Por Quintino Lopes (IHC, NOVA FCSH / U. Évora).
A tecnologia de reconhecimento e síntese de fala está omnipresente na sociedade atual e a Fonética Experimental é a base do seu desenvolvimento. Esta área do saber também suporta estratégias terapêuticas como a intervenção em diversos tipos de gaguez. A importância da disciplina contrasta com o desconhecimento da sua história. Nesta comunicação apresentamos o projeto PHONLAB, que pretende promover o conhecimento sobre a evolução da Fonética Experimental. O Laboratório de Fonética Experimental de Coimbra (1936-1979) é o nosso caso de estudo. Criado pelo foneticista Armando de Lacerda (1902-1984), neste laboratório especializaram-se cientistas de universidades como Harvard, Cambridge, Sorbonne, Uppsala ou Bona. Como se explica que existisse em Portugal, em meados do século XX, aquele que era considerado internacionalmente o mais avançado laboratório de Fonética Experimental da Europa? Quem foram os cientistas que se especializaram nas suas salas? Que estudos realizaram aí e como se repercutiram nas suas carreiras? A procura de respostas a estas questões contribuirá para reavaliar tradicionais dicotomias como a oposição entre centros criativos e periferias passivas, e entender a contribuição da Fonética Experimental na contemporaneidade.
Sobre o orador: Quintino Lopes é investigador CEEC – FCT do Instituto de História Contemporânea (Universidade Nova de Lisboa; Universidade de Évora) e Investigador Principal do projeto financiado pela FCT “Phonetics Laboratory: Coimbra - Harvard. Rethinking 20th-century scientific centres and peripheries”. Nos últimos anos tem-se dedicado à História da Fonética Experimental. Trabalhos sobre esta investigação foram divulgados nos jornais Público e Expresso, e na RTP1. Esta investigação foi também adaptada para o programa curricular de escolas secundárias na Europa, como parte do projeto “Sharing European Histories” (EuroClio; Evens Foundation), estando publicada em 12 Línguas (Albanês, Alemão, Arménio, Castelhano, Grego, Inglês, Italiano, Polaco, Português, Sérvio, Turco e Ucraniano). Em 2018 ganhou o Prémio Jovens Investigadores da Associação Portuguesa de História Económica e Social. Entre as suas recentes publicações destaca-se “Science funding under an authoritarian regime: Portugal’s National Education Board and the European ‘academic landscape’ in the interwar period” in Notes and Records: the Royal Society journal of the history of science.