção de I&D da Ciências ULisboa.

Primeira prova das OUB

Em Portugal existem atualmente 12 licenciaturas de Bioquímica com um total de 615 vagas. Leia o artigo da autoria do professor Francisco Pinto sobre o importante dinamismo desta comunidade estudantil.

Imagem gráfica da rubrica Radar Tec Labs

A rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade, tem aqui a sua primeira edição, com destaques do mês de janeiro e da spin-off Delox.

Levada Wanderungen, Madeira

Carlos A. Góis-Marques é o primeiro autor deste estudo. O aluno inscrito no doutoramento em Geologia da Ciências ULisboa desenvolve o seu trabalho sob orientação dos professores José Madeira, Miguel Menezes de Sequeira e José M. Fernández-Palácios.

Constituição da AMONET no notário em 2004

“(…) embora existam mudanças positivas, persiste uma grande diferença entre homens e mulheres cientistas em cargos de topo. Continua a ser muito menor o número de reitoras, diretoras de laboratórios de investigação ou professoras catedráticas. (…)”. Crónicas em Ciências com Maria José Costa, presidente da AMONET.

Vigilantes da natureza do Parque Natural do Vale do Guadiana do ICNF no JBT

O Jardim Botânico Tropical a ULisboa volta a abrir portas ao público.  A 1.ª fase do projeto de requalificação incluiu o melhoramento dos caminhos, lagos e linhas de água e alguns canteiros da zona sul do jardim.

Homenagem a Helena Iglésias Pereira

“Lena, partiste, mas estarás sempre presente no nosso coração.” Artigo da autoria de Maria Antónia Turkman, professora do DEIO Ciências ULisboa.

Helena Maria Iglésias Pereira, professora do Departamento de Estatística e Investigação Operacional (DEIO), faleceu dia 14 de janeiro. A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa lamenta profundamente o triste acontecimento, apresentando as condolências aos familiares, amigos e colegas de Helena Maria Iglésias Pereira.

Pormenor da impressão artística do processo de fusão da galáxia NGC 6240

A mais detalhada imagem do material envolvendo dois buracos negros supermassivos numa galáxia em processo de fusão foi obtida com a colaboração de um antigo aluno da Faculdade e atualmente investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, e que em 2019 colaborou também na produção da primeira imagem de um buraco negro.

A cientista Maria Elvira Callapez escreve sobre a problemática dos plásticos: “Os plásticos não são inimigos, pelo contrário, serão cada vez mais o material para todos os usos. Parece irrealista tentar viver, um dia que seja, sem plásticos ou outros sintéticos, sendo que, por exemplo, o dilema “papel ou plástico” perdurará…”.

Carlos Lopes e Margarida Amaral

Um estudo coordenado pelo BioISI abre novos horizontes para a doença crónica obstrutiva pulmonar. O trabalho realizado em parceria com o Hospital de Santa Maria mostrou como é que uma doença rara como a fibrose quística pode ajudar encontrar estratégias terapêuticas para esta doença comum. A investigação foi galardoada com o Prémio Thomé Villar/Boehringer Ingelheim 2019.

Campus Ciências ULisboa

À Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior compete a avaliação e acreditação de ciclos de estudos. Este ano letivo estão em avaliação 21 ciclos de estudos. Leia o artigo de Rebeca Atouguia, coordenadora da Área de Estudos, Planeamento e Qualidade da Faculdade.

Zygodon forsteri (Dicks. ex With.) Mitt

“Tive uma educação científica de excelência”, conta César Garcia, que concluiu os estudos em Ciências ULisboa, primeiro a licenciatura em Biologia Vegetal Aplicada, depois o doutoramento em Biologia, especialidade em Ecologia, com um trabalho sobre a Biodiversidade de Carvalhais da Rede Natura 2000.

A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa lamenta a ocorrência que, no passado sábado, vitimou mortalmente um ex-aluno da licenciatura em Tecnologias de Informação. Estamos todos em estado de choque e transmitimos aos familiares e amigos as mais profundas condolências.

Dia Internacional em Ciências 2019

As candidaturas a um período de estudos ou de investigação ao abrigo do Programa Erasmus+ na Faculdade começaram a 1 de dezembro, mas os estudantes puderam informar-se logo no Dia Internacional em Ciências dos tipos de mobilidade em curso, bem como dos requisitos necessários para a respetiva candidatura, que termina no último dia do ano.

