O Congresso Connect Hub deu a conhecer mais detalhes sobre a nova pós-graduação
Quando se trata de reabilitação motora há dois fatores incontornáveis: o corpo humano pouco ou nada mudou nos últimos milénios, mas as tecnologias de reabilitação não param de evoluir todos os anos. E foi isso mesmo que o congresso Connect Hub 2025, que se realizou este sábado no Grande Auditório da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS), tratou de lembrar com a participação de engenheiros, fisioterapeutas, empresas tecnológicas, e ainda uma novidade: a apresentação da nova pós-graduação de Tecnologia Digital em Ciências da Reabilitação, que resulta da parceria entre ForPhysio, CIÊNCIAS ULisboa e F.Ciências.ID.
“Esta pós-graduação pretende dar resposta às necessidades que têm sido manifestadas por fisioterapeutas, médicos e técnicos de reabilitação. Já há muitas tecnologias que permitem ter uma reabilitação eficaz, mas naturalmente, nem todos os profissionais da área de reabilitação acompanhar todas estas inovações que surgiram em tão pouco tempo”, explica Sofia Fernandes, professora do Departamento de Física em CIÊNCIAS e coordenadora da pós-graduação de Tecnologia Digital em Ciências da Reabilitação.
“Nesta pós-graduação, abordamos conceitos que estão consolidados e servem de base para trabalhar com várias inovações tecnológicas. Deste modo, disponibilizamos novas competências profissionais e garantimos a longevidade desta formação face às inovações que aí vêm”, acrescenta a professora de CIÊNCIAS.
A nova pós-graduação tem uma duração de oito meses e arranca no final de janeiro, com sessões de formação agendadas para sextas-feiras e sábados. Além da reabilitação motora, o plano de estudo pode revelar-se útil para quem tem por missão melhorar o desempenho desportivo ou, simplesmente, presta serviços que fomentam a saúde e o bem-estar. “Esta pós-graduação tem como destinatários os fisioterapeutas e também outros profissionais de saúde que estão envolvidos em reabilitação musculo-esquelética”, refere Hugo Ferreira, investigador do Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica (IBEB) e professor do Departamento de Física em CIÊNCIAS, que partilha com Sofia Fernandes a coordenação da nova pós-graduação.

A evolução tecnológica abriu caminho a ferramentas terapêuticas que garantem maior eficácia em músculos e articulações, mas também gerou novas alternativas na hora de ajudar quem sofreu uma lesão cerebral que provoca lesões motoras. “Com estas tecnologias, estamos a propor o uso de métricas que permitem que o terapeuta desenvolva as abordagens personalizadas que são mais eficazes para cada paciente. Além disso, estas tecnologias distinguem-se por permitirem trabalhar em simultâneo os músculos e a mente”, acrescenta o investigador de CIÊNCIAS.
Com a participação da ForPhysio, a pós-graduação garante também os contributos de quem costuma trabalhar diretamente com os pacientes. “Esta oferta formativa foi pensada e estruturada por engenheiros e profissionais de saúde. Conseguimos juntar o melhor dos dois mundos. Temos a tecnologia que vem da parte informática, da engenharia biomédica, da biofísica, da programação e de todo o conhecimento que encontramos na própria Faculdade de Ciências, e temos a experiência da ForPhysio, enquanto clínica de fisioterapia especializada na saúde e no bem-estar, que conta com profissionais para fazer a ligação entre as duas áreas do saber”, responde Nuno Pina, gestor da ForPhysio.
Além de funcionar como mostra de inovações e de contar com apresentações de sete empresas tecnológicas, o congresso Connect Hub manteve como prioridade a melhoria da qualidade de vida. “Quisemos trazer para este Congresso exemplos de tecnologias que podem levar a transformar a prática clínica e que, realmente, produzem impacto direto nas vidas de pacientes, cuidadores, e profissionais de saúde”, explica Adérito Seixas, responsável pela coordenação científica do Connect Hub, e um dos formadores que vão participar na pós-graduação de Tecnologia Digital em Ciências da Reabilitação.
As universidades já são conhecidas pela produção de algumas das tecnologias mais sofisticadas da atualidade, mas não podem perder de vista a adaptação de currículos e formação, recorda Adérito Seixas: “A formação tem de ter em conta a missão e as competências associadas às diferentes tecnologias”. É esse caminho que CIÊNCIAS continua a desbravar.

