Poluição por plásticos

Das zonas estudadas, o estuário do Tejo apresentou a maior abundância de microfibras

EVOA Paulo Valdivieso

Scripta manent. O que se escreve, fica, permanece.


Pedro M. Lourenço a anilhar em Vasa Sacos
Imagem cedida por PML

Há cinco anos o biólogo marinho Pedro M. Lourenço encontrou microfibras em dejetos de aves. Foi nessa ocasião que surgiu a ideia de avaliar a abundância de microplásticos nos estuários, iniciando assim um estudo sobre a poluição por plásticos.

O investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) começou por fazer uma amostragem dirigida ao tema. Mais tarde, em 2013/2014, surgiu a oportunidade de ter uma aluna de mestrado dedicada a tempo inteiro ao assunto.

Catarina Serra Gonçalves após concluir a licenciatura em Biologia em Ciências, em julho de 2012, iniciou o mestrado em Biologia da Conservação, possibilitando dessa forma a amostragem aprofundada.

Quando os cientistas perceberam que seria importante determinar a composição química das fibras estabeleceram contacto com Joana Ferreira, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que auxiliou na análise espectroscópica das fibras.

A equipa do CESAM trabalha sobretudo com ecologia de aves costeiras e marinhas. Neste estudo sobre a poluição de plásticos no estuário do Tejo e em duas zonas costeiras da África Ocidental - o Banc d’Arguin na Mauritânia e o arquipélago dos Bijagós na Guiné-Bissau -, Pedro M. Lourenço e Catarina Gonçalves fizeram a maior parte do trabalho de campo, análise laboratorial e de dados.


Catarina Serra Gonçalves durante um estágio de conservação de tartarugas de água doce na Amazónia
Fonte Ana Romero

Atualmente, Catarina Serra Gonçalves prepara-se para começar o doutoramento na Universidade da Tasmânia, na Austrália. O seu projeto visa identificar os padrões de distribuição de micro e macro plástico ao longo da costa australiana, seguindo um pouco o estudo iniciado durante o mestrado em Ciências, de forma a definir hotspots de poluição marinha.


Saida noturna de Anfibios em Sintra
Fonte Diogo Cabecinha

Quando ingressou no ensino superior, a primeira opção de Catarina Serra Gonçalves foi Biologia, em Ciências. Gostou bastante dos professores e na sua opinião, quer a licenciatura, quer o mestrado deram boas bases de conhecimento teórico e prático. “Tem uma panóplia elevada de equipas de elevado nível científico e especializadas em variados temas”, conta a jovem que se interessou pelo estudo da ecologia e da conservação de aves marinhas e de limícolas, e que teve como orientadores de mestrado, Pedro M. Lourenço e José Pedro Granadeiro. “O que me interessou foi estudar um tema com elevada importância para a conservação da biodiversidade, acabei assim por divergir para estudar a poluição nos ecossistemas estuarinos e nas suas comunidades”, conclui acrescentando que “a publicação do artigo é um alerta para este problema e para as várias implicações destas partículas na biodiversidade”.

Para Pedro M. Lourenço as principais dificuldades deste trabalho estão relacionadas com o processamento das amostras de sedimento, que é “muito moroso e requer uma paciência razoável” e com a recolha das amostras nas zonas entremarés do estuário, que implica “longas caminhadas em lama”. Já a principal alegria passou por ver “o trabalho levado a bom porto”, quer na forma da tese que a Catarina Serra Gonçalves defendeu em 2016, quer com a publicação do artigo.

No passado dia 8 de agosto, a Science Direct divulgou “Plastic and other microfibers in sediments, macroinvertebrates and shorebirds from three intertidal wetlands of southern Europe and west Africa”, que apresenta os principais resultados deste trabalho e que contou também com a colaboração de Teresa Catry e José Pedro Granadeiro, ambos docentes do Departamento de Biologia Animal de Ciências. No próximo mês de dezembro o artigo será publicado, no volume 231, na Environmental Pollution.

Das zonas estudadas, o estuário do Tejo apresentou a maior abundância de microfibras. Os investigadores concluíram que todas as espécies de invertebrados e de aves analisadas ingerem microfibras e que estes poluentes propagam-se nas cadeias alimentares. Os cientistas alertam para o facto de alguns estudos laboratoriais mostrarem que a ingestão de microplásticos pelos animais pode causar distúrbios fisiológicos; e que os dois bivalves estudados no Tejo - a lambujinha e o berbigão - são consumidos pelo homem, que pode assim ingerir estes poluentes inadvertidamente, aconselhando a monitorização deste potencial problema.

“Atualmente temos vários projetos em curso sobre as aves marinhas e suas interações com outros organismos nos mares do arquipélago da Madeira, assim como um projeto (ainda em fase de planeamento) sobre a comunidade de aves limícolas do arquipélago dos Bijagós, na Guiné-Bissau. Este trabalho foca-se sobretudo em temas como a dieta, seleção de habitat, distribuição das aves e interações com as presas das aves e terá uma componente sobre poluição, não só por plásticos mas também por metais pesados.”
Pedro M. Lourenço

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Ana Subtil Simões, Área de Comunicação e Imagem de Ciências
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Estuários de plástico
tubarão-martelo

Novo estudo recentemente publicado na revista Frontiers in Marine Science, desenvolvido por investigadores portugueses e cabo-verdianos, revela zona de berçário de tubarões na baía de Sal Rei, na ilha da Boa Vista, em Cabo Verde. Albergando juvenis de várias espécies ameaçadas, incluindo o icónico tubarão-martelo, trata-se de uma região única no Atlântico Este.

vistas da tibia, dinossauro e silueta humana

Trabalhos de investigação na jazida de Lo Hueco, Cuenca, em Espanha permitiram identificar restos fósseis de um dinossáurio carnívoro, com aproximadamente 75-70 milhões de anos, estreitamente relacionado ao grupo dos velocirraptorinos.

