Obituário – Em homenagem

Helena Avelar de Carvalho (1964-2021)

Helena Avelar de Carvalho

Helena Avelar de Carvalho (1964-2021)

CIUHCT

Helena Avelar de Carvalho, investigadora do Centro Interuniversitário de História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT), a primeira portuguesa a doutorar-se no Warburg Institute/School of Advanced Studies of the University of London em História da Astrologia, com a orientação de Charles Burnett, investigadora principal do projeto ASTRA: Investigação Histórica em Técnicas e Práticas Astrológicas e board member do projeto RUTTER, faleceu. As cerimónias fúnebres decorrem dia 12 de março, no Crematório dos Olivais, pelas 10h00. Ciências ULisboa apresenta sentidas condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Testemunhos

“Algures durante o ano de 2008, ao terminar uma conferência, a Helena veio falar comigo. Foi assim que a conheci. A Helena fazia-se notar pelo seu porte elegante e pela simpatia do seu olhar, mas impressionava ainda mais pela sua inteligência culta e a sua amabilidade desconcertante. No fim dessa conversa fiquei com a certeza de ter conhecido uma pessoa com um enorme potencial académico. Esse primeiro encontro foi seguido de muitos outros e ao longo dos anos passámos muitas horas a discutir assuntos de interesse comum, a comentar descobertas de manuscritos, ou a planear atividades académicas. A Helena era uma fascinante mistura de delicadeza extrema e determinação férrea. Entrava pelo meu gabinete adentro, desfazendo-se em desculpas pela interrupção, ao mesmo tempo que me apresentava planos imensos de publicações, investigações e simpósios, para os quais, na ótica dela, não havia dificuldades, não havia obstáculos. Para a Helena, nada era impossível.

Quando a conheci, a Helena estava a regressar ao mundo académico depois de uma vida profissional rica e cheia de aventuras. Era uma mulher madura, que não tinha tempo a perder nem paciência para salamaleques académicos. Sabia o que queria, e tinha pressa. Fez um Mestrado em História Medieval na Universidade Nova, e poucos anos depois foi admitida para doutoramento no Warburg Institute, em Londres, sob a orientação de Charles Burnett. Ter desempenhado algum papel no encontro entre os dois é uma das grandes alegrias da minha carreira. Mas a Helena nunca precisou de mais ajuda nenhuma. Em muito pouco tempo os seus conhecimentos incomparáveis da tradição e das técnicas da astrologia antiga e moderna, haviam-lhe feito ganhar o respeito de todos, a começar pelo seu orientador. Terminou brilhantemente o doutoramento em 2019, e a sua tese deu origem ao livro An Astrologer at Work in Late Medieval France, que vai sair muito em breve na prestigiada série «Time, Astronomy, and Calendars: Texts and Studies», da editora Brill. A Helena escreveu ainda outros livros e vários artigos, mas esta obra ficará como o monumento mais acabado ao seu saber.

A Helena fazia parte do muito reduzido grupo de estudiosos que, nos últimos anos, têm paulatinamente revolucionado a historiografia da astrologia. Embora qualquer historiador admita sem hesitação o importante papel que os saberes astrológicos desempenharam na formação da cultura e ciência europeias, praticamente nenhum sabe analisar essas ideias e essas atividades por elas próprias. Os estudos sobre história da astrologia foram sempre feitos olhando ‘de fora’. Só muito recentemente surgiram especialistas capacitados para analisar esses factos a partir ‘de dentro’, a partir da própria lógica interna da disciplina e, portanto, com possibilidade de compreender não só as ideias e as técnicas, mas também as intenções, os valores e as escolhas desses peculiares agentes históricos que foram os astrólogos. Os contributos da Helena vinham nessa linha e estavam na fronteira mais ativa desses desenvolvimentos, especialmente na área que ela mais estudou, a das práticas astrológicas do séc. XV.

Trabalhando em história da astrologia teve de suportar muitas vezes o sarcasmo e a ignorância presumida de alguns ‘universitários’, sobretudo destas estirpes mais modernas e provincianas, sempre desejosos de moralizar, sempre prontos a cancelar. A Helena, uma especialista de reputação internacional, ouvia tudo com bonomia, e sorria simpaticamente, mesmo ao escutar os mais espantosos dislates. Nunca lhe ouvi uma palavra menos elegante acerca de nenhum colega. A Helena adorava pessoas. Aliás, a sua paixão pela história vinha da sua paixão pelas pessoas e pela vida. O entusiasmo e as ajudas concretas com que incentivou tantos estudantes e tantos colegas são impossíveis de contabilizar. Foi através dela que conheci muita gente -- mas sobretudo que conheci o Luís, seu parceiro de investigações e parceiro da vida, com quem vivia uma belíssima história comum.

