Prémio Príncipe de Girona

Entrevista com… Rui Benedito

Príncipe de Girona
cedida por RB

Rui Benedito, alumnus de Ciências, foi distinguido com o Prémio Fundação Príncipe de Girona de Investigação Científica 2014 pelo percurso profissional e pelo desenvolvimento do estudo “Caraterização de uma linha de ratinhos transgénicos e caraterização de expressão de genes via Nocth no ovário”. Fique a par de alguns pormenores do seu percurso académico e profissional na entrevista a seguir apresentada.

Ciências - Em que contexto surge a candidatura ao Prémio Fundação Príncipe de Girona de Investigação Científica 2014?

Rui Benedito (RB) - Surge na sequência da minha carreira profissional. Normalmente as candidaturas são feitas através de instituições e no meu caso o comité de investigacão do CNIC decidiu que eu seria o candidato ideal. Nessa altura, descrevi todo o meu percurso profissional na ficha de apresentação ao prémio e o júri da Fundação Príncipe de Girona decidiu que era merecedor do prémio.

Ciências - Qual o objetivo do trabalho?

RB - O objetivo do meu trabalho é entender alguns dos processos moleculares e celulares que ocorrem durante o desenvolvimento de novos vasos sanguíneos.

Ciências - Que importância científica assume? Que contributo faculta à área científica em que se insere?

RB - O estudo dos vasos sanguíneos é bastante importante de um ponto de vista terapêutico, porque está associado ao desenvolvimento de tumores, ao processo de metástase e também à maior parte das doenças cardiovasculares. Estamos essencialmente interessados em estudar a biologia das células endoteliais, que são as que revestem o interior dos vasos. O uso de moléculas que inibem ou induzem vias de sinalização ativas nestas células teve um impacto importante no tratamento de muitas doenças. Estudámos uma dessas vias de sinalização que, ao longo dos últimos anos, mostrou ter um papel muito importante na formação de novos vasos sanguíneos. Com o nosso trabalho, conseguimos entender melhor como diferentes membros desta via de sinalização funcionam em conjunto e como isso diminui a resistência destas células endoteliais à ausência de um dos seus fatores de crescimento mais importantes. Este trabalho foi reconhecido internacionalmente através de publicações nas revistas Cell e Nature.


Fonte: cedida por RB
Legenda: Grupo de trabalho que Rui Benedito lidera no laboratório  “Genética Molecular da Angiogénese”, no Centro Nacional de Investigações Cardiovasculares (CNIC), em Madrid

Ciências - O que distingue este projeto?

RB - Pretendemos descobrir, com um elevado nível de detalhe, como diferentes genes, associados com os mecanismos de sinalização que estudámos anteriormente, funcionam a nível molecular e celular. Estamos a desenvolver novos métodos para interferir com a função de alguns desses genes com um nível de resolução unicelular e, depois, iremos observar o impacto dessas modificações genéticas no comportamento ou fenótipo dessas células em diversos contextos. O caráter inovador destes estudos reside principalmente no nível de resolução temporal e espacial que vamos alcançar, o que se irá traduzir num melhor conhecimento da biologia dos vasos sanguíneos e em formas mais eficazes de alterar o seu funcionamento em situações patológicas.

Ciências - O que mais o fascinou nesta investigação?

RB - O que mais me fascinou foi, primeiro, toda a tecnologia de Engenharia Genética que está por detrás do estudo da função de genes num organismo animal como o ratinho de laboratório (Mus musculus). Depois, entender a grande dinâmica e complexidade destas células endoteliais que revestem todos os nossos vasos sanguíneos e que têm uma importância muito grande no desenvolvimento de qualquer cancro e em doenças cardiovasculares.

Ciências - Quais as principais dificuldades sentidas na sua concretização?

RB - As dificuldades principais são comuns a qualquer investigação. Quando iniciamos um estudo não podemos prever exatamente o que vamos obter. Tivemos muitas vezes que contornar problemas imprevistos e usar métodos alternativos para encontrar as respostas que pretendíamos.

Ciências - Quais os próximos passos a dar nesta investigação/neste trabalho?

