“More than Honey”

Um olhar sobre o enigmático desaparecimento das abelhas

J. A. Quartau
Cedida por JAQ

Como as plantas não se deslocam, não conseguem enlaçar-se para ter sexo, como é apanágio da maioria dos animais terrestres. Dada aquela sua restrição, a reprodução das plantas com flor foi conseguida através de uma íntima parceria com as abelhas, que passaram a ter um papel crucial na sua reprodução a troco de açúcar (néctar) e de pólen (proteína).

Assim começa o magnífico filme em registo documental “More than Honey”, do realizador Markus Imhoof, ainda em exibição em Lisboa (“Abelhas e Homens”). Trata-se de uma tecnicamente sofisticada e bem conseguida análise do enigmático desaparecimento das abelhas (“Colony collapse disorder”), na esteira de “Microcosmos”, um clássico filme (1996) de Claude Nuridsany & Marie Pérennou sobre o mundo dos insetos. Em “More than Honey”, somos transportados desde a Europa (Alpes Suíços) e Estados Unidos até à China e Austrália, fazendo-nos o seu autor uma clara denúncia de que é o homem hodierno, por verdadeira ganância, o verdugo da agonia das abelhas, ao intoxicá-las com pesticidas, difundir-lhe doenças e parasitas e roubar-lhes robustez genética.

Wikimedia Commons - Bernhard Sprute/J.-H. Janßen
Fonte: Wikimedia Commons - Bernhard Sprute/J.-H. Janßen
 

Dito por outras palavras, é uma descrição minuciosa e cientificamente detalhada do conflito entre o nosso mercado global neoliberal e a sobrevivência destes imprescindíveis insetos. Recorde-se que dos insetos em geral depende o correto funcionamento dos ecossistemas terrestres e, quiçá mesmo, a nossa própria sobrevivência, como foi prognosticado por Einstein especificamente com as abelhas. Na verdade, os insetos prestam-nos serviços incalculáveis, nomeadamente na propagação das plantas, incluindo na polinização (como vai dito atrás) e na dispersão das sementes, na manutenção da composição e estrutura das comunidades vegetais, na decomposição e reciclagem dos nutrientes ou na manutenção das cadeias tróficas que permitem a existência de muitas comunidades animais. E não será ocioso referir que todos estes serviços são-nos oferecidos a custos nulos. Na verdade, considerando apenas as abelhas, se estas fossem recompensadas pelo seu trabalho na polinização dos pomares e de outras plantas cultivadas, teríamos que lhes pagar como fatura anual global pelo menos setenta mil milhões de euros, a que seria ainda necessário adicionar várias centenas de milhões pelos lucros adicionais com a produção de mel e de cera.

O caso da China é paradigmático. Ao ali erradicar os pardais por eventuais prejuízos, o homem despoletou o surgimento de inúmeras pragas de insetos (porque deixaram de ser controlados pelos pardais), pelo que a solução encontrada foi a utilização maciça de inseticidas que acabou por exterminar também as abelhas. Como resultado deste insensato procedimento, viram-se os agricultores chineses obrigados à polinização manual dos seus pomares, para que não ficassem estéreis. Fácil será concluir que quando esses trabalhadores forem pagos com salários mais justos, uma simples maçã irá ficar a um preço incomportável.
 

Markus Imhoof deixa-nos, porém, alguma esperança quando dá relevo às formas selvagens da abelha do mel, mais agressivas mas também de muito maior resiliência: neste particular, a abelha africanizada (híbrido entre a abelha africana e a abelha de origem europeia), considerada ainda há bem pouco tempo uma praga (a "killer bee" da América do sul, central e do sul dos EUA). É mais um brilhante exemplo que reforça a grande importância da conservação da biodiversidade em geral, desiderato que deveria ser adotado em todos os países como objetivo estratégico.

Enfim, um filme para saborear (das fascinantes imagens dentro das colmeias às paisagens alpinas e australianas, entre outras) e refletir sobre o nosso ganancioso comportamento. Mas e sobretudo, que nos abre janelas sobre esse “supraorganismo” chamado colmeia, um ainda misterioso e desconhecido microcosmos que, à semelhança do nosso complexo e fascinante mundo, se encontra igualmente em crise.

Nota da redação: Este tema foi publicado em versão resumida na edição online do Diário de Notícias em "Jornalismo do cidadão", no dia 13 de novembro de 2013 e sob o título "Dois complexos e fascinantes Mundos em crise".

J. A. Quartau, professor aposentado do Departamento de Biologia Animal, é presentemente investigador do Centro de Biologia Ambiental da FCUL
Várias pessoas num sala

Ciências ULisboa participou na 3.ª edição do roadshow EA-IDEIA - Estrutura de Acompanhamento da Investigação, Desenvolvimento, Experimentação e Inovação da Armada, organizado pela Marinha Portuguesa.

Pedro Machado

Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e professor da Ciências ULisboa, foi homenageado pelo Grupo de Trabalho para a Nomenclatura de Pequenos Corpos (WGSBN) da União Astronómica Internacional (IAU), com a atribuição do seu nome a um asteroide, que tem quase três quilómetros de diâmetro e demora quatro anos e meio a dar uma volta ao Sol.

ave a voar em cima do mar

Um novo estudo internacional sobre a análise do risco de exposição ao plástico por aves marinhas identifica o Mediterrâneo como a região de maior risco a nível global. O artigo foi publicado na revista científica Nature Communications e conta com 18 cientistas portugueses, entre eles quatro investigadores da Ciências ULisboa.

