Em homenagem

António Morais Romão Serralheiro (1927-2021): um pioneiro na Geologia de ilhas oceânicas

Cratera inativa em Cabo Verde

A aplicação da estratigrafia clássica no estudo de sequências vulcânicas marca a sua obra

Unsplash – Datingjungle
António Serralheiro
António Serralheiro durante a erupção da ilha do Fogo (Cabo Verde) em Abril de 1995
Fonte JM

Faleceu a 25 de Agosto, aos 94 anos, o professor catedrático jubilado António Morais Romão Serralheiro. Natural de Runa (Torres Vedras), o professor Serralheiro licenciou-se em Ciências Geológicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) em 1956. Doutorou-se em Geologia (especialidade de Paleontologia e Estratigrafia) em 1978 com os trabalhos “A Geologia da Ilha de Santiago, Cabo Verde, que inclui 12 mapas geológicos na escala 1:25.000, e “Contribuição para a actualização do conhecimento do Complexo Vulcânico de Lisboa”. Obteve a agregação em 1991.

Como jovem licenciado foi contratado pela Diamang (Companhia de Diamantes de Angola), onde trabalhou como geólogo de prospecção de 1957 a 1959, tendo efectuado levantamentos geológicos de uma vasta área a sul da zona do Calonda (Lunda). A partir de 1960 trabalhou como investigador do Laboratório de Estudos Petrológicos e Paleontológicos do Ultramar da Junta de Investigações do Ultramar (posteriormente renomeado Instituto de Investigação Científica Tropical). Entre 1966 e 1979 foi 2º assistente do 1º Grupo da 3ª Secção [futuro Departamento de Geologia (DG)] na Ciências ULisboa, em acumulação com as funções de investigador na JIU. A partir de 1979 foi contratado como professor auxiliar, em regime de exclusividade, para a Secção de Geologia da Ciências ULisboa, sendo promovido a professor associado no mesmo ano. Em 1993 tornou-se professor catedrático, altura em que foi eleito presidente do DG da Faculdade. Jubilou-se em 1997.

Ao longo da sua carreira assumiu vários cargos em comissões nacionais e internacionais: foi vogal do Grupo de Trabalho de Cartografia Geológica da Inspecção Geral de Minas do Ultramar (1970 a 1974); membro do Grupo de Trabalho de Vulcanologia das Ilhas do Atlântico Central da IAVCEI - International Association of Volcanology and Chemistry of the Earth’s Interior (1971 a 1974); delegado da Junta de Investigações Científicas do Ultramar na 9ª Assembleia Geral da Comissão da Carta Geológica do Mundo da UNESCO (1974); representante de Cabo Verde na Associação dos Serviços Geológicos Africanos da UNESCO (1974); e responsável pelos temas de Geologia nas conversações bilaterais entre Portugal e Cabo Verde após a independência deste país (1977).

Da sua produção científica destaca-se a publicação de abundante cartografia geológica, particularmente das ilhas de Cabo Verde e Açores, ainda hoje utilizada por numerosos investigadores nacionais e estrangeiros. As numerosas cartas geológicas de regiões vulcânicas de que foi autor ou co-autor, publicadas a escalas de 1:15.000 até 1:500.000 (16 cartas; 43 folhas), abrangem as Ilhas de Santo Antão, S. Nicolau, Sal, Boa Vista, Maio, Santiago, Fogo (Cabo Verde), Santa Maria, Faial, Pico, S. Miguel, e Grupo Central (Açores), Madeira e Complexo Vulcânico de Lisboa.

Como docente lecionou várias cadeiras com destaque para as áreas de Cartografia Geológica e Paleontologia, tendo orientado numerosos seminários, monografias, estágios científicos, teses de mestrado e de doutoramento. Colaborou ainda em cursos de Biologia/Geologia nas universidades da Madeira e dos Açores.

A sua actividade de investigação na Junta de Investigações do Ultramar incluiu estudos de vulcano-estratigrafia e cartografia geológica nas antigas Províncias Ultramarinas Portuguesas: participou nas Missões Geológicas do Estado da Índia (1960-1961) e do Arquipélago de Cabo Verde onde colaborou, entre outros, com Luís Celestino Silva, João Macedo, Carlos Matos Alves e Alberto Mota Gomes (1963 a 1975). Já como docente da Ciências ULisboa os seus trabalhos focaram-se nos arquipélagos de Cabo Verde, Açores e Madeira.

Recordando o geólogo e professor

Fui aluno, assistente e colega do professor António Serralheiro que recordo com muita saudade. A sua atitude aparentemente severa como docente correspondia a uma máscara para a sua timidez natural no contacto com assistências mais numerosas. No campo, contudo, transfigurava-se e revelava-se um homem gentil e um excelente professor.

