O lobo é uma das espécies cuja área de distribuição mundial foi fortemente reduzida. Os mitos que desde sempre estiveram associados a este predador, criaram no imaginário coletivo a ideia de que a espécie era indesejável, e o melhor para o homem era exterminá-la. Para além disso, os prejuízos causados nos animais domésticos também contribuíram para este ódio generalizado. Todavia, em áreas onde as presas naturais (corço, veado e javali) abundam, os prejuízos provocados pelo lobo no gado são quase inexistentes.
Os estudos realizados mostram que o lobo é um animal social, que vive em grupos familiares. Em Portugal, o lobo ocorre nas regiões do norte e centro do país, ocupando cerca de 20% da sua área de distribuição original. Estima-se que existam aproximadamente 300 indivíduos. Este carnívoro tem ainda uma grande influencia nos povos que habitaram e habitam a bacia do mediterrânico. Tal facto, está patente na toponímia, heráldica e muitos outros elementos da nossa cultura.
O lobo só sobreviverá se lhe proporcionarmos refúgios adequados e alimentação natural (corço, veado, e javali), e aceitarmos que cause algumas baixas nos rebanhos, sendo os pastores pagos com indemnizações, sempre que o ataque seja comprovadamente atribuído ao lobo. Ações que fomentem a recuperação natural das populações de cervídeos - veado e corço - são fundamentais para a sobrevivência do último grande predador do nosso país. É, também, importante divulgar o verdadeiro lobo, animal que como todos os outros de vida silvestre, tem o direito de existir no seu estado natural. Direito este que resulta do facto de todas as criaturas vivas têm de coexistir como parte integrante dos ecossistemas naturais.
Nota biográfica do orador
Francisco Petrucci-Fonseca
Grupo Lobo
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Nascido na cidade da Covilhã em 1953. Licenciado em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e doutorado em Ecologia e Biossistemática pela mesma Universidade.
É professor no Departamento de Biologia Animal da FCUL. Nas suas funções de docente orientou e orienta diversas teses de doutoramento, de mestrado e de licenciatura, e já lecionou diversas disciplinas na área da Biologia Animal.
Integra grupos de trabalho de âmbito nacional e internacional. Foi e é coordenador, consultor e investigador em vários projetos de investigação científica, nacionais e internacionais. É autor e coautor de diversas publicações científicas.
É um dos fundadores e presidente do Grupo Lobo - Associação para a Conservação do Lobo e do seu Ecossistema e diretor do Centro de Recuperação do Lobo Ibérico.
Investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas (cE3c), na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Gosta muito do trabalho que desenvolve: dar aulas e fazer investigação e divulgação, visando contribuir para a coexistência entre o homem e o lobo.