Com o objetivo de sensibilizar e preparar para o risco sísmico e melhorar a qualidade de ensino da Sismologia e das Ciências da Terra em Portugal, Susana Custódio, Graça Silveira, Luís Matias e Catarina Matos desenvolveram um estudo sobre a educação para os sismos, adaptado à realidade de Portugal e a diferentes grupos etários e que foi capa de uma das edições deste ano da revista “Seismological Research Letters”.

O programa apresentado no artigo “Educating for Earthquake Science and Risk in a Tectonically Slowly Deforming Region” baseia-se em atividades adaptadas aos interesses e comportamentos de diferentes grupos etários e profissionais. Por exemplo, as crianças, mais livres de preconceitos, interiorizam facilmente os comportamentos adequados às situações de risco, em exercícios como simulação de sismos em mesas vibratórias. Os adolescentes, por sua vez, têm uma menor perceção do risco e uma maior perceção de controlo. As atividades direcionadas para esta faixa etária são, por isso, menos focadas no risco e mais na ciência e consistem em projetos escolares, como a operação de estações sismológicas.

No âmbito da 35.ª Assembleia Geral da Comissão Europeia de Sismologia ocorrida em setembro de 2016 em Trieste, em Itália, Susana Custódio presidiu à sessão “Earthquakes in regions of slow lithospheric deformation". Durante o acontecimento, que reuniu sismólogos, geólogos e engenheiros, Catarina Matos apresentou o tópico "Relationship between localized seismicity and lithospheric structure in a region of slow deformation (Alentejo, Portugal)". O forte sismo que se fez sentir em Amatrice na madrugada de 24 de agosto de 2016 não foi esquecido e a assembleia geral organizou uma sessão especial sobre o mesmo.

Para Susana Custódio, uma das autores do artigo, professora do DEGGE e investigadora do IDL, ter trabalhado num grupo constituído não só por cientistas, mas também por psicólogos e professores do ensino secundário permitiu reunir diferentes perspetivas e conhecimentos sobre o ensino e sobre comportamentos humanos, especialmente no que diz respeito ao risco sísmico e ao ensino da sismologia em faixas etárias com as quais os cientistas lidam menos.

“As atividades de educação para a sismologia são uma fonte de motivação extra para o trabalho que desenvolvo no dia-a-dia”, comenta a este propósito Catarina Matos, outra das autoras do estudo e aluna do programa doutoral Earthsystems, cuja desejo é poder contribuir para a mitigação do risco sísmico, quer pela via da sensibilização e educação, quer pelo estudo das estruturas sismogénicas ativas.