Pode o oceano ajudar-nos a equilibrar o clima? Portugal está a contribuir para testar essa hipótese

Foto de uma onda no mar
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O oceano já faz muito por nós. Absorve cerca de 30% do dióxido de carbono (CO₂) que emitimos e retém mais de 90% do calor em excesso provocado pelas alterações climáticas. Mas será que pode fazer ainda mais?

Uma equipa de investigadoras do MARE/ARNET, de CIÊNCIAS, está a tentar responder a essa pergunta. Está envolvida num projeto científico internacional que quer perceber se aumentar ligeiramente a alcalinidade da água do mar pode ajudar a capturar ainda mais carbono da atmosfera e ao mesmo tempo manter a vida marinha segura.

A ideia parece simples: quanto mais alcalina for a água do mar, mais CO₂ ela consegue absorver sem se tornar mais ácida. A técnica chama-se Ocean Alkalinity Enhancement (OAE) e está a ser testada em 19 países, incluindo Portugal. O projeto é liderado pela Universidade da Tasmânia, apoiado pela SOLAS (Surface Ocean–Lower Atmosphere Study) e financiado pela Carbon to Sea Initiative, e chama-se OAEPIIP (Ocean Alkalinity Enhancement Pelagic Impact Intercomparison Project). Nome comprido, mas com um propósito claro: saber se esta solução pode funcionar e com que consequências.


Cenas do dia zero da experiência OAEPIIP. O dia começou com o enchimento dos tanques de microcosmos com água do mar natural, recolhida na Baía de Cascais, na costa oeste de Portugal.
Fonte: CHASE / MARE-ULisboa

Uma sala refrigerada, nove tanques microcosmos, e um pequeno mundo marinho

Para testar os efeitos da alcalinidade, Catarina Guerreiro e Ana Amorim do MARE/ARNET e do Departamento de Biologia Vegetal de CIÊNCIAS, com o apoio de uma vasta equipa de investigadores do MARE/ARNET, CQE, IDL, IPMA e IH, recolheu água do mar na Baía de Cascais. A água foi transportada para Lisboa e usada em experiências microcosmos num espaço especialmente preparado em CIÊNCIAS, com temperatura e luz controladas.

Ali, num conjunto de nove tanques transparentes, criaram-se três cenários distintos: um a representar as condições marinhas naturais, sem alterações; outro com água marinha à qual se adicionou um tratamento OAE “não equilibrado”, a simular o que acontece logo após a adição de alcalinidade, antes de o CO₂ entrar na água; e um terceiro, com água à qual se adicionou um tratamento OAE “equilibrado”, a simular água do mar que já atingiu o equilíbrio de CO₂ com a atmosfera. 

Durante 20 dias, foram medidos 12 parâmetros físico-químicos e biológicos, totalizando mais de 1.050 observações. Entre os principais alvos de análise estão os organismos planctónicos, microscópicos, mas cruciais. Estas comunidades formam a base da cadeia alimentar marinha e têm um papel fundamental no ciclo global do carbono. Saber como reagem à alteração química da água do mar é essencial para avaliar os riscos ecológicos e a sustentabilidade de soluções climáticas como o OAE.


Os nove aquários foram colocados nas suas posições, em frente da luz, no interior de uma sala com temperatura controlada. Para evitar qualquer enviesamento, os tanques foram rodados aleatoriamente todos os dias durante a experiência.
Fonte: CHASE / MARE-ULisboa

O que está em jogo?

O OAEPIIP é mais do que uma experiência de laboratório. É um esforço global para produzir dados comparáveis e sólidos, capazes de orientar políticas públicas e decisões sobre o futuro do oceano. Afinal, se queremos usar o oceano como aliado contra o aquecimento climático precisamos de garantir que essa ajuda não prejudica o próprio oceano.

Portugal está agora na fase de análise laboratorial de todas as amostras que foram colhidas durante a experiência. Nos próximos meses, os primeiros resultados deverão começar a surgir. E com eles, talvez mais pistas para responder a uma das questões mais urgentes do nosso tempo:
Podemos corrigir o desequilíbrio de carbono atmosférico sem comprometer a vida marinha?


Alguns dos membros da equipa, a celebrar o final do último diada experiência OAEPIIP na FCUL.
Fonte: CHASE / MARE-ULisboa

 

Vera Sequeira (MARE), em colaboração com a DCI CIÊNCIAS
dci@ciencias.ulisboa.pt
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No passado sábado, 29 de março, CIÊNCIAS acolheu as Olimpíadas Regionais de Física, um evento organizado pela Sociedade Portuguesa de Física que reuniu mais de 200 alunos do ensino básico e secundário de diversas escolas, acompanhados por mais de 80 professores. Durante a manhã, os participantes enfrentaram desafios teóricos e experimentais, pondo à prova os seus conhecimentos e criatividade na resolução de problemas científicos. O principal objetivo da competição foi estimular o interesse dos jovens pela Física e promover o pensamento crítico. Enquanto os alunos realizavam as provas, os professores acompanhantes tiveram a oportunidade de assistir a palestras ministradas pelos docentes do Departamento de Física Francisco Lobo e Nuno Matela, que abordaram temas como Ondas Gravitacionais e Imagem Médica.

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CHILL - CHIcken Tractors as an efficient and sustainable Link in closed Loop agriculture

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A Associação Portuguesa de Meteorologia e Geofísica (APMG) atribuiu ao investigador Carlos Corela o Prémio de Carreira Técnica para a Geofísica. A entrega desta distinção decorreu durante o jantar de confraternização do 13.º Simpósio de Meteorologia e Geofísica, durante o qual o investigador foi homenageado.

