Astrofísica

E se um buraco negro supermassivo afinal for algo diferente? É isso que Miguel Pinto vai tentar saber com uma Bolsa Fulbright

Miguel Pinto, doutorando de CIÊNCIAS

Miguel Pinto é dos 32 investigadores portugueses que ganharam a bolsa Fulbright para o ano letivo de 2025/2026

DCI-CIÊNCIAS

Em março, Miguel Pinto já deverá estar devidamente instalado nos laboratórios da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos (EUA), mas é provável que boa parte do seu pensamento se mantenha ocupado com um objeto astrofísico que se encontra a mais de 26 mil anos-luz de distância, no centro da Via Láctea, e que a maioria das pessoas acredita se tratar de um buraco negro supermassivo. Acontece que o aluno de doutoramento da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS) vai para a universidade americana com o intuito de mostrar que, afinal, esse buraco negro supermassivo pode não ser bem… um buraco negro supermassivo! E foi com esse intuito que garantiu uma Bolsa Fulbright, para fazer investigação nos EUA durante quatro meses.

“Aquilo que vou fazer, especificamente, é explorar uma teoria alternativa à Relatividade Geral, de Albert Einstein. Essa alternativa chama-se Teoria Einstein-Gauss-Bonnet escalar”, explica Miguel Pinto sobre o trabalho que vai levar a cabo entre março e julho, nos laboratórios da Universidade Johns Hopkins.

As Bolsas Fulbright arrancaram, na década de 1960, com um acordo entre governos de Portugal e EUA, que fomenta o intercâmbio cultural na área da ciência e da educação. Para o ano letivo de 2025/2026, foram selecionados 32 investigadores portugueses – entre eles, Miguel Pinto. A bolsa do investigador de CIÊNCIAS contou ainda com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologias (FCT). “A Bolsa Fulbright é importante porque me vai permitir fazer investigação numa universidade de topo nos Estados Unidos, mas também porque me dará a oportunidade de desempenhar o papel de mediador cultural”, refere.

Nos EUA, o investigador de CIÊNCIAS deverá contar com a orientação de Emanuele Berti, especialista mundial na área da gravitação. A investigação tem por ponto de partida cálculos matemáticos – mas também contempla simulações computacionais com o propósito de representar um “objeto compacto alternativo” que, segundo a Teoria Einstein-Gauss-Bonnet escalar, poderá ser diferente daquilo que hoje se considera serem buracos negros supermassivos.

Com cálculos matemáticos e simulações, o doutorando de CIÊNCIAS ficará, então, em condições de confrontar o que prevê a Teoria Einstein-Gauss-Bonnet escalar com dados de objetos compactos supermassivos, como o Sagittarius A*, que foram captados pelo Telescópio Event Horizon e pelo interferómetro GRAVITY.

Sagittarius A* é o nome do objeto compacto supermassivo que se encontra no centro da “nossa” galáxia, e que é tido como um buraco negro supermassivo. Miguel Pinto admite que a investigação possa vir a recorrer igualmente a dados associados a outros objetos compactos supermassivos.

“Esta teoria (de Einstein-Gauss-Bonnet escalar) admite um fenómeno denominado de escalarização espontânea”, informa o investigador. “Vou desenvolver, no contexto desta teoria, um modelo matemático que descreverá um objeto astrofísico alternativo aos buracos negros, que vai ser caracterizado, entre outras coisas, por sofrer este fenómeno específico da escalarização espontânea, que vai produzir certos registos observacionais. Esses registos observacionais, que poderão ser captados pelo Event Horizon e pelo GRAVITY, por sua vez, permitem levar a cabo comparações entre os dados e as simulações do nosso modelo teórico”, acrescenta.

Com a Teoria da Relatividade Geral em pano de fundo, Miguel Pinto mantém a expectativa de saber se a parte específica que diz respeito aos buracos negros pode ou não vir a ser retificada. “Cada vez mais tentamos testar a Relatividade Geral com a maior precisão possível. Contudo, na minha investigação, pode dar-se o caso de, por um lado, os dados sustentarem a validade de uma teoria alternativa, mas, ao mesmo tempo, também não contrariarem completamente a Relatividade Geral. Ou seja, poderá ficar ali no limbo”, conclui. Provavelmente, em julho de 2026, já haverá novidades.

Hugo Séneca - DCI CIÊNCIAS
hugoseneca@ciencias.ulisboa.pt

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