Entrevista com Nuno A. G. Bandeira

Rádão

"Neste artigo, demonstrámos claramente que o radão manifesta o efeito de par inerte e, consequentemente, também é provável que o mesmo esteja presente no polónio e no ástato", diz Nuno A. G. Bandeira

GJ Ciências ULisboa
Nuno Bandeira
Nuno A. G. Bandeira
Imagem cedida por NAGB

Nuno A. G. Bandeira, professor do Departamento de Química e Bioquímica da Ciências ULisboa e investigador principal do Grupo de Química para os Sistemas Biológicos do BioISI – Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas, em Ciências ULisboa, é o primeiro autor de um novo artigo publicado no jornal Physical Chemistry – Chemical Physics da Royal Society of Chemistry, onde foram estudados diferentes compostos de rádon e xénon - dois gases nobres – e onde as suas propriedades energéticas e de ligação química foram analisadas. Leia a entrevista para saber mais sobre esta investigação.

"A compreensão da química do radão é relevante pelo facto de este elemento ser emitido por determinados materiais de construção de origem geológica, usados na construção de edifícios."
Nuno A. G. Bandeira

BioISI Ciências ULisboa - Qual foi o ponto de partida que levou a esta investigação?

Nuno A. G. Bandeira (NAGB) - A ideia foi sondar, através de abordagens de química quântica com implementação computacional, a possível existência e estabilidade no que diz respeito à decomposição do tetróxido de rádon (RnO4). O tetróxido de xénon já é bem conhecido e é um gás explosivo que se decompõe piroforicamente [ou seja, por ignição espontânea, no ar, a uma determinada temperatura] em xénon e oxigénio elementares. Seria, pois, curioso saber se o composto análogo de radão se comportaria de forma semelhante, apesar da radioatividade deste elemento.

BioISI Ciências ULisboa - Qual é a principal descoberta reportada neste artigo?

NAGB - Verificou-se que, de facto, o tetróxido de radão é ainda menos estável do que o seu congénere de xénon. A razão para isso reside no efeito de par inerte, um princípio inicialmente estabelecido por Neville Sidgwick em 1933[1] para explicar a observação empírica da menor estabilidade termodinâmica na formação de compostos dos elementos do 6º período [da tabela Periódica] com eletrões de valência em níveis energéticos mais elevados nos seus estados de oxidação mais altos [Tálio(III), Chumbo(IV),Bismuto(V)]. No final da década de 1960, foi demonstrado que a razão para tal se deve à estabilização relativística do subnível energético s nestes elementos. Até então, estava em aberto se o mesmo se verificaria nos compostos análogos dos elementos do 6º período (polónio, ástato, radão). Neste artigo, demonstrámos claramente que o radão manifesta o efeito de par inerte e, consequentemente, também é provável que o mesmo esteja presente no polónio e no ástato.

O problema foi também desafiante porque os métodos computacionais necessários necessitam de ter em conta com o máximo de precisão possível os efeitos relativísticos nestes núcleos pesados. Tendo em conta que o potencial de Coulomb de um eletrão de cerne nestes núcleos pesados é enorme, isto leva os eletrões a adquirir velocidades médias (e por conseguinte massas) que só são bem descritas ao nível da relatividade. Isto por sua vez tem consequências ao nível da função de onda que descreve as ligações químicas.

"Há alguns aspetos que gostaria de explorar mais adiante, particularmente, a química de baixa valência de peróxidos e monóxidos de rádon ou os seus iões em fase gasosa."
Nuno A. G. Bandeira

BioISI Ciências ULisboa - De que forma é que essa descoberta é importante para a comunidade científica e para a sociedade em geral?

NAGB - A compreensão da química do radão é relevante pelo facto de este elemento ser emitido por determinados materiais de construção de origem geológica, usados na construção de edifícios. A motivação para esta investigação foi mera curiosidade, mas o seu impacto pode ser sentido a longo prazo na criação de tecnologias de eliminação de gases de radiação.

BioISI Ciências ULisboa - Quais são os próximos passos?

NAGB - Este trabalho foi realizado no âmbito de um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (PTDC/QUI-QFI/31896/2017) que terminou no ano passado. Há alguns aspetos que gostaria de explorar mais adiante, particularmente, a química de baixa valência de peróxidos e monóxidos de rádon ou os seus iões em fase gasosa. Neste sentido, Joaquim Marçalo, um investigador parceiro nesta investigação, está a tentar obter uma amostra de cloreto de rádio (o precursor do gás rádon) para realizar algumas experiências de espectrometria de massa com rádon e gerar algumas espécies iónicas na fase gasosa.

 


[1] Sidgwick, N.V., The "Inert Pair" of Valency Electrons. Ann. Rep. Prog. Chem., 1933. 30: p. 120-128

Grupo de Trabalho de Comunicação e Divulgação de Ciência do BioISICom com GJ Ciências ULisboa
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
João Lin Yun

João Lin Yun distingue-se na área da Física e da Astronomia. No seu currículo, diversidade de atividades organizadas e desenvolvidas dentro do território nacional e fora dele são um marco evidente. Para além da forte aposta na carreira profissional, a vida do professor da FCUL é marcada também pela escrita.

