Opinião

Nova revista da Nature dedicada ao oceano

oceano, areia, palmeiras e barcos

A nova revista da Nature Ocean Sustainability lançou o seu primeiro número este mês liderada por Catarina Frazão Santos, investigadora e docente do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e do MARE

Vasco Pissarra
Catarina Frazão Santos
Catarina Frazão Santos
Imagem cedida por CFS

Foi publicada este mês a primeira edição da nova revista da Nature, npj Ocean Sustainability. Esta é uma revista científica interdisciplinar, de acesso aberto, que tem por objetivo providenciar um fórum único de discussão, partilha de informação e identificação de soluções para suportar a sustentabilidade do oceano.

O editorial de abertura, intitulado “A sustainable ocean for all” é assinado pelo corpo editorial da revista – um conjunto de especialistas e cientistas internacionais, peritos em diversas áreas de conhecimento relacionadas com o oceano, e provenientes de diferentes instituições e países (e.g., Stanford University, University of Tasmania, University of West Indies, University of Santa Catarina, International Union for Conservation of Nature).

A revista npj Ocean Sustainability tem um cariz fortemente interdisciplinar, reconhecendo a multiplicidade de visões existentes sobre um oceano sustentável. Assim, acolhe de igual forma as ciências naturais e sociais – da ecologia marinha aos estudos indígenas; das ciências jurídicas, políticas e administrativas às ciências médicas, às artes e às humanidades. Reconhece também que enquanto o oceano é “um” do ponto de vista biofísico, existe uma “pluralidade” de valores e relações entre os seres humanos e o oceano, em resultado de múltiplas especificidades geográficas e históricas, que têm de ser tidos em conta.

De facto, a relação entre o oceano e os seres humanos é profunda e complexa. O oceano engloba 71% da superfície do planeta, bem como 95% da biosfera, e providencia um conjunto de bens e serviços dos quais dependemos. Ao mesmo tempo, o oceano está cada vez mais exposto a impactos e pressões humanas. As alterações climáticas, a sobreexploração de recursos marinhos, e a poluição marinha são alguns dos factores que condicionam a saúde do oceano, afetando a sua capacidade de suportar sistemas socio-ecológicos resilientes e saudáveis. Assegurar um oceano sustentável é não apenas essencial, mas uma “responsabilidade coletiva da humanidade”1.

Esta necessidade encontra-se agora firmemente reconhecida na agenda política e económica internacional. Entrámos recentemente na Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030)2. Estamos a meio caminho no calendário para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas, que inclui o ODS 14, “Proteger a Vida Marinha”, com as suas metas para a conservação e uso sustentável do oceano3. A importância do nexo oceano-clima tornou-se amplamente reconhecida nos últimos anos, com o papel das soluções de mitigação e adaptação baseadas no oceano a ser identificado como fundamental para alcançar o Acordo de Paris4. Ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), estão quase concluídas as negociações relativas a um instrumento internacional juridicamente vinculativo sobre a conservação e utilização sustentável da biodiversidade marinha em áreas fora da jurisdição nacional (BBNJ)5. A Organização Mundial do Comércio acaba de assegurar um novo Acordo que proíbe subsídios prejudiciais à pesca para ajudar a proteger os recursos marinhos e as inúmeras comunidades humanas que deles dependem6.

À luz de toda esta atenção, a segunda Conferência do Oceano das Nações Unidas7, que se realizou recentemente em Lisboa, foi palco de inúmeros compromissos e promessas centrados na expansão de ações alicerçadas na ciência e na inovação para apoiar a implementação do ODS 14, bem como de muitos dos outros ODS.

Primeira e futuras edições

Em conformidade com este impulso global relativo a discussões sobre a sustentabilidade do oceano, foi lançada a primeira edição da revista npj Ocean Sustainability. Esta edição inclui três artigos, representativos da natureza transdisciplinar e do foco em soluções práticas pretendidos para a revista.