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Filipa Rocha, estudante de doutoramento na Ciências ULisboa, alcançou o 2.º lugar do Prémio Jovens Inventores 2023, atribuído pelo Instituto Europeu de Patentes. O prémio corresponde a um valor pecuniário de dez mil euros. A cerimónia de entrega de prémios decorreu esta manhã, em Valência, Espanha.

fotografia de grupo

Foi assinado um protocolo de cooperação entre Ciências ULisboa, a FCiências.ID, o cE3c e a empresa dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners, que visa a investigação e mitigação dos impactos da exploração eólica offshore ao largo da Figueira da Foz.

Logotipo da ACL

Cristina Branquinho e Isabel Trigo foram eleitas em 2023 respetivamente sócias correspondentes nacionais da Classe de Ciências -  Ciências Biológicas e Ciências da Terra e do Espaço – da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).

O projeto EDUCOAST, promovido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera, desenvolve programas educacionais para diversos níveis de ensino e para profissionais, na área das geociências costeiras e marinhas, tendo como base o trabalho de campo e as práticas experimentais.

Conceção artística do telescópio espacial Euclid no espaço

A missão espacial Euclid da Agência Espacial Europeia (ESA) irá penetrar nos últimos 10 mil milhões de anos de história do Universo para tentar compreender pela primeira vez o que está a acelerar a expansão do Universo. O lançamento do telescópio espacial Euclid está previsto para 1 de julho. O telescópio vai observar durante seis anos mais de um terço do céu. A participação portuguesa na missão Euclid é coordenada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

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Ciências ULisboa integrou recentemente o projeto “Autonomia 21”, um projeto da Associação Pais 21 cujo objetivo é integrar jovens com Trissomia 21 no mercado de trabalho. O dinamizador desta ideia na Faculdade foi Federico Herrera, professor do DQB e investigador do BioISI. No âmbito deste projeto, Ciências ULisboa recebeu dois jovens que estão neste momento a estagiar num dos laboratórios da Faculdade.

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A expedição Selvagens 50 organizada pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza da Madeira reuniu cerca de 40 especialistas de diversas instituições, entre os quais se incluem os professores do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa, José Pedro Granadeiro (aves marinhas) e Rui Rebelo (répteis terrestres).

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Uma equipa de investigadores escolheu um planeta a 106 anos-luz, com 1,37 vezes o diâmetro da Terra, descoberto em 2022, para apresentar a primeira simulação a três dimensões do clima de um planeta de tipo rochoso com as características que atualmente conhecemos em Vénus.

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A 9.ª edição da final nacional das Olimpíadas Portuguesas da Geologia decorreu nos dias 3 e 4 de junho, no Centro Ciência Viva de Estremoz / Pólo de Estremoz da Universidade de Évora, com a participação de 25 estudantes vindos de diversas regiões do País, incluindo uma delegação dos Açores (São Roque do Pico).

Rádão

O professor do DQB Ciências ULisboa e investigador do BioISI Ciências ULisboa é o primeiro autor de um novo artigo publicado no jornal Physical Chemistry – Chemical Physics da Royal Society of Chemistry, onde foram estudados diferentes compostos de rádon e xénon - dois gases nobres – e onde as suas propriedades energéticas e de ligação química foram analisadas.

Fundo do oceano

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Carlos Nieto de Castro

Carlos Nieto de Castro chegou à Faculdade em 1982 com a missão de criar uma escola de Termodinâmica e Processos de Transporte. Em abril de 2019 jubilou-se. Ainda assim, o seu trabalho enquanto investigador continua: todos os dias úteis chega à Faculdade pelas 8h30/9h00. Conheça o percurso do cientista.

3 alunos numa mesa, na semana da sustentabilidade

Neste Dia Mundial do Ambiente recordamos a Semana da Sustentabilidade, organizada por núcleos de estudantes da Faculdade, com o apoio da Associação de Estudantes e do Laboratório Vivo para a Sustentabilidade.

José Guerreiro, docente do Departamento de Biologia Animal e investigador do MARE, iniciou funções esta quinta-feira, dia 1 de junho, como presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

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O professor e geofísico Jorge Miguel Miranda deu a sua última aula na passada sexta-feira, e despediu-se do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, laboratório do Estado que presidiu nos últimos dez anos.

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Esta segunda-feira, dia 29 de maio, Ciências ULisboa recebeu a visita de Oksana Zholnovych, ministra da Política Social da Ucrânia, e Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho. Os governantes visitaram uma turma durante uma ação de formação do programa UPskill, com o intuito de ficar a conhecer melhor este projeto.

12 finalistas do 3 MT

Patrícia Chaves foi distinguida com o segundo lugar, na primeira edição da competição 3MT – Três Minutos de Tese dinamizada pela Universidade de Lisboa. O pódio ficou completo com Catarina Botelho, em primeiro lugar, e Matteo Pisano, em terceiro lugar, ambos do Instituto Superior Técnico. Os nossos parabéns aos vencedores e a todos os finalistas!

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Ciências ULisboa está de parabéns! 100% dos seus ciclos de estudos avaliados no segundo ciclo de avaliação (2017-2022) foram acreditados sem condições, pelo período máximo (seis anos), pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).

Grupo de pessoas

Entre os dias 13 e 17 de março deste ano realizou-se a excursão geológica de campo na Bacia Lusitânica (bacia sedimentar mesozóica na região centro-oeste de Portugal), a pedido da SHELL e organizada pela empresa GeoLogica (Portugal), do geólogo Pedro Barreto, antigo aluno de Geologia da Faculdade.

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No próximo dia 26 de maio, pelas 11h00, terá lugar no Grande Auditório da Faculdade a cerimónia de jubilação de Jorge Miguel Miranda, professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia na Ciências ULisboa, investigador do Instituto Dom Luís (IDL) e presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

oceano

José Guerreiro, professor do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), foi nomeado perito da World Ocean Assessment III junto da Division for Ocean Affairs and the Law of the Sea (DOALOS) – ONU.

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