João Lin Yun

“Quando escrevo, há alturas em que as ideias e o material fluem de forma tão espontânea que me surpreendo com o resultado! É como se as personagens tomassem as rédeas e dissessem: ‘quero dizer isto e fazer aquilo!’ E eu limito-me a obedecer-lhes…”, comenta o professor da FCUL, João Lin Yun.

As candidaturas à formação avançada decorrem até 13 de dezembro. Para esta 1.ª edição, que se inicia a 13 de janeiro de 2014, devem ser atribuídas seis bolsas mistas cujos trabalhos decorrem em Portugal e no estrangeiro, com o intuito de desenvolver projetos conjuntos entre países.

Paulo Veríssimo, professor catedrático do DI-FCUL, participou no passado dia 25 de novembro de 2013, no programa "Sociedade Civil", transmitido na RTP2.
 
António Branco

Um dos resultados chave da análise levada a efeito é o de que a língua portuguesa é um dos idiomas para o qual a preparação tecnológica para a era digital é "fragmentária".

Imagem abstrata da  "Philosophy of Science in the 21st Century - Challenges and Tasks"

Durante o evento será lançado o programa doutoral em Filosofia da Ciência, Tecnologia, Arte e Sociedade, recentemente aprovado pela FCT, com a mais elevada classificação: “Exceptionally strong with essentially no weaknesses”.

Rita Cascão

O sucesso do Biobanco-IMM é promovido pelo contínuo aumento de parcerias e colaborações não só com empresas de biotecnologia e unidades de saúde, mas também com institutos de investigação científica e investigadores académicos de ciências básicas, como os investigadores da FCUL.

SIMPLES AZULEJOS

Azulejos quadrados e Matemática

 

Bandeira de Marrocos

Atualmente a equipa prossegue com os trabalhos de correção de falhas e de afinação do CuCo de modo a dar apoio às sete faculdades marroquinas e a prepará-lo também para entrar em operação no DI-FCUL já no próximo ano letivo.

José Afonso

Chama-se galáxia IRAS 08572+3915 e é a mais luminosa do universo local. José Afonso é um dos membros da equipa de astrónomos internacionais, que anunciou recentemente a descoberta. O investigador da FCUL e dirigente do CAAUL é muito otimista quanto ao presente e futuro desta área científica.

Consulte informação adicional aqui.

Bill Fyfe foi um grande amigo de Portugal. Orientou ou coorientou vários doutoramentos de portugueses, acerca de temas relevantes para Portugal e fomentou as ligações científicas entre Portugal-Brasil-Canadá. Em 1990 a Universidade de Lisboa outorgou-lhe o grau de doutor honoris causa.

Uma das consequências do aumento da disponibilidade de fontes laser de maior potência, compactas e a baixo preço é o aumento da sua má utilização.

Circo Matemático

“O objetivo do Circo é mostrar que é possível utilizar resultados matemáticos para produzir resultados espetaculares e para divertir e motivar as pessoas”, explicou o professor da FCUL, Pedro Freitas.

Temos sido pioneiros de muito boas práticas no ensino superior. Uma excelente escola e nós, que cá estamos, sabemos isso. E os alunos também. Os que cá estão e os que já cá estiveram. Mas hoje não chega. Temos que saber responder aos desafios e temos que exportar as nossas mais-valias.

Inscrições 2013/2014

Atualmente estudam na FCUL mais de cinco mil alunos, a maioria conhece bem os cantos da casa centenária, outros nem tanto, por isso é especialmente importante o acolhimento dado durante o arranque do ano letivo, que o digam a Catarina, a Leonor e o Ricardo!

Joaquim Dias

Num planeta com mais de 7000 milhões de pessoas, vão ser necessárias quantidades enormes de alguns recursos naturais que começam a escassear. Chegará em breve a era da mineração submarina? Existe tecnologia adequada? Será possível a mineração em condições de preservar a diversidade natural dos ecossistemas marinhos?

Ana Bastos

Através de diversas atividades práticas vamos aprender qual o papel do sol na dinâmica da atmosfera e do oceano, qual a importância dos oceanos, das calotes polares e da vegetação, como se formam as nuvens e os sistemas meteorológicos, e como funciona o ciclo da água.

Foi a 26 de Outubro que se realizou a Maratona Inter-Universitária de Programação, 2013, (MIUP2013).

Uma das surpresas do Dia Internacional passa pela exposição do concurso de fotografia lançado recentemente e alusivo ao tema “Mobilidade Internacional”.

Maria Inês Cruz

Atualmente, para além do “básico” lápis de grafite com que todos ainda escrevemos, até o desenvolvimento dos carros híbridos está dependente da evolução e extração dos recursos da nossa “casa”.

Susana Custódio

Como é que são gerados os tremores de Terra? E os tsunamis? Como é que nós reconhecemos no terreno a existência de tsunamis antigos? Porque é que na Nazaré vemos ondas tão grandes? Todos estes fenómenos são o reflexo de um enorme dinamismo do nosso planeta.

SCOPUS é também uma ferramenta para estudos bibliométricos e avaliações de produção científica.

Páginas