A Helena era, sem qualquer dúvida, uma das melhores na sua área, no mundo inteiro, e a sua carreira académica estava só a começar. Nunca tive qualquer dúvida de que estaria destinada a grandes feitos, e ela, juntamente com o Luís, haviam-se tornado já em referências obrigatórias do campo. Uma visita rápida ao seu ‘Projeto Astra’ é bem reveladora da qualidade dos seus contributos e do respeito que granjeavam entre os especialistas mais conceituados. A morte da Helena é uma perda irreparável para os estudos de história da ciência, para o CIUHCT, e para a Faculdade de Ciências. Para mim, é ainda muito pior que tudo isso; perdi uma amiga, que espalhava alegria e entusiasmo por onde passava, para quem nunca havia dificuldades intransponíveis (‘Não é possível? Claro que é possível!’), e de quem recebi sempre, com enorme delicadeza, conselhos acertados e palavras sábias. Vai fazer-nos muita falta a todos.

Henrique Leitão, DHFC e CIUHCT Ciências ULisboa

“I met Helena several years ago, but I used to see her only once or twice a year. She was at that time studying at the Warburg Institute and only during her visits to Portugal I had the opportunity to talk with her. Casual talks. I always remember her and Luís’ original cakes for the department’s Christmas Feast. Everything changed when she concluded her PhD and returned to Portugal. Then, I had the opportunity to see her more often. I discovered an interesting and interested woman, as intelligent as sensitive. We felt immediate empathy. Then, she invited me for an interview for the Astra project. It was supposed to be an institutional interview, but then we realized that there were so many bridges between our very different fields of research. We had something else in common: the Warburg. In 2006, I had been a PhD occasional student, and we shared the same passion for the singular academic environment, the library and the photographic collection. This fact could bring together our different interests in the late medieval and early modern history of science. From then on, we shared so many dreams, and so many projects that we wanted to pursue.

In her memory, I will honour all of them, God willing.”

Ana Duarte Rodrigues, DHFC e CIUHCT Ciências ULisboa

"Não tenho palavras para expressar o meu pesar pelo falecimento da Helena.

Era uma investigadora excecional, inteligente, dinâmica e amiga. Participava na vida do CIUHCT e do DHFC sempre com grande entusiasmo.

Em todas as festas de Natal aguardávamos com expetativa o bolo que a Helena e o Luís traziam sempre alusivo à história das ciências. A cobertura do primeiro foi a superfície da Lua de Galileu e a Helena revelou que o pasteleiro tinha ficado perplexo. Nós ficámos encantados.

A sua energia e vitalidade levaram-na a estabelecer um protocolo de colaboração entre o CIUHCT e o Warburg Institute e a lançar o projeto ASTRA.

Era também um prazer enorme apreciar a incrível e bonita parceria entre a Helena e o Luís, a quem deixo um grande abraço solidário."

Ana Simões, DHFC e CIUHCT Ciências ULisboa

"Foi com grande pesar que recebi a notícia da partida da Helena. Embora não tivesse tido oportunidade de com ela privar, os contactos que tivemos foram sempre marcados pela sua simpatia e forte sentido de pertença ao CIUHCT. É, pois, uma perda para o nosso centro de investigação e para todos os seus colegas. Deixo, ainda, uma palavra de conforto para o Luís nesta hora de tanta dor."

Maria Paula Diogo, CIUHCT

CIUHCT com ACI Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Mar

Qual o impacto das poeiras provenientes do Sahara na produtividade marinha do Oceano Atlântico tropical, particularmente nos coccolitóforos (fitoplâncton calcário)? Esta é a principal questão que irá marcar o trabalho de Catarina Guerreiro, investigadora do MARE.

pilhas de compostagem

O compostor da FCUL foi inaugurado há pouco mais de um ano, em 27 de novembro de 2016, numa parceria entre a HortaFCUL, o Gabinete de Segurança, Saúde e Sustentabilidade da FCUL e o cE3c - Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Gabriella Gilli

Gabriella Gilli, investigadora do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, pretende usar um novo modelo teórico tridimensional, análogo ao que é usado para descrever a atmosfera de Vénus, para antecipar as futuras observações de exoplanetas quentes de tipo terrestre.

Vladimir Konotop

Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com o físico Vladimir Konotop e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

Bernadette Bensaude-Vincent

A ULisboa atribui a 2 de março o título de doutor honoris causa a Bernadette Bensaude-Vincent, por proposta da Faculdade de Ciências, homenageando uma personalidade de grande relevo cientifico com relações estreitas com o contexto científico português, demonstrando publicamente quanto lhe deve e quanto se sente honrada por lhe poder conceder este titulo.