Relembro os dias de trabalho de campo em saídas esporádicas na região de Lisboa para visitar afloramentos do Complexo Vulcânico de Lisboa, ainda como aluno, e mais tarde como seu assistente e colega do DG Ciências ULisboa em campanhas de cartografia geológica e vulcano-estratigrafia nos Açores, Madeira e Cabo Verde.

Os seus primeiros trabalhos de investigação foram efectuados no antigo Estado Português da Índia em missões lideradas pelo professor Ávila Martins. Estes trabalhos foram, contudo, abruptamente interrompidos pela invasão pela União Indiana, em Dezembro de 1961, dos territórios portugueses da Índia. Encontrava-se nessa altura em Goa e foi necessário refugiar-se num navio holandês que aí se encontrava fundeado para não ser aprisionado como sucedeu com muitos funcionários públicos e militares portugueses destacados naqueles territórios.

Como académico, deixou escola, sendo que a maioria dos geólogos portugueses que trabalham em ilhas vulcânicas aprenderam com ele. Da sua “escola” incluem-se para além da minha pessoa, António Brum da Silveira, Paulo Fonseca, Fernando Ornelas Marques, João Mata (Ciências ULisboa), Paulo Torres (IICT), Rui Coutinho, João Luís Garpar, Teresa Ferreira, Gabriela Queirós, Nicolau Wallenstein, João Carlos Nunes (Universidade dos Açores), Susana Nascimento Prada (Universidade da Madeira) e, por intermédio destes, uma geração mais nova de que se destacam Ricardo Ramalho (presentemente na Universidade de Cardiff), Fátima Viveiros e Adriano Pimentel (Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos / Universidade dos Açores).

O seu trabalho em regiões vulcânicas, em que se destacou, resultou de uma situação circunstancial. Foi enviado para a antiga província ultramarina da Guiné para estudar jazidas fossilíferas na região de Cusselinta. Na altura era necessária autorização do Governador da Província para efectuar aqueles trabalhos mas, na audiência com aquele, a autorização foi-lhe recusada. Costumava contar que o Governador lhe respondeu que na região para onde pretendia ir “os mosquitos têm bico de chumbo”, numa referência à actividade de guerrilha independentista que, entretanto, havia começado. Não lhe tendo sido concedida a autorização iniciou o regresso a Lisboa, com escala em Cabo Verde. Decidiu então pedir ao professor Carlos Teixeira para ficar em Cabo Verde e aí iniciar trabalhos de investigação. Este, apesar de considerar que as ilhas eram geologicamente pouco interessantes (pois “não passavam de um monte de lava”, segundo contava o professor Serralheiro), anuiu e, deste modo, a vocação de paleontólogo deu lugar a um enorme interesse pela Geologia de regiões vulcânicas. Neste campo foi completamente auto-didacta, mas a sua grande capacidade de observação e inteligência levaram-no a tornar-se num especialista na estratigrafia vulcânica. Uma inovação fundamental que introduziu nesta área foi a aplicação de regras de estratigrafia clássica ao estudo de sequências vulcânicas e a sua cartografia com base em unidades verdadeiramente estratigráficas, numa época em que o estudo de ilhas vulcânicas se baseava essencialmente em observações de cariz litológico e petrográfico, sem consideração pela evolução geométrico-temporal destes edifícios.

A qualidade da cartografia geológica que produziu ou coordenou é ainda hoje, passadas várias décadas, reconhecida como excelente e utilizada e citada por investigadores nacionais e estrangeiros que trabalham em Cabo Verde e nos Açores.

Nota da redação: o autor não segue o atual Acordo Ortográfico.

José Madeira, professor do Departamento Geologia Ciências ULisboa e investigador do Instituto Dom Luiz
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Campus da FCUL

Os programas doutorais em Matemática da Faculdade de Ciências e do Instituto Superior Técnico da nova Universidade de Lisboa são parceiros no âmbito do Programa LisMath, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

Joana Almaça, Marisa Sousa, Inna Ulyiakina e Diana Faria não têm dúvidas em afirmar que foram “contaminadas pelo ‘bichinho da ciência’”, por isso, os planos futuros passam por “contribuir para o conhecimento dos mecanismos responsáveis por algumas patologias dos humanos”.

De 4 de janeiro a 1 de fevereiro de 2014,  a Biblioteca do C4 também está aberta aos sábados, das 9h00

A FCUL abriu as portas do Departamento de Física aos alunos da Escola Secundária Vergílio Ferreira, de Lisboa. Durante uma manhã, 26 alunos do 12.º ano exploraram os mistérios da Física.

O percurso académico e profissional da cientista é marcado pela experiência profissional além-fronteiras.

