Entrevista com... Pedro Raposo

Entrevista com... Pedro Raposo, curador Adler
cedida por PR

Pedro Raposo, pós-doc do Centro Interuniversitário de História das Ciências e Tecnologia (CIUHCT), foi nomeado curador do Planetário Adler. Em fevereiro de 2015, assume funções no mais antigo planetário em solo americano.

Da sua experiência em Ciências, destaca dois professores que acompanharam de perto o seu crescimento académico e profissional, Ana Simões e Henrique Leitão.

“São duas referências que terei comigo para sempre, independentemente de onde a vida e a carreira me levem”, reforça.

Ana Simões, coordenadora do CIUHCT, recorda do investigador: “quando regressou de Oxford, integrou o CIUHCT como Pós-Doc, sob a minha supervisão, demonstrando autonomia, dinamismo e criatividade. Tomou a iniciativa de liderar grupos de investigadores em candidaturas nacionais e europeias, organizou workshops e participou na organização de conferências internacionais e teve a seu cargo as conferências mensais do CIUHCT. Quanto à sua criativa enquanto historiador está bem patente num artigo em co-autoria, publicado recentemente na prestigiada revista Centaurus, onde introduz o conceito de “moving localities” para enriquecer a historiografia da circulação do conhecimento com uma nova perspetiva”.

Por sua vez, Henrique Leitão distingue “as qualidades intelectuais e o seu perfil de investigador destacavam-no desde a primeira hora. Pedro Raposo não era apenas um dos que mais sabia e que apreendia tudo mais rapidamente. Era, sobretudo, aquele que via sempre um ângulo diferente para os assuntos, uma perspetiva ainda não analisada, um caminho novo. O que sempre o caracterizou foi a relutância em seguir trilhos já desbravados, preferindo arriscar-se por explorar o que não havia sido ainda feito. Foi este traço intelectual e de personalidade que o tornou num investigador de obra inovadora e sólida, e agora o levou a curador do Planetário Adler”.

Fique a conhecer mais pormenores da carreira do investigador na entrevista a seguir apresentada.


Fonte: imagem de Adler Planetarium
Legenda: Pedro Raposo inicia funções enquanto curador do Planetário Adler em Fevereiro de 2015

Ciências - Como carateriza o Planetário do qual irá fazer parte?
Pedro Raposo (PR) - O Planetário Adler foi fundado em 1930. É o mais antigo planetário em solo americano. Mas, mais do que um simples planetário, o Adler tem sido, desde as suas origens, um centro de ciência multifacetado, no qual se promove a investigação em astronomia, a divulgação desta ciência, e a atividade museológica. O Adler possui uma das mais importantes coleções de instrumentos científicos históricos (astrolábios, telescópios, etc), a qual inclui também livros raros, cartas celestes, [entre outros].  É com esta coleção que vou trabalhar.

Ciências - Em que se traduzirá o seu trabalho enquanto curador?
PR -
A minha missão consistirá em gerir a coleção de modo a torná-la mais acessível aos investigadores, alargá-la com novas aquisições, e sobretudo interpretá-la junto do grande público, através de exposições, plataformas web, [por exemplo], num espírito de articulação com as restantes atividades do planetário, que são muito diversificadas.

Ciências - O que significa para si esta distinção?
PR -
Significa, sobretudo, um desafio muito aliciante, que é aliar a investigação histórica ao trabalho de comunicação com públicos variados, trabalhando numa instituição de referência, que [se empenha] em aproximar as pessoas da ciência e do seu património.

Ciências - De que forma os ensinamentos de Ciências foram e são importantes para o cargo que hoje ocupa?
PR -
Frequentei a primeira edição do Mestrado em História e Filosofia das Ciências, no âmbito do qual recebi uma excelente formação em história das ciências. Há ideias preconcebidas sobre o que significa esta expressão, que são persistentes. Para muita gente, trata-se ainda, sobretudo, de listar cronologicamente os feitos extraordinários de uns quantos génios. Isto é a história da ciência de há um século atrás. A história das ciências é hoje, mais até do que uma disciplina, uma área interdisciplinar, em que se procura compreender como é que, em determinados contextos históricos, o conhecimento sobre a natureza se articula com factores culturais, sociais, políticos e económicos. Para fazer isto cabalmente, é necessário desenvolver um leque variado de competências e ter familiaridade com vários corpos de literatura académica. O mestrado proporcionou-me as bases essenciais, que tive depois oportunidade de alargar e consolidar na Universidade de Oxford, onde tive o privilégio de ser estudante de doutoramento sob a orientação do professor Jim Bennett, um dos maiores especialistas mundiais na história dos instrumentos científicos e sua musealização.  Não tenho quaisquer dúvidas de que foi a excelente formação que tive no mestrado na FCUL que me habilitou a prosseguir estudos pós-graduados nestas circunstâncias.