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O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou, em cerimónia no Palácio de Belém no passado dia 31 de janeiro, o professor catedrático jubilado António Galopim de Carvalho com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública, ordem honorífica que reconhece a dedicação à causa da educação e do ensino.

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Foi publicado recentemente na revista internacional Historical Biology um novo estudo sobre a diversidade dos dinossáurios saurópodes do Maastrichtiano da antiga ilha de Hațeg, que corresponde atualmente ao atual território da Roménia. O estudo foi liderado pelo paleontólogo Pedro Mocho, investigador no DG Ciências ULisboa, no Instituto Dom Luiz (IDL), e no Dinosaur Institute do Natural History Museum of Los Angeles County, na Califórnia.

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Novo artigo da autoria de Ana Marta de Matos, investigadora do Centro de Química Estrutural, do Institute of Molecular Sciences, sobre o potencial terapêutico dos antibióticos à base de açúcares, foi publicado a 24 de janeiro, na 4.ª edição da revista European Journal of Organic Chemistry, uma publicação dedicada à Química Orgânica. O artigo foi destacado na capa da revista.

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A Fundação Calouste Gulbenkian atribuiu Bolsas Gulbenkian Novos Talentos a três estudantes de mérito da Ciências ULisboa das áreas de Matemática, Física e Biologia. David Moreno, Pedro Gil e Vicente Miguel vão participar no desenvolvimento de um projeto de investigação ao longo de um ano.

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Um novo estudo liderado por Luís Graça, investigador principal Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e professor catedrático da Faculdade de Medicina da ULisboa, e por Manuel Carmo Gomes, professor associado com agregação da Ciências ULisboa, ambos membros da Comissão Técnica de Vacinação contra a COVID-19 (CTVC) da Direção Geral de Saúde (DGS), publicado em janeiro na revista científica Lancet Infectious Diseases, mostra que a proteção conferida pela imunidade híbrida contra a subvariante de SARS-CoV-2 Omicron BA.5, obtida pela infeção de pessoas vacinadas, mantém-se até pelo menos oito meses após a primeira infeção.

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Em 2022 a Academia das Ciências de Lisboa elegeu para a sua Classe de Ciências novos membros efetivos e correspondentes nacionais. Entre eles estão os professores da Ciências ULisboa Fernando Ferreira, nomeado membro efetivo; João Duarte e Jorge Buescu, nomeados correspondentes nacionais.

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Oito professores e investigadores da Ciências ULisboa foram agraciados com prémios e menções honrosas, na edição de 2022 dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD). Errata da notícia publicada em novembro.

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Cinco docentes e investigadores do IDL participaram no consórcio do projeto NAVSAFETY, cujo principal objetivo foi o desenvolvimento de uma plataforma digital de auxílio às entidades portuárias na gestão do tráfego marítimo. O projeto, coordenado pela Universidade de Aveiro, e financiado pelo programa Fundo Azul, terminou no mês de setembro.

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Ciências ULisboa celebrou um protocolo de cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa, através do Regimento de Sapadores Bombeiros e do Departamento de Desenvolvimento e Formação. A assinatura do protocolo decorreu ontem, dia 19 de dezembro, nas instalações da Ciências ULisboa.

Boia na foz do estuário do Tejo

A Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet) integra o Programa da Década da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e representa Portugal neste programa da ONU. A CoastNet é uma infraestrutura de investigação do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), da Ciências ULisboa e da Universidade de Évora.

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Estudo, da autoria de quatro investigadores da Ciências ULisboa, que aborda as alterações ambientais em zonas húmidas e os impactos no habitat de aves limícolas costeiras, foi publicado na revista Science of the Total Environment.

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O Prémio Científico Mário Quartin Graça 2022, na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais, foi atribuído a Ana Cláudia P. Oliveira, aluna do doutoramento em Biologia e Ecologia das Alterações Globais na Ciências ULisboa e investigadora do cE3c.

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Para avaliar o impacto do pastoreio nas regiões áridas do planeta, uma equipa internacional com mais de uma centena de investigadores, destaque para Alice Nunes e Melanie Köbel, investigadoras do cE3c Ciências ULisboa, aplicou, pela primeira vez, o mesmo método de análise em 25 países de seis continentes.

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A 16 de novembro de 2022 foi instalado um sensor de tubo, na entrada da rua de acesso ao edifício C7 (rua interior à Alameda da Universidade), que permite detetar a passagem de bicicletas e trotinetes. Esta instalação insere-se na atividade do projeto europeu Tr @ nsnet – Um modelo de Living Lab Universitário para a Transição Ecológica

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A cerimónia de entrega dos Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD) 2022, acontece no próximo dia 28 de novembro, pelas 17h30, no Salão Nobre da Reitoria da ULisboa.

grupo de pessoas

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Ibéria Medeiros

Ibéria Medeiros, professora do Departamento de Informática da Ciências ULisboa, é a protagonista do terceiro vídeo do projeto “Porquês com Ciência”, divulgado no YouTube da Faculdade a 3 de novembro.

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