Por Ignacio Suay-Matallana (Universidade de Valência).
Os laboratórios das alfândegas situam-se na interseção da ciência, a política e a economia, refletindo distintas tradições científicas e servindo como plataformas para negociações entre diversos interesses. Esses laboratórios surgiram em resposta às crescentes preocupações com adulteração de alimentos, higiene e prevenção de fraudes durante os séculos XIX e XX, impulsionadas pelos avanços no transporte e o comércio. Enquanto os laboratórios municipais focavam na garantia de qualidade de alimentos e bebidas, os laboratórios aduaneiros eram dedicados à regulação do comércio internacional, análise de produtos, determinação de qualidade e valor, e aplicação das tarifas. Apesar de sua importância, os laboratórios aduaneiros têm recebido atenção limitada, embora casos de Portugal, Espanha, Estados Unidos, bem como de Londres, Roma e Paris, contem com alguns estudos. Desafios na pesquisa incluem sua operação dentro de burocracias governamentais, a escassez de fontes primárias e a dispersão de materiais arquivísticos. Esta palestra examina estudos de caso para explorar a evolução e importância dos laboratórios aduaneiros no campo da química durante este período, destacando o desenvolvimento de especialistas em química, suas atividades, cultura material, desafios e conexões com a sociedade e instituições locais.
Sobre o Orador: Ignacio Suay-Matallana é Professor Associado de história da ciência na Universidade de Valência e membro do Instituto Interuniversitário López Piñero. Foi investigador de pós-doutoramento do CIUHCT na Universidade Nova de Lisboa e do Science History Institute em Filadélfia. Seu doutorado focou no estudo de especialistas em análise química na Espanha dos séculos XIX e XX, considerando questões como viagens científicas e biografias, livros didáticos, espaços de química e controvérsias científicas. Seus interesses de pesquisa concentram-se na história dos laboratórios aduaneiros nos Estados Unidos, Portugal e Espanha, bem como na evolução do ensino de química nos séculos XIX e XX. Entre 2015 e 2022, ele foi o secretário do EuChemS Working Party on the History of Chemistry, e atualmente é o diretor do programa de mestrado em História da Ciência e Comunicação Científica na UV.
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