Novas evidências sobre ocupação humana da Sibéria

Um dente de leite com 31 mil anos foi descoberto nesta pequena área, entre restos antigos de ferramentas e ossos de animais

Elena Pavlova

Um estudo publicado na revista "Nature" revela novas evidências sobre a ocupação humana da Sibéria desde há 31 mil anos. Os resultados revelam que a região foi inicialmente ocupada por uma população paleolítica que foi mais tarde substituída em grandes eventos de migração.

Através dos registos arqueológicos existentes, já se sabia que o nordeste da Sibéria é habitado por humanos há mais de 40 mil anos. Mas a escassez destes registos não permitia ainda concluir qual terá sido a dinâmica das populações nesta região até à atualidade.

O estudo publicado na "Nature" é o primeiro a analisar e a comparar um total de 34 genomas antigos datados desde há 31 mil anos até à atualidade, obtidos de restos mortais humanos encontrados em diferentes locais da Sibéria. Os resultados revelam que a ocupação humana da região envolveu no mínimo três grandes migrações.

“A nossa hipótese inicial era de que as populações atuais da Sibéria descendiam dos humanos que se sabia terem vivido há cerca de 30 mil anos na Sibéria. Mas os genomas que analisámos ao longo da linha temporal desde esse passado remoto até hoje mostram grandes diferenças entre si – e contrariam essa hipótese. Por exemplo, as amostras com cerca de 30 mil anos são mais semelhantes às de indivíduos que vivem atualmente no oeste da Europa do que às de indivíduos das populações atuais da Sibéria”, explica Vítor Sousa, um dos autores do artigo, investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c em Ciências ULisboa.

Entre os genomas antigos analisados estão os genomas extraídos de dois dentes de leite: os mais antigos restos mortais humanos encontrados até hoje, com cerca de 31 mil anos. Foram encontrados num grande local arqueológico na Sibéria, perto do Rio Yana.

Um dos genomas analisado, correspondente aos restos mortais de um homem com 10 mil anos, encontrados próximo do Rio Kolyma, na Sibéria, revela também estar geneticamente relacionado com os indígenas americanos. Já se sabia que os humanos chegaram primeiro às Américas a partir da Sibéria até ao Alasca, através de uma ponte de terra que atravessava o estreito de Bering e que foi submersa no final da última Era Glacial. Mas é a primeira vez que uma ligação genética tão estreita é descoberta fora dos Estados Unidos da América.

“Compreender a história da ocupação humana da Sibéria é muito importante para compreender a história da humanidade como um todo. Por um lado, porque se trata de uma região com um clima extremo e inóspito – o que nos ajuda a perceber como as alterações climáticas ao longo dos últimos milhares de anos afetaram as populações humanas. Por outro lado, por se tratar de uma região que esteve ligada à América por uma passagem de terra, pelo atual estreito de Bering, é crucial para compreender a colonização humana das Américas. Os nossos resultados mostram que a análise do ADN antigo consegue resolver muitas questões sobre a relação entre as populações atuais, e mostra que populações que se extinguiram podem ter deixado um legado genético importante”, conclui Vítor Sousa.

Este estudo coordenado por Eske Willerslev, investigador da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca e da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, envolveu 54 investigadores de mais de 40 instituições científicas a nível mundial.

Marta Daniela Santos, cE3c com ACI Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

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Ciências participou no Google Hashcode 2017. Das 12 equipas concorrentes, cinco resolveram corretamente os desafios de programação, numa maratona marcada, segundo os participantes, pela aquisição de competências e boa disposição.

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A 3.ª corrida de carros movidos a energia solar conta com a participação de 30 pilotos e dez carros construídos por alunos dos ensinos secundário e universitário.

“Estou a adorar a minha experiência académica. Ao estar no ramo da Matemática, consegui desenvolver algumas softskills, tais como a organização, a atenção ao detalhe, a capacidade para questionar e o rigor”, declara Diogo Ramalho, campeão nacional universitário de Taekwondo e aluno de Matemática de Ciências.

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No filme “The man who knew infinity” (sobre a colaboração de Ramanujan com Hardy em Cambridge, Reino Unido) aborda-se a resolução de problemas e a discussão do recurso à intuição. O terreno da Matemática é o escolhido, tal como no problema de Kadinson-Singer (sem resolução durante 50 anos), e onde se trata da reconciliação da Física Quântica com a Matemática (Marcus, Spielman e Srivastava, 2015).

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Proteger a biodiversidade. Engane-se quem pensa que só os biólogos participam nesta árdua tarefa. 

Um estudo publicado na revista “Quaternary Science Reviews”, fruto de cinco anos de trabalho de investigadores portugueses e espanhóis, permitiu reconstruir a evolução da vegetação, paisagem e clima da ilha de São Miguel nos últimos 700 anos, através da análise dos sedimentos da Lagoa Azul.

A American Physical Society (APS) já anunciou a lista de homenageados pelo "Outstanding Referee Program" em 2017 e José Pedro Mimoso, professor do Departamento de Física e investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, é um deles.

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João Paulo Silva, doutorado em Ecologia por Ciências, investigador do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos e do cE3c, é um dos membros da equipa do Movetech Telemetry, no âmbito do qual estão a ser desenvolvidos equipamentos ultraleves e de grande autonomia para monitorização eficaz da vida selvagem.

O mercado do processamento da língua natural (PLN), segmentado em codificação automatizada, análise de textos, reconhecimento de carateres óticos, resposta interativa em voz, reconhecimento de padrões e imagens, e analítica da voz, tenderá a aumentar muito nos próximos dez anos.

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Qual o principal fator que provocou o crescimento das regiões exteriores das galáxias elípticas na época mais recente do Universo? Esta pergunta motivou a investigação liderada por Fernando Buitrago, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e professor convidado do Departamento de Física de Ciências, dando origem ao mais detalhado estudo publicado online em janeiro na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Jardim

O inquérito desenvolvido pelo cE3c - no âmbito do projeto europeu “Green Surge - Green Infrastructure and Urban Biodiversity for Sustainable Urban Development and the Green Economy” -, pode ser respondido até 15 de abril de 2017.

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