RB - Estamos a desenvolver novos métodos e ferramentas genéticas que nos vão permitir ser mais rápidos e precisos no estudo da função de vários genes durante a angiogénese fisiológica e patológica. Isto irá permitir-nos validar mais hipóteses de interação molecular e, desta forma, ter um conhecimento mais global do processo.

Ciências - O que significa esta distinção para si?

RB - Para mim é um grande orgulho ver o meu trabalho reconhecido por este Prémio. Depois de ter passado por Inglaterra e Alemanha, estou em Espanha só há um ano e meio e é bom ter já o reconhecimento da comunidade científica espanhola que avaliou este Prémio. É também um grande estímulo para continuar em frente mesmo em tempos difíceis para a ciência.


Fonte: cedida por RB
Legenda: Visita de Mariano Rajoy ao laboratório de Genética Molecular da Angiogénese

Ciências - Que feedback teve do público presente na cerimónia de entrega de prémios que ocorreu dia 26 de junho?

RB - Foi um feedback muito positivo. O público geral não entende exatamente o que eu faço mas devido ao prémio têm a ideia que foi algo importante e excecional. Deram-me todos os parabéns e muitos disseram-me que pareço muito mais novo do que o meu currículo dá a entender.

Ciências - Em que medida os ensinamentos adquiridos na Faculdade de Ciências da ULisboa foram e são importantes para o trabalho que desenvolve?

RB  - Foram muito importantes porque eu tirei o curso de Biologia Microbiana e Genética que tem uma importante componente de Biologia Molecular e Engenharia Genética que está na base de tudo o que fazemos no nosso laboratório. É óbvio que depois de ter saído da Faculdade de Ciências da ULisboa aprendi muito mais coisas, mas sem a excelente base teórica adquirida durante o curso teria sido impossível desenvolver o meu doutoramento ou pós-doc da forma que o fiz. Já tive a oportunidade de trabalhar com estudantes de Biologia de vários países (Portugal, Espanha, Inglaterra e Alemanha) e a minha impressão é que nós saímos muito bem preparados da Faculdade de Ciências da ULisboa. Os estudantes de ciência portugueses são muito apreciados no estrangeiro. Por falar nisso - tenho posições disponíveis no meu laboratório para estudantes portugueses. Neste momento, só Espanha, Índia e EUA estão representados no nosso grupo.

Ciências - Realizou investigações no London Research Institute do Reino Unido e no Max-Planck Institute for Molecular Biomedicine, na Alemanha. Que importância teve esta experiência além-fronteiras?

RB - Foi muito importante. É claro que apesar do grande desenvolvimento nos últimos anos, Portugal ainda é um país com menos recursos humanos, estruturais e financeiros para desenvolver ciência de alto nível. Estes países do norte da Europa têm uma história científica que demorou muitos anos a construir e só espero que em Portugal, tal como em Espanha, a aposta na ciência não se vá com a crise financeira. Na falta de recursos, espero que se tomem decisões difíceis, pela excelência, e que se avalie e aposte nos grupos com maior potencial científico. A melhor ciência portuguesa está ao nível da melhor ciência europeia, há que estimulá-la porque, no fundo, é dessa que depende o futuro do país.

Ciências - Projetos futuros, há já algum planeado?

RB - Todos os dias planeamos projetos. Temos ideias que se concretizam ou não, que estão dependentes de resultados, os quais muitas vezes intuímos mas não os podemos prever. Por isso, temos muitos projetos a longo prazo mas, na realidade, tudo depende do dia-a-dia no laboratório. Às vezes corre bem, outras vezes não. O mais importante é testar hipóteses, e quanto mais e mais rápido, melhor. No fundo são só isso, hipóteses, até os resultados demonstrarem que são verdadeiras ou falsas.

Raquel Salgueira Póvoas, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura
info.ciencias@fc.ul.pt
Planta de tomate

“O efeito da competição e simbiose na virulência de um parasita de plantas" - um projeto coordenado pelas cientistas Alison Duncan e Sara Magalhães - é um dos quatro projetos vencedores da 1.ª edição do Prémio Tremplin Mariano Gago.

