Entrevista com José Madeira

Tsunamis e ilhas oceânicas: um risco subestimado”

José Madeira
GCIC Ciências ULisboa

Tsunamis e ilhas oceânicas: um risco subestimado” é o tema da palestra de entrada livre, proferida por José Madeira a 14 de outubro, pelas 17h30, no edifício C6, sala 6.2.53.

O professor do Departamento de Geologia de Ciências ULisboa e investigador do Instituto Dom Luiz é um dos autores do artigo  “Hazard potential of volcanic flank collapses raised by new megatsunami evidence”, publicado recentemente na Science Advances e cujos resultados serão apresentados neste evento. Os outros autores são Ricardo S. Ramalho, Gisela Winckler, George R. Helffrich, Ana Hipólito, Rui Quartau, Katherine Adena e Joerg M. Schaefer.

O artigo mostra que o colapso pré-histórico súbito de uma das mais altas e ativas ilhas oceânicas – a ilha do Fogo em Cabo Verde – produziu um tsunami gigante com consequências catastróficas.

Com esta iniciativa os organizadores da palestra – o Instituto Dom Luiz e a Faculdade de Ciências da ULisboa – esperam contribuir para a divulgação da descoberta, que alerta para o perigo potencial dos colapsos laterais de ilhas vulcânicas e para a necessidade da sociedade melhorar a sua capacidade de resiliência a ameaças deste tipo.

O site da Science Advances tem uma avaliação dos artigos pelo seu impacto nos mass media e redes sociais. Três dias após a sua publicação, era o n.º 2 num total de 37 e estava em 14.º num total de 166.

Na curta entrevista que se segue José Madeira conta como correu este trabalho.

A principal contribuição de José Madeira foi a descoberta dos depósitos de tsunami e a sua associação ao colapso da ilha do Fogo. Todos os autores participaram na escrita do artigo, que foi liderada por Ricardo Ramalho, antigo aluno do Departamento de Geologia de Ciências ULisboa, tal como Ana Hipólito e Rui Quartau.

Ricardo Ramalho em cima de um dos mega-blocos de lava transportados pelo tsunami para o interior do planalto a partir da cornija da arriba litoral
Fonte: JM
Legenda: 
Ricardo Ramalho em cima de um dos mega blocos de lava transportados pelo tsunami

Ciências ULisboa - Como é que surgiu a hipótese de trabalharem em conjunto neste estudo?

José Madeira (JM) - Os depósitos de tsunami foram inicialmente encontrados e identificados por mim e pelo Ricardo independentemente. O Ricardo encontrou o campo de mega blocos no norte de Santiago, no âmbito dos trabalhos de campo para a sua tese de doutoramento. Eu encontrei os depósitos conglomeráticos de tsunami (primeiro numa outra ilha, depois em Santiago), no âmbito de um projeto de investigação em Cabo Verde.

Numa das ocasiões em que o Ricardo passou por Lisboa mostrei-lhe fotos dos depósitos de tsunami e a minha ideia sobre a origem do evento, e isso chamou-lhe a atenção para o campo de blocos que ele tinha observado, que lhe tinha chamado a atenção, mas cujo significado não lhe tinha ocorrido.

Nesse momento percebemos a dimensão do evento e uma das tarefas necessárias para publicar esses dados seria a sua datação. Na altura, o Ricardo tinha ganho uma bolsa Marie Curie, através da Universidade de Bristol (onde se tinha doutorado), com estada de dois anos no Lamont-Doherty Earth Observatory da Universidade de Columbia, para aprender métodos de datação e utilizar os respetivos equipamentos.

Nesse projeto a datação da implantação dos megablocos seria possível através de uma das técnicas que ele iria utilizar (datação por exposição cosmogénica).

A Gisela Winkler é a responsável pelo laboratório de datação por exposição cosmogénica e foi sob orientação do Joerg e da Gisela que o Ricardo efetuou as datações. O George Helffrich foi o orientador de doutoramento do Ricardo e colaborou na modelação da onda. A Catherine Adena (colega do Ricardo, em Bristol) e a Ana Rita Hipólito (minha doutoranda) participaram no trabalho de campo com o Ricardo. O Rui Quartau é um colega com quem trabalhamos há algum tempo e que criou os modelos digitais de terreno e efetuou a análise espacial dos blocos.

Ciências ULisboa - Como é que acha que vai ser recebido pelos pares?