A edição começa com um comentário sobre iniciativas locais de gestão marinha e defensores dos oceanos, iniciativas estas que tendem a receber um reconhecimento e apoio insuficientes. O artigo identifica cinco recomendações para inverter essa tendência. De seguida, um artigo de revisão sobre o papel da equidade social na governação do oceano apresenta uma abordagem para apoiar a operacionalização consistente de questões de equidade, bem como avaliar o seu progresso. Um segundo artigo de revisão fecha este primeiro número, destacando os impactos ecológicos da produção de energia eólica offshore. Nos próximos anos verificar-se-á um aumento potencial na produção de energia do oceano, devido não só à necessidade de descarbonização e mitigação das alterações climáticas, mas também à crescente necessidade de independência energética de diferentes países.

Para o futuro, a revista npj Ocean Sustainability está particularmente interessada em investigação que incida sobre as interligações existentes entre ciência, política e prática, bem como abordagens sistemáticas, soluções transformativas, e inovação para suportar a sustentabilidade do oceano a múltiplos níveis. Uma vez que a revista procura contribuir para o desenvolvimento inclusivo de conhecimento sobre o oceano, são incentivadas submissões provenientes de qualquer área disciplinar (ou combinação de áreas), desde que sejam cumpridos os padrões académicos da área e a investigação esteja claramente alinhada com a sustentabilidade do oceano.

É, assim, fortemente incentivada a submissão de comentários, perspetivas críticas, artigos de revisão, e artigos de investigação originais, teóricos e empíricos, desde estudos de caso até meta-análises, abordando uma vasta gama de tópicos, as suas dimensões políticas, e a identificação de soluções potenciais para questões identificadas. É também de grande interesse para a revista a investigação relacionada com a Agenda 2030 das Nações Unidas, particularmente com o ODS 14, mas também com as suas interligações com outros ODS. A revista acolhe favoravelmente a investigação de nível local e global; do alto mar às interações terra mar; de todas as bacias oceânicas, estados costeiros e, particularmente, pequenos Estados insulares (também referidos como grandes Estados oceânicos).

Com um corpo editorial diversificado e internacional, a revista continuará a procurar e a acolher potenciais membros para a equipa editorial provenientes de diversas regiões – e.g., Ásia, América Central e do Sul, Pacífico, África, Médio Oriente.

Numa altura em que o oceano está simultaneamente fortemente ameaçado e reconhecido como essencial para o bem-estar humano, a identificação de soluções sustentáveis e caminhos para o progresso baseados na melhor ciência e conhecimento é fundamental.

O editorial de abertura, bem como a primeira edição da revista podem ser consultados na íntegra (acesso aberto) em: www.nature.com/npjoceansustain/.

Nota da redação: A revista npj Ocean Sustainability é liderada por Catarina Frazão Santos, editora-chefe, convidada em setembro de 2021 para fundar a revista, criar os objetivos e visão para a mesma, e estabelecer o corpo editorial de especialistas. Bióloga marinha de formação, especializou-se em ordenamento do espaço marinho e políticas do mar, trabalhando como especialista internacional na área. É investigadora e docente do Departamento de Biologia Animal da Ciências ULisboa e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE).

1 The Human Relationship with Our Ocean Planet. https://oursharedseas.com/wp-content/uploads/2020/10/Allison-et-al.-The-Human-Relationship-with-Our-Ocean-Planet.pdf (2020).

2 The United Nations Decade of Ocean Science for Sustainable Development (2021–2030). https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000261962 (2021).

3 The United Nations. Transforming Our World: The 2030 Agenda for Sustainable Development. https://sdgs.un.org/2030agenda (2015).

4 Glasgow Climate Pact. https://unfccc.int/sites/default/files/resource/cma2021_10_add1_adv.pdf (2021).

5 Intergovernmental Conference on Marine Biodiversity of Areas Beyond National Jurisdiction. https://www.un.org/bbnj/ (2022).

6 Agreement on Fisheries Subsidies. https://www.wto.org/english/tratop_e/rulesneg_e/fish_e/fish_e.htm (2022).

7 The United Nations Ocean Conference. https://www.un.org/en/conferences/ocean2022 (2022).

Catarina Frazão Santos, editora-chefe da revista npj Ocean Sustainability
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

Aceitam-se candidaturas de docentes para inclusão numa  Bolsa de Recrutamento, para a Área de Finanças e Economia - Secção Autónoma de Estatística, d

FCUL promove cooperação com EMBL

A passagem do diretor-geral do EMBL pela FCUL, foi registada através de uma reportagem multimédia. Fique a saber mais sobre esta visita bem como os pormenores do evento “Molecular Biology in Portugal and EMBL”!