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A Fundação Ana Mendonça (FAM) anunciou a doação de €25.000,00 ao projeto MIMESIS –Bioadesivos inspirados na natureza para aplicações biomédicas e biotecnológicas, coordenado por Romana Santos, professora da CIÊNCIAS e investigadora no Centro de Ciências do Mar e Ambiente (MARE ULisboa), nomeadamente no grupo de investigação em bioadesão e biomimética.

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Cerca de 250 pessoas participaram nas várias atividades realizadas no Dia Internacional da Matemática em CIÊNCIAS 2025, o Dia do Pi, comemorado a 14, 15 e 19 de março. Leia alguns testemunhos de quem participou e organizou as atividades.

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A 23 de março celebra-se o Dia Mundial da Meteorologia. A data tem como objetivo aumentar a consciencialização global para a importância da meteorologia na compreensão do clima e dos fenómenos meteorológicos, além de alertar para as alterações climáticas e os seus impactos no meio ambiente, na economia e na qualidade de vida.

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Com apenas 0,45% do rastreio da missão espacial completado, o consórcio Euclid revelou, no dia 19 de março, um grande número de resultados descritos em 34 artigos científicos.

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A maior feira de educação e formação de Portugal volta à FIL nos dias 26 a 29 de março!

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Cerca de 60 alunos do 10.º ano do King's College School Cascais, com idades entre os 14 e os 16 anos, visitaram a Faculdade no passado dia 13 de março, e ficaram a conhecer de forma mais aprofundada como funcionam as aulas dos cursos de Biologia, Bioquímica, Química e Química Tecnológica e que tipo de investigação aqui é feita. Leia a reportagem e conheça a opinião de quem participou nesta iniciativa.

Rio Tejo

Vários investigadores do MARE-ULisboa participam em estudo que revela novos dados sobre a biologia reprodutiva do Siluro, também conhecido como peixe-gato europeu, no Rio Tejo. Este trabalho, agora publicado no Jornal de Biologia dos Vertebrados, da Academia de Ciências da República Checa, é o primeiro a ser feito com populações de siluro da Península Ibérica, incidindo na sua biologia reprodutora. Está inserido no âmbito do LIFE-PREDATOR, um projeto Europeu, liderado, em Portugal, por CIÊNCIAS.

Rúben Matos e Teresa Correia, alunos de CIÊNCIAS com projetos aprovados pelo Unite! Seed Fund 2024

Dois dos seis projetos aprovados pelo Unite! Seed Fund 2024, programa que pretende apoiar projetos inovadores e de colaboração entre universidades membros da aliança, contam com alunos de CIÊNCIAS. Rúben Matos e Teresa Correia estão em equipas diferentes, mas partilham o desejo de construir pontes entre as faculdades europeias.

Doutoramento em Saúde Planetária

A Universidade de Lisboa lança um Doutoramento em Saúde Planetária, com foco nos principais desafios globais que cruzam as ciências da saúde, ambientais, sociais e políticas, a nível local, regional e planetário. 

chuva

A precipitação na região do Mediterrâneo tem-se mantido razoavelmente estável, segundo um estudo publicado na Nature e que analisou os dados de 23.000 estações de precipitação de 27 países da zona mediterrânica, entre 1871 e 2020. O professor Ricardo Trigo, o doutorando Miguel M. Lima e o investigador Luis Gimeno Sotelo da CIÊNCIAS assinam o artigo, juntamente com outros 65 especialistas.

Cardume e logótipo da Nature Physics

​Nuno Araújo, Presidente do Departamento de Física de CIÊNCIAS e investigador no CFTC - Centro de Física Teórica e Computacional, é um dos autores de um estudo que acaba de ser publicado na prestigiada revista Nature Physics e cuja descoberta pode ter impacto na saúde e na robótica.

CIÊNCIAS conquista primeiro lugar em concurso do primeiro encontro de sustentabilidade

Decorreu no dia 11 de março o 1º Encontro de Sustentabilidade da ULisboa, que teve como principal objetivo promover uma discussão construtiva sobre a estratégia da ULisboa no âmbito da sustentabilidade e destacar boas práticas das Escolas apresentadas pelas Associações de Estudantes.

Elementos da Rede Miniflorestas de Portugal

No passado dia 7 de março, a FCULresta recebeu o primeiro encontro presencial das entidades parceiras que integram a recém-criada Rede de Miniflorestas de Portugal. O local do evento serviu também para celebrar os 4 anos da minifloresta de CIÊNCIAS, a primeira documentada no país e pioneira na adaptação do método de Miyawaki ao restauro de ecossistemas mediterrânicos em meio urbano em clima mediterrânico, mas sobretudo para refletir sobre os frutos que este projeto tem deixado um pouco por todo o país.

Catarina Frazão Santos

No passado dia 5 de março de 2025, decorreu em Bruxelas, na sede da Comissão Europeia, o evento "Fisheries and Oceans Dialogues", integrado nos European Ocean Days. Este encontro reuniu cerca de 450 participantes presenciais e muitos outros online, representando setores tão diversos como as comunidades piscatórias, a economia azul, a sociedade civil e a academia.

Foto de Marte.

Estudo inédito com participação de professores de CIÊNCIAS revela que Marte e Terra são mais diferentes do que se pensava anteriormente. Pedro Mota Machado e Francisco Brasil, investigadores de CIÊNCIAS, no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), são os primeiros autores deste estudo que condensa, pela primeira vez numa escala global, 20 anos de observações em Marte.

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