Ciências - É detentor de um currículo variado, que inclui uma larga experiência em atividades de divulgação científica e cultural, que importância atribui a esta área?
PR -
Obviamente, uma importância enorme. Os próprios historiadores da ciência têm vindo, cada vez mais, a prestar atenção à importância da comunicação na formação do conhecimento científico, não só a comunicação no seio das comunidades de especialistas, mas também a comunicação entre especialistas e públicos variados, havendo ainda a considerar os grupos de entusiastas e amadores, o papel dos meios de comunicação social (a que se somam hoje as ditas redes sociais) e claro, os processos de comunicação envolvidos no ensino formal das ciências. Eu acredito que são estas várias formas de comunicação, no seu conjunto, que conferem ao conhecimento e à investigação o maior valor que estes podem ter – o valor de um bem comum, tornado acessível, se não a todos, pelo menos a tantos quantos for possível.

Ciências - Há algum momento da sua carreira que queira destacar?
PR -
Curiosamente, recordo com muito gosto as minhas provas de doutoramento, nas quais tive como examinador externo o professor Simon Schaffer, um dos mais influentes historiadores das ciências da atualidade. Claro que tinha tudo para ser aterrador, mas acabou por ser, na verdade, uma discussão extremamente interessante sobre a minha tese que teve por tema as origens do Observatório Astronómico de Lisboa - os seus pontos fortes, os pontos fracos,  como melhorar e estender o que já tinha feito até ali, entre outros. Digo “curiosamente”, pois sei que para muitos colegas se trata de um momento difícil, às vezes quase traumático. Creio que fui afortunado também nesse aspecto, e ainda hoje reflito em algumas coisas que discutimos naquelas duas horas - talvez tenha durado menos que isso, pois o tempo passou a correr.

Ciências - Trabalhou diretamente com a professora Ana Simões e o professor Henrique Leitão. Que memórias traz consigo desses tempos? Como lembra estes professores de Ciências?
PR -
São duas referências que terei comigo para sempre, independentemente de onde a vida e a carreira me levem. O professor Henrique Leitão é um académico, diria, militante, que desenvolve a sua investigação com brio e defende as suas ideias com paixão. Cativa desde logo os estudantes com o seu discurso sempre cristalino e arguto, erudito e ao mesmo tempo bem humorado, sendo capaz de transformar um árido tema da matemática de Pedro Nunes, por exemplo, numa apaixonante, mas sempre rigorosa, histórica detectivesca. Ou seja, faz-nos sentir que a história das ciências é uma área fascinante, e é isto que provoca o “clique” para querermos prosseguir estudos e fazermos parte dela. A professora Ana Simões é uma investigadora meticulosa, sempre a par das últimas tendências da historiografia internacional. Tem um aguçado “olho clínico” que, perante um caso aparentemente paroquial e trivial  – por exemplo, um obscuro astrónomo português do tempo da 1.ª República, ou as notícias sobre ciência publicadas num jornal da capital há cem anos atrás –, logo identifica os pontos de relevância historiográfica que, devidamente explorados, resultarão num artigo que virá a figurar numa boa revista internacional. Estou em crer que isto em muito contribuiu para que, sob a sua liderança, o CIUHCT se tenha visto recentemente incluído no grupo restrito dos centros FCT com a classificação “excecional”. Porque, independente das polémicas que têm rodeado este processo de avaliação, o CIUHCT é indiscutivelmente um centro que produz investigação em história das ciências de acordo com os mais elevados padrões internacionais da área. Em suma,  é um privilégio ter tido sido aluno destes dois professores, maior privilégio ainda é tê-los hoje como colegas e amigos.

Ciências - Que mensagem é importante transmitir aos estudantes de Ciências?
PR -
Vale a pena lutar para que possamos dedicar a nossa vida àquilo que verdadeiramente gostamos de fazer. Haverá sempre altos e baixos, mas estou em crer que se soubermos muito bem o que queremos, se procurarmos estudar e trabalhar com os melhores na área que nos interessa, se formos persistentes, e se mantivermos uma atitude cosmopolita, colheremos sempre algum fruto do nosso esforço. 

Raquel Salgueira Póvoas, Gabinete de Comunicação, Imagem e Cultura
info.ciencias@ciencias.ulisboa.pt
Maqueta do Campus Sustentável da UL

As expetativas da equipa da Universidade Verde só podiam ser elevadas: as verbas alcançadas no âmbito desta iniciativa serão usadas para implementar medidas de eficiência energética, já identificadas nas auditorias realizadas.

Trial para todos os membros da b-on

 

“No stand da FCUL descobrimos áreas que não sabíamos sequer que existiam e que agora vamos querer pesquisar, já valeu a pena ter vindo. Vamos ter mais informação e hipóteses para ponderar!”, declarou um grupo de alunos da Escola Salesiana de Manique a visitar a banca da FCUL na Futurália.