De 8 de Julho a 30 de Agosto as bibliotecas do C4 e C8 têm alteração nos horários de funcionamento

Doctorate in Applied and Engineering Physics

Programa Doutoral em Física Aplicada e Engenharia Física

Arthur Vieira, estudante do mestrado integrado em Engenharia Física e Emiliano Pinto, aluno de mestrado em Física Nuclear e Partículas, são os diretores da revista trimestral do Departamento de Física da FCUL e  que integra uma equipa editorial constituída por outros 16 discentes.

Challenge4you desafiou estudantes dos cinco aos vinte anos

“Aquilo que aqui aprendemos faz parte da cultura geral e todos nós devemos ter algumas ideias sobre o local onde estamos inseridos e sobre esta união de que todos fazemos parte e que tanto nos ajuda”. A declaração é da estudante e participante Adriana Pereira de 17 anos.

Para uma crítica das perspectivas recentes da União Europeia sobre o Ensino Superior

Recomendações para melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem.

Implicações no Quebramento do Gondwana e sua Correlação com as bacias da Margem Atlântico Sul e Atlântico Central

É crucial que estatísticos e investigadores em Ciências do Ambiente mantenham uma colaboração estreita, para que continuem a ser desenvolvidos métodos estatísticos e computacionais adequados que permitam dar resposta continuada aos desafios presentes e futuros.

Está disponível a edição de 2012 do JCR (Journal Citation Reports).

O trabalho de cinco investigadoras portuguesas foi distinguido no início de junho em Boston, nos EUA. O congresso mundial contou com mais de 800 cientistas de 50 países.

[Tec Labs]i – Potenciar a Inovação

“Os alunos da FCUL tiveram uma experiência única que não vão esquecer ao longo da sua vida académica e profissional”, denota Rui Ferreira, administrador do Tec Labs – Centro de Inovação da FCUL.

Visita de Estudo à nova Universidade de Lisboa

“[Viveu-se um ambiente] muito propício ao debate onde o intercâmbio de ideias e de boas práticas foram muito gratificantes e uma mais-valia para os participantes e oradores do evento”, declarou Luísa Cerdeira, pró-reitora da Universidade de Lisboa e presidente do FORGES.

Álvaro de Campos

TABACARIA

O Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (DI-FCUL) vai organizar a 3 de julho deste ano a primeira edição do 

“Eu sempre gostei de fazer desenho geométrico e sempre me interessei pelos azulejos e seus painéis e pela calçada portuguesa pela sua beleza, pela arte, e porque têm potencialidades científicas, estéticas e didáticas praticamente ilimitadas”, conta o investigador do Grupo de Física-Matemática, distinguido recentemente com o Prémio Abordagem Inovadora “SOS Azulejo 2012”.

As bibliotecas do C4 e C8 têm horários alargados durante a época de exames de 1 a 29 de Junho.

Mestrados DBA 2013-2014

Investigadores do projeto “Climate Change Iniciative – Ocean Colour”

A equipa do projeto “Climate Change Iniciative – Ocean Colour” esteve reunida na FCUL, nos dias 21 e 22 de maio. Os investigadores avaliaram as ações em curso e discutiram alguns assuntos com a comunidade de end-users.

Jorge Manuel Ribeiro Rezende galardoado com o prémio “Abordagem Inovadora”

Intervenção na cerimónia de entrega dos Prémios 'SOS Azulejo' 2012:

Sessões dias 24 e 25 de junho 2013

"Gás de Xisto"?! Sim? Não? Porquê? Como? Onde?

Cerimónia de escritura do Instituto do Petróleo e do Gás

A transferência de conhecimento e tecnologia para a sociedade faz-se mediante o reforço das relações entre as comunidades científica e empresarial. Para J. M. Pinto Paixão, diretor da FCUL, esta é a oportunidade ideal para constituir parcerias suportadas no conhecimento e no exercício de uma cidadania plena.

Páginas