Tabela Periódica no C8

Isabel Pinheiro podia ter escolhido uma carreira na área da investigação, mas optou pelo ensino. “Cada descoberta, cada aula, cada aula partilhada com um colega é um momento diferente”, refere a professora de Física e Química da Escola Seomara da Costa Primo, apaixonada pela educação e pela tabela periódica, que em 2019 celebra 150 anos.

"A memória da FFCUL, instituição, que soube merecer uma apreciação inequivocamente positiva dos investigadores que serviu, e de todas as instituições que financiaram as suas atividades, será mantida no seu site, onde se encontram todos os relatórios e contas desde 2009, e onde se pode seguir, com toda a transparência, a vida da FFCUL." Leia o artigo de José Manuel Rebordão, ex-presidente do Conselho Diretivo e da Comissão Liquidatária da FFCUL.

Universidade Agostinho Neto

Após o sucesso dos mestrados em Gestão e Governança Ambiental e Microbiologia Aplicada, dos quais resultaram os primeiros 25 mestres em Angola nestas áreas, iniciou-se este ano, a 2.ª edição do mestrado em Gestão e Governança Ambiental, com novos 25 alunos. José Guerreiro, professor do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa, esteve em serviço externo em Angola, tendo regressado a Portugal este sábado, dia 14 de dezembro, após fechar com sucesso o 1.º ano curricular de mais uma edição deste programa.

Imagem abstrata Ciências ULisboa

"A compreensão do tempo pode ser feita em função dos ganhos e perdas de informação. Assim, a adaptação é um ganho de informação, a degradação é um tipo de perda e implica um aumento de entropia. Os fenómenos complexos aparecem entre os estados de baixa e os de alta entropia, onde a baixa entropia dá-nos a ordem da complexidade", in no Campus com Helder Coelho.

O Tec Labs - Centro de Inovação da Faculdade participou numa missão de quatro dias, na Alemanha, organizada pelo Health Cluster Portugal (HCP). Leia a crónica publicada no blog do Centro de Inovação da Faculdade e saiba como decorreu a visita.

O Prémio Breakthrough em Física Fundamental 2020, um dos mais prestigiantes em Física, foi atribuído ao projeto Event Horizon Telescope (EHT) e a cada um dos 347 membros, incluindo o português Hugo Messias, antigo aluno da Ciências ULisboa e atualmente investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. Hugo Messias foi ainda galardoado este ano com o prémio GQ Men of the Year, na categoria ciência.

Andreia Tracana, Giulia Sent e Carolina Sá junto ao Discovery em Ponta Delgada

Carolina Sá, professora do DBV e investigadora do polo da Faculdade do MARE, doutorada em Ciências do Mar, juntamente com Andreia Tracana, Giulia Sent respetivamente mestre e estudante do mestrado em Ciências do Mar, também elas investigadoras do MARE Ciências ULisboa, participaram no cruzeiro AMT29, que atravessou o Atlântico, desde o Reino Unido até Punta Arenas, na América do Sul, a bordo do navio Discovery.

Rui Agostinho com alunos

Rui Agostinho, professor do Departamento de Física e investigador do polo da Faculdade do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, recebe no Dia Nacional da Cultura Científica o Grande Prémio Ciência Viva Associação Mutualista Montepio 2019, pela sua ação notável na promoção da cultura científica como professor, investigador, autor e divulgador na área da Astronomia.

Sala da aula

Ana Eliete dá aulas de Matemática há cerca de 15 anos e sempre quis ser professora. Escolheu a profissão por vocação. É licenciada em Ensino da Matemática, pela Universidade de Évora, e em 2011 concluiu o mestrado em Matemática para Professores, pela Ciências ULisboa.

A fibrose quística é uma doença genética hereditária rara que afeta cerca de 400 pessoas em Portugal

Margarida Amaral, professora do Departamento de Química e Bioquímica da Ciências ULisboa e coordenadora do Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas, foi distinguida com o Jack Riordan & Paul Quinton CF Science Award 2019, que visa homenagear os cientistas cuja missão é encontrar a cura para a fibrose quística.

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