Prémio ANACOM URSI Portugal 2013

O estudo “Técnica multimodal inovadora baseada em PEM-UWB para deteção de cancro da mama e respetiva classificação” é da autoria da cientista Raquel Conceição.

O trabalho da jovem cientista também passa pela criação de uma rede de investigadores europeia, que colabore no desenvolvimento de aplicações médicas na frequência de micro-ondas e agilize processos de ensaios clínicos e de comercialização de novos equipamentos médicos.

“Os ocupantes cumpriram as instruções, saíram do edifício de forma muito ordeira e a evacuação foi feita com rapidez”, declarou Júlia Alves, assessora para a Segurança do Trabalho na FCUL.

Marília Antunes

“[Tê-la na nossa equipa] é absolutamente enriquecedor e imprescindível para a boa continuação do nosso trabalho”, comenta Sandra Garcês, coordenadora do projeto "An Evidence-Based Approach to Optimize Therapeutic Decisions Involving Biological Drugs”, distinguido com o Prémio Pfizer de Investigação Clínica 2013, que contou com a participação da cientista da FCUL.

The European Commission has presented on December 11th  the first calls for projects under Horizon 2020, the European Union's €80 billion research and innovation programme.

Consulte as apresentações disponíveis.

 

Para além de Paulo Urbano o estudo contará com a participação de um bolseiro e a consultoria do investigador Joel Lehman, da University of Texas at Austin. O financiamento total excede os 22.000 euros.

Autores do artigo publicado no Journal of Catalysis

Carla D. Nunes, Cristina I. Fernandes, Marta S. Saraiva, Teresa G. Nunes e Pedro D. Vaz trabalham há dois anos num estudo que visa o desenvolvimento de catalisadores mais eficientes e facilmente separáveis para reciclagem.

A equipa do CAUUL, responsável por este projeto, tem como objetivo “construir um modelo do sistema climático de Vénus e colocar os resultados de vários anos de investigação à disposição da comunidade científica mundial”.

Cartaz

A investigação premiada tem como foco principal os doentes com Artrite Reumatoide.

FCUL recebe delegação russa

“Achei o encontro muito interessante. Na Rússia não há muito conhecimento sobre a educação em Portugal e hoje descobrimos muitos aspetos interessantes que podemos vir a aplicar na nossa estrutura de ensino”, comentou Predybaylo Bladislav, membro da delegação russa em visita à UL

Durante as férias de Natal, de 23 de Dezembro a 3 de Janeiro a biblioteca do C4 está aberta todos os dias úteis das 9:30h às 17:30h.

Um dos Prémios Pfizer de Investigação Básica 2013 foi atribuído ao projeto “Global ENaC Regulators and Potential Cystic Fibrosis Therapy Targets", que tem como investigadora principal Margarida D. Amaral, professora do Departamento de Química e Bioquímica e um dos membros do BioFIG - Centro de Biodiversidade, Genómica Integrativa e Funcional da FCUL.

Rui Santos, Andreia Dias, Ricardo Santos, Dora Inácio e Hugo Ferreira

O conceito do projeto bioM surgiu durante o 2.º semestre de 2012/2013 no âmbito da disciplina Inovação e Transferência de Tecnologias.

João Lin Yun

João Lin Yun distingue-se na área da Física e da Astronomia. No seu currículo, diversidade de atividades organizadas e desenvolvidas dentro do território nacional e fora dele são um marco evidente. Para além da forte aposta na carreira profissional, a vida do professor da FCUL é marcada também pela escrita.

João Lin Yun

“Quando escrevo, há alturas em que as ideias e o material fluem de forma tão espontânea que me surpreendo com o resultado! É como se as personagens tomassem as rédeas e dissessem: ‘quero dizer isto e fazer aquilo!’ E eu limito-me a obedecer-lhes…”, comenta o professor da FCUL, João Lin Yun.

As candidaturas à formação avançada decorrem até 13 de dezembro. Para esta 1.ª edição, que se inicia a 13 de janeiro de 2014, devem ser atribuídas seis bolsas mistas cujos trabalhos decorrem em Portugal e no estrangeiro, com o intuito de desenvolver projetos conjuntos entre países.

Paulo Veríssimo, professor catedrático do DI-FCUL, participou no passado dia 25 de novembro de 2013, no programa "Sociedade Civil", transmitido na RTP2.
 
António Branco

Um dos resultados chave da análise levada a efeito é o de que a língua portuguesa é um dos idiomas para o qual a preparação tecnológica para a era digital é "fragmentária".

Imagem abstrata da  "Philosophy of Science in the 21st Century - Challenges and Tasks"

Durante o evento será lançado o programa doutoral em Filosofia da Ciência, Tecnologia, Arte e Sociedade, recentemente aprovado pela FCT, com a mais elevada classificação: “Exceptionally strong with essentially no weaknesses”.

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