Fóssil da mais antiga cenoura encontrada na ilha da Madeira

Levada Wanderungen, Madeira

O fóssil identificado é de uma espécie endémica da ilha da Madeira, o aipo-da-serra (Melanoselinum decipiens), que atualmente é encontrado em clareiras da floresta laurissilva húmida

Wikimedia Commons bit.ly/2S2n6Hw

Carlos A. Góis-Marques é o primeiro autor de um outro estudo que corroborou as observações históricas dos primeiros cronistas, que afirmavam a grande abundância de Ginjeira brava (Prunus azorica), uma árvore atualmente extremamente rara nos Açores. O trabalho de campo efetuado em 2016 por Carlos Góis-Marques e José Madeira, na ilha do Faial, permitiu a recolha de vários troncos carbonizados em depósitos de uma grande erupção ocorrida há cerca de 1200 anos e que deu origem à atual caldeira do Faial. O estudo da anatomia destes troncos carbonizados, através de microscopia ótica e microscopia eletrónica de varrimento, permitiu a identificação de sete espécies de árvores e arbustos que atualmente existem nos Açores. Entre os fósseis encontrados verificou-se uma abundância de troncos carbonizados de Ginjeira brava (Prunus azorica). Esta descoberta corrobora as observações históricas dos primeiros cronistas, que afirmavam a grande abundância desta árvore nos Açores, tendo sido referida inúmeras vezes pelos textos do séc. XVI de Gaspar Frutuoso (1590) e de Valentim Fernandes (1508). Este trabalho será publicado no jornal cientifico “Review of Palaeobotany and Palynology”, na edição do próximo mês de fevereiro e foi alvo de destaque pelo JM Madeira, dnoticias.pt e Rádio Calheta em dezembro passado. "Oceanic Island forests buried by Holocene (Meghalayan) explosive eruptions: palaeobiodiversity in pre-anthropic volcanic charcoal from Faial Island (Azores, Portugal) and its palaeoecological implications" publicado online pela Science Diret, em novembro passado, é assinado também por Juan Manuel Rubiales, Lea de Nascimento, Miguel Menezes de Sequeira, José Maria Fernández-Palacios e José Madeira.

Um estudo de frutos fósseis revela a presença de plantas de cenoura selvagem com caules e folhas gigantes há 1,3 milhões de anos na ilha da Madeira. Trata-se do fóssil mais antigo de cenoura descrito a nível mundial e a primeira vez que se descreve um fóssil de planta com evolução para gigantismo insular.

O estudo intitulado “Tracing insular woodiness in giant Daucus (s.l.) fruit fóssil from the Early Pleistocene of Madeira Island (Portugal)”, da autoria de Carlos A. Góis-Marques, Lea de Nascimento, José María Fernández-Palacios, José Madeira e Miguel Menezes de Sequeira, publicado online pela Wiley Online Library a 14 de janeiro, será um dos destaques do prestigiado jornal científico “TAXON” editado pela International Association for Plant Taxonomy. Carlos A. Góis-Marques é aluno de doutoramento em Geologia na Ciências ULisboa, sob orientação dos professores José Madeira, Miguel Menezes de Sequeira e José M. Fernández-Palácios. O doutoramento é financiado pela ARDITI - Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação. Esta publicação resulta dos trabalhos de investigação de Carlos A. Góis-Marques realizados no laboratório do Grupo de Botânica da Madeira da Faculdade de Ciências da Vida da Universidade da Madeira e no polo da Ciências ULisboa do Instituto Dom Luiz.

O fóssil identificado é de uma espécie endémica da ilha da Madeira, o aipo-da-serra (Melanoselinum decipiens), que atualmente é encontrado em clareiras da floresta laurissilva húmida. Apesar do nome comum ser aipo, hoje sabe-se, através de estudos moleculares, que se trata de uma cenoura (género Daucus) que evoluiu para um hábito lenhoso insular, tornando-se numa cenoura gigante.

