"Linha Transversal", obra de Wassily Kandinsky de 1923
A noção de empatia refere-se habitualmente ao acto de entendermos ou colocarmo-nos no lugar do “outro”, principalmente no que toca a relações interpessoais entre seres humanos, com a limitação óbvia de a realidade do “outro” ser filosoficamente impossível de atingir.
O conceito, no entanto, originou no pré-Romantismo alemão, decorrente de einfühlen, como sentimento panteísta-sinestésico para com a arte e a natureza. Em 1903, Theodor Lipps usou o termo einfühlung no âmbito da estética para denominar o processo de nos sentirmos dentro e com uma obra de arte, numa ressonância sensorial que o pintor russo Wassily Kandinsky viria a evocar quando escreveu “Do Espiritual na Arte”.
Descobertas recentes na neurociência cognitiva - por António Damásio, Vittorio Gallese e Frans de Waal, entre outros - posicionam a empatia como um facto neurobiológico. A constatação, pela neurociência, da intercorporeidade e simulação corporificada, tem gerado um diálogo produtivo entre ciência e arte sobre a empatia, associando-a a um método interpretativo principal (hermenêutico) de compreensão.
No teatro/performance, observamos um contraste marcante na activação da empatia entre os diferentes métodos de interpretação e direção de atores. No cinema, descobrimos que o envolvimento empático e corporal é crucial para entender como as tecnologias audiovisuais operam de forma multissensorial. Com efeito, uma investigação sobre a empatia permite-nos estudar os métodos como as obras de arte são emocionalmente pré-focadas e podem vir a fomentar uma consciência ecológica (eco-empatia).