Este seminário destina-se à apresentação de trabalhos em curso sobre as inter-relações entre conhecimento científico, tecnologia e formações imperiais. O seminário convoca historiadores, antropólogos e cientistas sociais em geral para uma reflexão conjunta e interdisciplinar sobre a ciência e o fenómeno colonial.
Realiza-se nas segundas quartas-feiras de cada mês, das 12h30 às 13h30, alternadamente na Faculdade de Ciências e no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
As sessões são abertas à comunidade académica e não académica, apelando à participação de investigadores nacionais e estrangeiros, de diferentes instituições.
Na década de 1870, Portugal transferiu para os seus domínios ultramarinos o programa desenvolvimentista que vinha implementando no território continental desde 1850, no qual a ferrovia detinha natural protagonismo. Nas vésperas da Primeira Grande Guerra, o sistema ferroviário colonial contava cerca de 2,000 km de extensão. Este processo histórico ficou registado em centenas de fotografias que capturaram diversos momentos da construção e operação ferroviárias. Nesta comunicação, demonstro como estas imagens contribuíram para divulgar a mensagem de que Portugal cumpria a sua “missão civilizadora” e era uma nação moderna com vocação imperial. Adicionalmente, proponho que a fotografia ferroviária contribuiu para a construção duma paisagem tecnológica em Angola e Moçambique. Considerando ainda que, ao contrário do que diziam os tecnocratas oitocentistas, a fotografia é um objeto extremamente subjetivo, que passa uma ou mais mensagens específicas, complemento a análise com documentos escritos que permitam estabelecer com maior certeza o sentido das imagens selecionadas.