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“A maioria das instituições de ensino superior em Portugal têm qualidade superior às do Brasil, contrariando de forma que não deixa dúvidas a 'recomendação' do Governo brasileiro”, escreve Fernando Ramos num artigo publicado no jornal "Público" no passado dia 26 de março.

O artigo intitulado "PAMPA in the wild: a real-life evaluation of a lightweight ad-hoc broadcasting family" da autoria de Christopher Winstanley, Ra

O Departamento de Informática marcou presença na última edição da Futurália. A Futurália, a Feira de Ofertas Educativas e Formativas para estudantes, realizou-se de 13 a 16 de Março, na Feira Internacional de Lisboa (FIL)

“Luís Mendes Victor dedicou uma carreira de mais de 40 anos à investigação nas diversas áreas da Geofísica. Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa desde 1991, ensinou Geofísica, Sismologia, Prospeção Geofísica, Hidrologia e Física dos Recursos Naturais”, refere o colega e amigo, Jorge Miguel Miranda.
 

Atualmente, a nova rubrica disponibiliza entrevistas realizadas a participantes e colaboradores da última edição do Dia Aberto e a dois investigadores que trabalham na área da surdez genética.

Rosto de Teresa Alpuim

Pode-se dizer, sem risco de exagero, que a Estatística é a mais social das ciências exatas.

Programa M23

Atualmente 47 alunos estudam na FCUL através do programa Maiores de 23 anos. A FCUL conversou com uma dessas alunas, Ana Jardim, de 35 anos, aluna do 2.º ano de Engenharia Informática.

FCUL esclareceu possíveis candidatos ao programa M23 no Open Day pelo Núcleo de Formação ao Longo da Vida

“Tenho interesse em prosseguir os estudos académicos por vários motivos, entre eles o pessoal, sei que posso dar muito mais não só para mim como também para a sociedade e também porque poderei melhorar a minha condição de trabalho”, afirma Elísio Gomes, de 31 anos e visitante do Dia Aberto a Maiores de 23 da UL.

Antenas do ALMA

O primeiro de uma série de vodcasts de divulgação científica do CAAUL dedicados aos maiores tópicos da atualidade em Astronomia apresenta o ALMA.

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“A professora Luísa Maria Abrantes será sempre recordada pela sua enorme dedicação e empenho durante os 40 anos de serviço a esta casa”, refere o seu colega e amigo Jorge P. Correia.

A FCUL volta a marcar presença na Futurália, na FIL, no Parque das Nações, juntamente com outras unidades orgânicas da UL, entre 13 e 16 de março.

“Foi o professor Henrique Leitão que me alertou para o facto de a questão do real impacto de Pedro Nunes na náutica do seu tempo estar por resolver.

“Foi o professor Henrique Leitão que me alertou para o facto de a questão do real impacto de Pedro Nunes na náutica do seu tempo estar por resolver. A tese e o prémio foram passos saborosos de um caminho longo mas que tem todo o potencial de ser gratificante e divertido”, reforça Bruno Almeida, vencedor do Prémio Cultura 2012 atribuído pela Sociedade de Geografia de Lisboa.

A reportagem multimédia sobre o Dia Aberto em Ciências inclui testemunhos de candidatos ao ensino superior, alunos e professores da FCUL, colaboradores desta iniciativa.

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Prémio SAHFC

  A Comissão Executiva da Secção Autónoma de História e Filosofia das Ciências (SAHFC) atribui a anualmente o Prémio SAHFC.

O Grupo de Surdez do BioFIG-FCUL, coordenado por Graça Fialho, já analisou cerca de 400 famílias portuguesas afetadas com surdez hereditária. A primeira tese de doutoramento realizada em Portugal na área da genética da surdez foi defendida em 2012, na UL, por Tiago Matos.

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Cerca de 100 alunos de 15 escolas secundárias da zona de Lisboa participaram na 9.ª edição da ação de divulgação da Física de Partículas.

“Portugal é o principal destino dos estudantes brasileiros de graduação bolsistas do Programa Ciência sem Fronteiras.

“Acho que este tipo de ações é bastante útil porque, nesta altura, precisamos de todas as informações possíveis para podermos fazer uma escolha certa”, declara Maria Buzaglo, aluna do 12.º ano, a frequentar o curso de Ciências e Tecnologias na Escola Secundária de Pedro Nunes.

Alunos no átrio do C3

O Gabinete de Mobilidade, Estágios e Inserção Profissional organizou uma sessão de acolhimento aos cerca de 30 novos alunos de mobilidade para o 2.º semestre.

Em 2000, a UL atribuiu o título de doutor honoris causa a Laurens de Haan. Em 2013, outro gigante dos Extremos, Ross Leadbetter, honrará a UL ao aceitar a mesma distinção. Quando a universidade honra investigadores desta importância está também a honrar-se.

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