Paisagem antártica na zona de estudo

As alterações climáticas amplificam as ondas de calor no continente antártico. Esta é a conclusão apresentada pelos cientistas Sergi González-Herrero, David Barriopedro, Ricardo M. Trigo, Joan Albert López-Bustins e Marc Oliva num artigo publicado na Communications Earth & Environment.

Alexandre M. Ramos, Francisco S. N. Lobo, Margarida D. Amaral e Sara C. Madeira

Alexandre M. Ramos, Francisco S. N. Lobo, Margarida D. Amaral e Sara C. Madeira são as personalidades da Faculdade distinguidas com os Prémios Científicos ULisboa/Caixa Geral de Depósitos (CGD) 2021. Os seus colegas Cláudio M. Gomes e Francisco Malta Romeiras também são agraciados nesta edição com menções honrosas. A cerimónia de atribuição destes prémios e menções honrosas acontece no próximo dia 28 de junho, no salão nobre da Reitoria da ULisboa.

Fernando Antunes, João Pires da Silva e Fadhil Musa

A Delox, a spin-off do Tec Labs – Centro de Inovação da Ciências ULisboa, acaba de anunciar a angariação de 750 mil euros de financiamento para desenvolver as etapas necessárias até ao início da comercialização do novo sistema de biodescontaminação.

Estrelas

Qual é o nosso lugar no Universo? A resposta a esta e tantas outras questões encontra-se no livro do astrofísico David Sobral, que em 2015 descobriu a galáxia CR7, a mais brilhante do Universo, e que está disponível nas livrarias a partir desta terça-feira e tem lançamento marcado para esta quinta-feira, 19 de maio, pelas 18h30, no campus da Faculdade, no edifício C6, anfiteatro 6.1.36.

grande auditório da Faculddade com pessoas

O livro “ESPRESSO: Uma Aventura no Deserto de Atacama”, da autoria dos cientistas Alexandre Cabral  e Nuno Cardoso Santos, foi apresentado ao público numa cerimónia ocorrida no grande auditório da Faculdade no passado dia 14 de maio. A obra bilingue e gratuita dá a conhecer a aventura tecnológica e humana da construção do ESPRESSO, com fotografias e memórias criadas no deserto mais seco no mundo, no Chile.

logotipo radar

Vigésima terceira rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a NBI – Natural Business Intelligence.

pessoas observam a exposição

“De Lisboa para os Trópicos” é o nome da mais recente exposição da Ciências ULisboa, patente no átrio do edifício C6 desde 21 de abril e que vai estar em exibição até ao próximo dia 21 de junho. A mostra itinerante de fotografias assinala o 2.º aniversário do Colégio Tropical, uma unidade transversal da ULisboa.

Logotipo CHI 2022

A principal conferência internacional dedicada aos fatores humanos em sistemas computacionais distinguiu com a classificação de melhor apresentação 25 papers, destaque para o paper "Investigating the Tradeoffs of Everyday Text-Entry Collection Methods" sobre as vantagens e desvantagens de vários métodos de introdução de texto.

Margarida Amaral

Margarida Duarte Amaral dirigiu o Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (BioISI) durante oito anos. Esta entrevista é sobre o passado, o presente e o futuro e como “o todo é maior do que a simples soma das suas partes”.

pin sobre palavra credit

Conceição Freitas, presidente do Conselho Científico da Ciências ULisboa, escreve sobre a prestigiante subida da ULisboa no Center for World University Rankings e no SCImago Institutions Rankings.

4 fotografias da envolução do terreno

Life Ribermine é o nome de um projeto ibérico responsável pelo restauro geomorfológico de minas em Portugal e Espanha. A  Associação Centro Ciência Viva do Lousal, da qual Ciências ULisboa é associada fundadora, é o único parceiro português do projeto.

Saco com logotipo da jobshop em destaque

A XII edição da Jobshop Ciências 2022 - a feira anual de emprego da Ciências ULisboa realiza-se nos próximos dias 11 e 12 de maio, no campus da Faculdade, no Campo Grande. Cerca de 80 entidades participam nesta edição e poderão contactar diretamente os estudantes, graduados e pós-graduados da Faculdade em stands, workshops e sessões de recrutamento. Além de empresas, também participam no acontecimento unidades de I&D da Faculdade.