Este fenómeno de gigantismo em plantas de ilhas oceânicas é comum a nível mundial e deve-se a processos evolutivos e ecológicos. Charles Darwin, no seu livro “The origin of Species” de 1859 (pp. 392), foi o primeiro a propor a evolução destas plantas arbustivas a partir de antepassados herbáceos. Os antepassados destas plantas, ao chegarem às ilhas, ficaram livres da obrigatoriedade de cumprir o seu ciclo de vida anual, tornando-se progressivamente em plantas perenes com crescimento lenhoso. Isto deve-se a vários fatores tais como o clima ameno das ilhas, a ausência de herbívoros, e a competição pela luz solar. Contudo, até ao momento, não se conhecia nenhum fóssil de uma planta com gigantismo insular que fornecesse pistas sobre quando é que os seus antepassados chegaram e evoluíram em contexto insular. Os fósseis de frutos agora descritos, são morfologicamente idênticos aos de Melanoselinum decipiens (ou Daucus decipiens), e sugerem que esta planta já teria evoluído para um porte arbustivo há 1.3 milhões de anos. Isto implica igualmente a chegada de uma cenoura selvagem (do género Daucus) à ilha da Madeira antes dessa data. Trata-se, portanto, da primeira prova de hábito lenhoso insular encontrado no registo fóssil. Outro facto curioso, é que os fósseis de plantas da família das cenouras (Apiaceae) são raros, sendo que os fósseis agora descritos correspondem ao registo mais antigo de cenouras a nível mundial.

Em janeiro de 2019, Ciências ULisboa publicou uma entrevista com Carlos A. Góis-Marques sobre um estudo de fósseis que revelou a extinção de uma árvore da família do chá que se encontrava presente há 1,3 milhões de anos na ilha da Madeira, desenvolvido no âmbito do seu doutoramento. O trabalho realizado ainda por Ria L. Mitchell, Lea de Nascimento, José María Fernández-Palacios, José Madeira e Miguel Menezes de Sequeira foi um dos destaques do volume de 15 de fevereiro de 2019 do jornal científico “Quaternary Science Reviews” e foi divulgado pelo jornal Público, Wilder e RTP Madeira.


Melanoselinum decipiens em floração; Silhueta indicando o porte arbustivo que esta pode atingir;  Fruto atual de Melanoselinum decipiens; Dois fósseis de fruto de Melanoselinum decipiens com 1.3 milhões de anos
Fonte Carlos A. Góis-Marques e Miguel Menezes de Sequeira

Departamento de Geologia com ACI Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Entrevista a Carlos A. Góis-Marques

Miguel Centeno Brito, professor do DEGGE, foi um dos participantes das II Jornadas da Energia, que ocorreram em abril passado, tendo sido um dos convidados do programa da Rádio Renascença Insónia.

Este ano as Jornadas celebraram a efeméride dos 35 anos da criação da licenciatura em Química Tecnológica.

 É necessário estabelecer redes de monitorização mais robustas e de larga escala para avaliar o impacto das alterações climáticas e da poluição atmosférica na Bacia do Mediterrâneo, refere comunicado de imprensa do cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

A primeira abordagem a uma reconstituição tridimensional da circulação atmosférica de Vénus pode ser lida no artigo “Venus's winds and temperatures during the MESSENGER's flyby: An approximation to a three-dimensional instantaneous state of the atmosphere”, publicado na Geophysical Research Letters.

O ano passado “The Sphere of the Earth” integrou a exposição “Formas & Fórmulas”, patente no Museu Nacional de História Natural e da Ciência. De lá para cá e por sugestão de José Francisco Rodrigues, um dos comissários desta mostra, Daniel Ramos começou a atualizar o referido programa tornando-o ainda mais rico em termos de funcionalidades e design, com uma multitude de visualizações cartográficas e da geometria da esfera e pela primeira vez em Português. Assim surgiu Mappae Mundi.

As plantas estão por todo o lado, são-nos indispensáveis de diversas formas, mas a nossa consciência, individual e coletiva, da sua importância, é ainda muito limitada.

“Não só quero continuar a adquirir competências, como quero passar a mensagem de que a Comunicação de Ciência é essencial para que a ciência seja compreendida e bem sucedida. É nosso dever informarmos a sociedade dos progressos científicos que vão sendo alcançados”, declara Rúben Oliveira, aluno do mestrado em Biologia da Conservação, finalista do concurso FameLab Portugal.

