60 Minutos de Ciência

Terá sido o sismo de 1755 o prenúncio do fecho do Oceano Atlântico?

MUHNAC, Lisboa
MUHNAC

No dia 1 de novembro de 1755 um sismo de grande magnitude e subsequente tsunami atingiram Portugal. Em 1969, um outro sismo de grande magnitude voltou a ocorrer na Margem Continental Portuguesa. Estes dois fenómenos naturais desencadearam uma série de eventos que iriam contribuir para o desenvolvimento da Teoria da Tectónica de Placas. Segundo esta teoria, a superfície da Terra é constituída por grandes placas tectónicas rígidas que se movem umas em relação às outras, sendo que os sismos e uma parte significativa da atividade geológica ocorre nas suas fronteiras. Neste contexto, também se sabe que existem margens passivas (Tipo Atlântico), que se geram quando os supercontinentes como a Pangaea se fragmentam e nascem novos oceanos, e margens ativas (Tipo Pacífico), que levam ao fecho destes oceanos. O processo cíclico de formação e destruição de oceanos denomina-se de Ciclo de Wilson. Um dos enigmas atuais da Teoria da Tectónica de Placas é o de saber como se processa a transformação de uma margem passiva numa margem ativa (invertendo o Ciclo de Wilson). A Margem Continental Portuguesa parece estar a passar precisamente por este processo de transformação. Se tal acontecer o oceano Atlântico poderá vir a fechar dando origem a um novo supercontinente denominado Aurica.


Nota biográfica: João C. Duarte é licenciado em Geologia e Recursos Naturais em 2005 na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). Mestre em Cartografia Geológica em 2007 na Universidade de Évora. Doutor em Geologia (Especialidade Geodinâmica Interna) em 2012 na Universidade de Lisboa. PosDoc na Universidade de Monash, Melbourne Austrália entre 2011 e 2014. Em 2015, investigador na Universidade de Monash. Durante 2016, investigador do Instituto Dom Luiz na FCUL. Desde Dezembro de 2016, Investigador FCT na FCUL (Instituto Dom Luiz e Departamento de Geologia). Desde 2016, coordenador Grupo de Geologia Marinha e Geofísica do Instituto Dom Luiz. Membro da direção da Divisão de Tectónica e Geologia Estrutural da European Geosciences Union como representante dos investigadores em início de carreira (desde 2015).

Prémios: 

  • IPGP (Institute de Physique du Globe de Paris) Foreign PhD Student Award, 2011;
  • Discovery Early Career Researcher Award (DECRA) do Australian Research Council, 2015;
  • Arne Richter Award for Outstanding Early Career Scientists da EGU (European Geosciences Union), 2017.

2.ª Edição do Ciclo de conversas "60 Minutos de Ciência"
Num formato informal e descontraído, 60 minutos de Ciência pretende ser um fórum de discussão entre especialistas e cidadãos sobre temas atuais de Ciência. Com a duração de uma hora, as suas sessões decorrem nas terceiras quintas-feiras do mês, pelas 17h30.
Este ciclo é uma iniciativa do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, do Comité UNESCO Matemática do Planeta Terra e da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

17h30