Vários edificos - imagem com duas cores

Com foco na posição de Portugal em comparação com os restantes países europeus, a rubrica "Dados Contados" abordou temas como educação, desigualdade salarial, direitos LGBTQ+, impostos e imigração, entre outros, através de diversos indicadores estatísticos. Durante toda a produção, a autenticidade das fontes e a correta representação dos dados foram as duas principais preocupações.

duas pessoas a fazerem uma experiencia, e um monitor do Dia Aberto ao fundo a observar

Depois de duas edições com atividades online, o Dia Aberto em Ciências regressa este ano às atividades presenciais. A investigação científica e o ensino vão estar no centro da programação, abrangendo todas as áreas científicas. São mais de 70 as atividades disponíveis, entre visitas a laboratórios, atividades científicas, palestras, speed dating com cientistas, visitas ao campus e conversas rápidas sobre os cursos.

Henrique Leitão e Gracinda Gomes

Os cientistas da Faculdade foram eleitos sócios honorários da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), juntamente com outras quatro personalidades, duas delas da ULisboa. Atualmente a SPM tem nove sócios honorários.

Jaime A. S. Coelho, professor convidado do Departamento de Química e Bioquímica e investigador do polo desta faculdade do Centro de Química Estrutural, foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) com o Prémio para Melhor Químico Orgânico Jovem 2021.

Alunos na biblioteca do C8

Os artigos da revista Astronomy & Astrophysics (A&A), uma das principais revistas científicas de Astronomia do mundo, já são publicados em acesso aberto, através do subscribe-to-open (S2O), um modelo de ciência aberta por assinatura.

5 quitones

Artigo científico publicado no Journal of Paleontology dá conta da descoberta em Portugal de duas novas espécies de moluscos marinhos do Pliocénico (há cerca de 3,6 Ma) . O cientista Carlos Marques da Silva é um dos autores deste trabalho.

pessoa a ver uma fotografia da exposição

Crónica sobre a exposição “De Lisboa para os Trópicos”, da autoria de Rúben Oliveira e Teresa Vaz, curadores da mostra e que a partir de 21 de abril e até 21 de junho vai estar em exibição no átrio do edifício C6, no campus da Faculdade.

Cinco oradores e vários alunos a assistir

A Matemática une. O tema das comemorações do Dia Internacional da Matemática 2022 reflete o espírito de quem organiza atividades de divulgação científica, na Faculdade e fora dela, e também de quem participa. Fique a par das atividades do IDM, e conheça a opinião de estudantes e professores.

Logotipo das comemorações do Dia da Faculdade

Após dois anos a comemorar um aniversário de forma remota, em 2022, a comunidade da Faculdade volta a reunir-se no grande auditório da Ciências ULisboa para celebrar os 111 anos da instituição, criada por decreto a 19 de abril de 1911. A cerimónia comemorativa acontece no próximo dia 27 de abril, a partir das 14h00.

Logotipo da olimpíadas

A semifinal das Olimpíadas de Química Mais (OQ+) e a semifinal das Olimpíadas de Química (OQ) Júnior acontecem, respetivamente, nos próximos dias 30 de abril e 7 de maio, no campus da Faculdade. Professores e estudantes do Departamento de Química e Bioquímica colaboram em ambos os eventos.

Mercado de Santa Clara

"A sustentabilidade económica e escalabilidade dos sistemas agroecológicos é um objetivo difícil de atingir, mas sem dúvida necessário", escreve Inês Costa Pereira, da equipa da Caravana AgroEcológica, a propósito do 4.ª Dia Aberto de Produtores.

Unidade de colimação

O grupo de Instrumentação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço  produziu nos laboratórios da Ciências ULisboa uma peça essencial para o sucesso da missão espacial PLATO, designada unidade de colimação. Segundo notícia publicada no site do IA, duas delas já estavam previstas no âmbito do consórcio, a terceira acontece por encomenda direta da Agência Espacial Europeia.

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