Este seminário destina-se à apresentação de trabalhos em curso sobre as inter-relações entre conhecimento científico, tecnologia e formações imperiais. O seminário convoca historiadores, antropólogos e cientistas sociais em geral para uma reflexão conjunta e interdisciplinar sobre a ciência e o fenómeno colonial.
Realiza-se nas segundas quartas-feiras de cada mês, das 12h30 às 13h30, alternadamente na Faculdade de Ciências e no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
As sessões são abertas à comunidade académica e não académica, apelando à participação de investigadores nacionais e estrangeiros, de diferentes instituições.
Resumo: A imagem da nação enquanto corpo constitui um dos pilares mais duradouros da teoria política moderna. Desde os tratados de política e jurisprudência, até ao emblemático Leviathan de Thomas Hobbes, a nação foi teorizada como um corpo simultaneamente compósito e uno - um corpo onde a multitude dos vassalos se transmutaria num harmonioso ente único. Esta apresentação questiona os pressupostos de unicidade que subjazem à consolidação da moderna teoria do corpo político, e, inversamente, procura explorar os paradoxos que a constituem. O paradoxo crucial a explorar diz respeito à pluralidade de geografias e tipologias de seres humanos que habitavam o espaço imperial português e questiona como pode, afinal, um corpo tão heterogéneo tornar-se uníssono? Através da historicização do conceito de “Medicina Política,” utilizada pelo médico Ribeiro Sanches (1699-1783), eu proponho explorar os mecanismos que ao longo do século XVIII uniram o pensamento médico ao pensamento político. Em particular, eu examino as ambições partilhadas entre médicos e administradores, diplomatas, e políticos setecentistas: a ambição de governar todos os corpos do império.