“O que realmente me aqueceu o coração foi o facto de que, depois da apresentação, algumas pessoas dedicaram tempo a dirigirem-se a mim para discutir o tema em mais profundidade, explicar-me os seus pontos de vista e opiniões”, declara Helena Calhau, aluna do 2.º ano da licenciatura em Física.

Ao serviço de quem está a ciência e a tecnologia? Devemos ter medo das suas utilizações? Há mesmo o perigo de uma superinteligência fazer-nos mal? Em 2014 e 2015, um conjunto de personalidades pôs em causa o controlo (ou a sua falta) da disciplina da Inteligência Artificial (IA) e abriu o debate com os temas da superinteligência e do domínio dos humanos por máquinas mais inteligentes. Graças a Elan Musk, Bill Gates, Stephen Hawking, Nick Bostrom e Noam Chomsky podemos estar mais descansados com o alerta (na singularidade defende-se que a Inteligência Artificial ultrapassará a humana para criar uma IA geral ou forte), mas mesmo assim cuidado.

“Sempre achei as áreas da educação e comunicação bastante interessantes, sonho desde jovem em incorporar um pouco destas duas áreas na minha carreira científica”, declara Hugo Bettencourt, aluno do mestrado integrado em Engenharia Biomédica e Biofísica.

“O Malcolm Love é uma pessoa incrível e ensinou-nos muitas coisas, desde como agir numa entrevista, como contar uma história de forma fascinante, como controlar o nervosismo e principalmente como cativar o público quando falamos”, conta Andreia Maia, aluna do mestrado em Biologia Molecular e Genética, finalista do concurso FameLab Portugal.

A que cheira a sardinha? Cheira bem, cheira a Portugal. Na próxima quinta-feira, 18 de maio, junte-se a Miguel Santos e a Susana Garrido, dois investigadores do IPMA envolvidos no processo de avaliação do estado dos recursos da pesca em águas nacionais e internacionais para mais uma sessão de 60 Minutos de Ciência, desta vez no Edifício Caleidoscópio.

Cristina Branquinho e Paula Matos propõem utilização dos líquenes como um novo indicador ecológico global.

Mais de mil alunos do ensino secundário visitaram o campus de Ciências no dia 3 de maio.

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O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de maio é com Assunção Bispo, assistente técnica do Departamento de História e Filosofia das Ciências.

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Pela 13ª vez, realizou-se em Ciências a fase de semifinal das Olimpíadas de Química Júnior. 67 alunos dos 8.º e 9.º anos conheceram a Faculdade, o Departamento de Química e Bioquímica e testaram conhecimentos de Química, em provas escritas e experimentais.

A 8.ª edição da feira anual de emprego de Ciências aconteceu em abril. Esclarecimento de dúvidas através do contacto pessoal com empresas, workshops, treino de entrevistas de emprego e análises de currículos foram algumas das atividades que marcaram os dois dias.

“Alargar horizontes, mudar atitudes” é o lema do “Girls in ICT @CienciasULisboa” que acontece este sábado, dia 6 de maio de 2017, em Ciências.

A pergunta “Pode uma máquina pensar?” abre a busca por agentes inteligentes capazes de interatuarem com os seres humanos através de linguagens (a proposta do jogo de imitação como teste de inteligência), e sobretudo de serem autónomos em ambientes sofisticados.

Realiza-se este mês a 7th International Conference on Risk Analysis, em Chicago. Nela, a professora de Ciências Maria Ivette Gomes é homenageada pelo seu trabalho na área da Análise de Risco.

Faltam poucos dias para o Dia Aberto. A Faculdade volta a abrir portas aos alunos do ensino secundário no próximo dia 3 de maio.

Nos dias 27 e 28 de abril de 2017 realiza-se a 8.ª edição da feira anual de emprego da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

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A componente tecnológica do espectrógrafo ESPRESSO que irá conduzir a luz dos telescópios do VLT para o instrumento, o coudé train, a ser instalado no ESO, é feita por uma equipa portuguesa da qual fazem parte professores e investigadores de Ciências. Neste artigo, fique a conhecer o trabalho realizado pelo grupo.

No mesmo espaço, associações de voluntariado, voluntários e estudantes de Ciências com interesse na disciplina de Voluntariado Curricular reuniram-se. O objetivo foi dar a conhecer o trabalho feito na disciplina de Voluntariado Curricular, através da partilha de histórias e experiências.

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