Biblioteca com alunos

A entrada na faculdade é muito mais do que a transição para uma nova etapa académica, é o início de uma aventura no próprio desenvolvimento, onde se passa de jovem a adulto. Esta fase acarreta desafios para o próprio e nas relações com os outros, ficando este jovem adulto entre o medo e o desejo de crescer com tarefas académicas, sociais, pessoais e vocacionais para fazer face, simultaneamente.

Campus de Ciências

Dois investigadores do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais receberam bolsas europeias Marie Sklodowska-Curie para desenvolver investigação nos próximos dois anos.

Concorrentes

A semifinal aconteceu a 17 de fevereiro, a final nacional a 12 de abril e a final internacional entre 5 e 10 de junho. Em Ciências foram apurados quatro finalistas, estudantes da ULisboa nos cursos de Física, Biologia, Engenharia Química e Matemática Aplicada e Computação.

Carlos Mateus Romariz Monteiro

Faleceu a 9 de fevereiro de 2018, com 97 anos, Carlos Mateus Romariz Monteiro.

Pessoa sentada junto a uma mesa

Passamos, quer no trabalho como em momentos de lazer, longos períodos sentados. Estar sentado é um descanso! Mas, será mesmo assim?

João Martins

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O Dictum et factum de fevereiro de 2018 é com João Martins, técnico superior do Departamento de Física de Ciências.

A cooperação (e colaboração) científica apoia-se sempre em ensinar e aprender (dar e receber), num registo de amizade e humildade, de motivação e de empolgamento. A paridade é fundamental, tal como o “foco e simplicidade”, a relevância e a utilidade (Steve Jobs).

João Carlos Marques, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra é o novo diretor do MARE, sucedendo no cargo Henrique Cabral, professor do Departamento de Biologia Animal de Ciências.

A iniciativa possibilita aos estudantes a recolha de informação sobre diversas áreas do saber das 18 escolas da Universidade de Lisboa.

Ciências presta homenagem a Dmitri Ivanovich Mendeleev a 8 de fevereiro de 2018, data em que se assinala o 184º aniversário do seu nascimento. Nesse dia, 118 alunos do 9.º ano do Colégio de Santa Doroteia, em Lisboa, visitam a tabela periódica existente neste campus universitário.

O artigo “The Little Ice Age in Iberian mountains” publicado em fevereiro de 2018 na Earth-Science Reviews caracteriza com maior precisão o último grande evento frio do hemisfério norte, de acordo com comunicado de imprensa emitido esta quinta-feira.
A Little Ice Age (LIA) ou a Pequena Idade do Gelo ocorreu aproximadamente entre 1300 e 1850 e afetou as comunidades dos Pirenéus. Os resultados desta investigação está a ter algum impacto em Espanha.

Pormenor da capa do livro

“Ao contrário do que aparentava no início deste projeto, foi relativamente fácil dar um ritmo de arte sequencial (banda desenhada) ao argumento.

A 2.ª edição do mestrado em Gestão e Governança Ambiental da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto (FCUAN) deverá arrancar no último trimestre do ano letivo 2018/2019 e contará novamente com o apoio de Ciências. Na 1.ª edição 16 estudantes concluíram com sucesso os programas de estudo.

Cinquenta alunos do 4.º ano do Colégio Colibri, de Massamá, foram cientistas por um dia nos Departamentos de Biologia Animal e Biologia Vegetal.

Quando João Graça Gomes iniciou o estágio “Cenarização Sistema Elétrico 100 % Renovável em 2040”, com a duração de um ano, no Departamento Técnico da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), sob a orientação de José Medeiros Pinto, engenheiro e secretário-geral daquela associação, quis “dar o melhor e mostrar a qualidade do ensino de engenharia na FCUL”. O ano passado foi distinguido com um dos prémios de maior destaque da engenharia nacional.

João Graça Gomes, engenheiro do Departamento Técnico da APREN e mestre em Engenharia da Energia e do Ambiente, foi galardoado com o Prémio - Melhor Estágio Nacional em Engenharia Eletrotécnica da Ordem dos Engenheiros.

Nesta fotolegenda destacamos uma passagem da entrevista com o climatologista Ricardo Trigo e que pode ser ouvida no canal YouTube e na área multimédia deste site.

Por forma a gerir a ansiedade de uma forma mais eficaz antes dos momentos de avaliação são propostas algumas estratégias que não eliminam a ameaça mas podem ajudar a lidar de um modo mais eficaz com a ansiedade.

O que fazem e o que pensam alguns membros da comunidade de Ciências? O primeiro Dictum et factum de 2018 é com Marta Daniela Santos, responsável pelo Gabinete de Comunicação do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais.

Ciências será o palco de uma eliminatória regional do Famelab 2018, um dos maiores concursos internacionais de comunicação de ciência.

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