JM – O estudo que agora foi publicado foi já apresentado em algumas reuniões científicas internacionais e foi recebido com bastante entusiamo pelos colegas uma vez que as evidências são concludentes. Com efeito, há muito tempo que se debatia o modo como se processavam os grandes colapsos do flanco dos edifícios vulcânicos insular. A questão fundamental era se esses colapsos podiam ocorrer de uma vez só e instantaneamente, envolvendo toda a massa rochosa em falta, ou se correspondiam sempre a sucessivos eventos de menores dimensões. Evidentemente, o potencial para gerar tsunamis aumenta com o volume da massa rochosa deslocada.

O que o nosso estudo demonstra é que a dimensão do tsunami cujos vestígios encontramos implica a mobilização rápida e a entrada no mar de um enorme volume rochoso. Consequentemente, confirma-se o potencial para a geração de tsunamis gigantescos em consequência do colapso de ilhas vulcânicas, tal como sugeriam algumas modelações de tsunamis gerados por colapsos.

Ciências ULisboa - Após a publicação nesta revista, o que se segue?

JM - Estamos de momento a estudar depósitos do mesmo evento em outras ilhas de Cabo Verde para compreender de que modo se processa a atenuação das ondas e os efeitos da interferência topográfica das ilhas na propagação do tsunami. Outro aspeto que está a ser desenvolvido é a modelação numérica deste evento constrangida pelos dados de campo.

Ana Subtil Simões, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura de Ciências Ulisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt

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Devido ao numero excessivo de mensagens falsas que nos últimos tempos têm chegado às caixas de correio dos utilizadores da FCUL, algumas delas dando a entender que são enviadas de endereços internos, fomos obrigados a tomar medidas mais restritivas em relaç

Boletim da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) integra Portal RCAAP

Alunos brasileiros

A Faculdade de Ciências recebeu cerca de 70 alunos de mobilidade, vindos do Brasil.

Aula aberta - Mestrado em Biologia Molecular e Genética

7 de Novembro, 11:00, sala 2.4.16

 

INFORMAÇÃO

Recent years have witnessed the emergence of new sequencing technologies that are revolutionizing the approach to public health problems.

Na FCUL existe uma unidade curricular designada Projeto Empresarial. Esta “cadeira”, comum ao ISCTE-IUL, prepara os alunos para a realidade empresarial e tecnológica. No total, cerca de 300 alunos já a frequentaram.

Carlos Rafael Mendes

A tese do antigo aluno da FCUL, Carlos Rafael Borges Mendes e recentemente premiada, contou com a orientação conjunta das professoras Vanda Brotas e Virginia M. Tavano.

Web of Science Book Citation Index - Trial para todos os membros b-on

Estão abertas as inscrições para a disciplina que promove o empreendedorismo - Projeto Empresarial. Todos os alunos de mestrado ou nos dois últimos anos de mestrado integrado podem candidatar-se até dia 16 de novembro.

A FCUL, bem como toda a Universidade de Lisboa está sem acesso à Internet desde cerca das 11:45 da manhã.

Professora Olga Pombo, autora do livro "O Círculo dos Saberes"

“Estou convencida que a imagem do círculo constitui um arquétipo, uma determinação conceptual prévia a toda a investigação”, defende Olga Pombo, docente na FCUL e autora do livro “O Círculo dos Saberes”.

Imagem ilustrativa do livro "O Círculo dos Saberes"

“A apresentação do livro seguirá um formato sério e discreto. O professor Shahid Rahman fará uma apresentação e apreciação do livro e eu agradecerei todas as suas palavras, sejam elas elogiosas, sejam críticas", afirma a autora Olga Pombo.

Trial para todos os Membros da b-on.

Pessoas a correr junto ao Marquês de Pombal

A primeira Corrida da Ciência aconteceu o ano passado por ocasião das celebrações dos 100 anos da FCUL. A edição deste ano integra-se na 2.ª Edição do AmbientALL – Universidade em Movimento.

O concurso de programação destina-se a alunos universitários e este ano junta 16 equipas, oriundas de oito instituições universitárias portuguesas. A equipa da FCUL chama-se BigO(1).

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“Colega amiga”, “orientadora empenhada e humanista” e “investigadora solidária”, assim se recorda Maria José Boavida (1948 – 2012).

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As tabelas e notas científicas, assim como as regras elementares de segurança em laboratórios são algumas das mais-valias deste “livro”.

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 O projecto CAMPUS UL realizado pelos alunos de mestrado em Engenharia Geográfica no âmbito das disciplinas de Fotogrametria Analítica e de Produção Cartográfica ganhou o segundo prémio no concurso internacional de projectos com fins educativos

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