Mar, colegas de trabalho, descobertas, conhecimento. Assim se podia começar por nomear o Núcleo de Mergulho Científico (NMC) de Ciências ULisboa, criado por alunos da licenciatura em Biologia de Ciências.

Mas há mais.

Pela enorme vontade em participar em atividades de mergulho científico, André Matos, Inês Costa e José Teles Reis, fizeram-se à estrada, ou melhor, ao mar, e foram à procura de quem os conseguisse ajudar na concretização deste objetivo e sonho comuns.

Contactar investigadores que utilizassem o mergulho científico como ferramenta de trabalho foi o primeiro passo. O segundo, contactar Pedro Ré – Subdiretor de Ciências, biólogo marinho e mergulhador -, na altura professor destes alunos na disciplina Biologia Animal II. O apoio do professor foi fundamental para que se começasse a desenhar o projeto.

“Ao percebermos que as exigências técnicas do mergulho científico obrigavam a que, antes de podermos integrar equipas de mergulhadores, obtivéssemos uma certificação e adquiríssemos alguma experiência, decidimos organizarmo-nos para conseguir tornar estas duas coisas (que nos apercebemos implicarem custos muito relevantes) o mais acessíveis. Foi nessa altura que nos começámos a organizar como núcleo”, conta André Matos.

Em março de 2016 surge, então, o NMC de Ciências. Nesta altura, é composto por 34 mergulhadores certificados. O grupo está aberto a alunos e antigos alunos de Ciências e a quem esteja ligado à Faculdade, desde professores, investigadores e funcionários.

“O mergulho científico não se reduz à Biologia (…). A larga maioria [dos participantes] é da área de Biologia mas há alguns de Geologia e outros de áreas sem nenhuma relação óbvia com o mergulho científico, mas que têm interesse na vertente recreativa das atividades e nos protocolos que temos organizado”, acrescentam.

O NMC agiliza a formação na área, realiza saídas temáticas, workshops, formações específicas e futuramente pretende ser “uma ponte entre equipas de investigadores que fazem mergulho científico e os alunos da FCUL que estejam interessados em colaborar com elas”. Para a concretização destes objetivos muito tem valido a parceria e o apoio dado pelos professores e investigadores ligados ao MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.

“[Consideramos que o NMC] está a servir para que possamos ter acesso a formação e experiência que achamos ser muito relevante no nosso futuro como biólogos  - quer a nível de aquisição de conhecimentos, quer de habilitações -, e que não teríamos de outro modo.”, reforça o grupo de alunos.

Saídas para mergulho

O Parque Marinho Professor Luís Saldanha, entre o Cabo Espichel e Sesimbra, cujo nome foi dado em homenagem ao biólogo marinho e professor da FCUL, falecido em 1997, é o local onde o grupo mergulha. No futuro, o objetivo é mergulhar também na ilha das Berlengas.

“As saídas regulares têm o objetivo principal de dar aos membros uma oportunidade para praticarem as técnicas básicas de mergulho. Para disso, esta é uma oportunidade de observação e contacto com a natureza, num local conhecido pela sua biodiversidade”, explicam.

Para enriquecer as saídas, a partir de fevereiro, juntam-se professores da Faculdade. Os docentes vão introduzir teoricamente algumas curiosidades pertinentes para a exploração do espaço, como é o caso da identificação de espécies locais.

De forma coletiva, as saídas são realizadas, por norma de dois em dois meses. Contudo, a inserção no NMC e os protocolos existentes permitem que “cada membro mergulhe diretamente com os centros com que temos acordo sempre que quiser”, desta forma, “há mergulhos praticamente de 15 em 15 dias, sendo que esta frequência depende apenas da vontade dos membros para ir mergulhar”.