Inovação

Investigadoras de CIÊNCIAS ganham competição do evento Universe com solução para crianças com dor crónica

Leonor de Oliveira Pires e Mariana de Oliveira, no momento da entrega do prémio de melhor "pitch" do evento Universe

Daniela Alves / Ciências ULisboa

Há pessoas que se contentam com aquilo que imaginam e há pessoas que fazem questão de levar à prática aquilo que imaginam. As quatro investigadoras que têm vindo a desenvolver o projeto IMAGI a partir da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) fazem parte do segundo grupo. Quem ler o nome pode ser levado ao engano e dizer “imagi” em vez de “imagui”, como pretende o quarteto de investigadoras, mas isso não impediu o projeto que tem por objetivo travar a dor crónica em crianças de ganhar, na semana passada, o concurso de apresentação de ideias de negócio do evento Universe, que teve lugar no Pavilhão de Portugal, em paralelo com a Web Summit.

“Reparámos que havia boas reações do público, mas não tínhamos qualquer ideia se íamos ou não ganhar a competição”, responde Mariana de Oliveira, aluna de doutoramento de Engenharia Biomédica e Biofísica de Ciências ULisboa. “Este é um projeto que produz impacto, e que tem tido resultados satisfatórios nos testes que já fizemos com crianças. Além disso, conseguimos passar a mensagem para a assistência. Penso que foram esses os ingredientes que nos garantiram vitória na competição”, acrescenta.

O evento Universe foi desenhado para funcionar como uma montra de alguns dos projetos mais inovadores das universidades portuguesas. Além da exposição de projetos e de contactos com potenciais investidores e parceiros, o evento contou ainda com a competição de “pitches” que se distingue pelas apresentações de ideias de negócio. Entre participantes e organizadores, ninguém escondeu o propósito de tirar partido da proximidade e também dos visitantes da Web Summit, que se realizou entre FIL e Meo Arena.

“Estes eventos são úteis para mostrar que há muita ciência e tecnologia nas universidades”, refere Inês Neto, coordenadora do Gabinete de Inovação de Ciências ULisboa. “Foi importante para dar palco aos projetos que estão em desenvolvimento em Ciências ULisboa e permitiu que os responsáveis pelos vários projetos descobrissem novas perspectivas através do contacto com pessoas que têm outro tipo de experiências”.


Luana Boavista, Patrícia Mendes, e Jorge João asseguraram a representação da Delox no Universe

 

Durante o dia de 11 de novembro, o evento Universe contou com a exposição de 13 projetos de inovação e seis startups. A competição de “pitches” contemplou um projeto de cada universidade. Além de Ciências ULisboa, o evento conta com a participação das Universidades do Porto, Coimbra, Aveiro, Algarve, Évora, Madeira e Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e ainda o apoio da Agência Nacional de Inovação, da Startup Portugal e do EIT Community Hub Portugal. IMAGI ganhou a competição de "pitches", mas na “representação” do ecossistema de Ciências ULisboa também era possível encontrar os projetos TranquilBite e Intent Prediction from Physiological Signals, além da empresa Delox, que é conhecida por desenvolver dispositivos de descontaminação e fez crescer o negócio a partir do Tec Labs.

“O Universe foi útil para a partilha de experiências e também serviu para representar a inovação que desenvolvemos em Ciências ULisboa. Além disso, há a competição de "pitches", os contactos com pessoas que não conhecíamos, e as novas tendências que aí vêm. No fundo, também serve para saber o que há de novo no mundo da investigação e desenvolvimento”, descreve Luana Boavista, Gestora de Produto da Delox.

No caso do projeto IMAGI, que recorre a uma palavra do esperanto que remete para o ato de imaginar, o móbil da inovação vem de um conjunto de ferramentas que agrega óculos de realidade virtual, uma aplicação de telemóvel que processa os cenários virtuais que vão passando nos óculos, e uma pulseira que monitoriza dados vitais e permite apurar os efeitos produzidos no utilizador. O projeto tem contemplado testes através de parcerias com o Hospital da Luz e com o Hospital São Francisco Xavier, de Lisboa.

Crianças com doenças oncológicas, artrite idiopática juvenil ou casos de origem reumatológica figuram entre os ficheiros clínicos que as mentoras do IMAGI pretendem mitigar. O projeto tem vindo a ser desenvolvido na área da Engenharia da Biomédica e Biofísica, pelas mãos das alunas de doutoramento Mariana de Oliveira e Leonor de Oliveira Pires e as antigas alunas Inês Castro de Lima e Raquel Sales Rebordão. “Tratamos a dor, mas não tratamos as causas da dor”, lembra Mariana de Oliveira, sem deixar de apontar para o futuro. “As parcerias que estabelecemos permitem manter a presença no terreno e desenvolver novos exercícios”, acrescenta.

O projeto de inovação TranquilBite também não tem pretensões de eliminar as causas do bruxismo e, à semelhança do projeto IMAGI, está mais focado na mitigação de sintomas e efeitos de quem range os dentes enquanto dorme. Não teve o chamariz de um primeiro lugar na competição de "pitches", mas obteve outras vitórias durante a passagem pelo Universe: “Foi a nossa primeira experiência fora do âmbito académico. Foi muito importante para saber que questões podem surgir da parte do público”, responde Inês Correia, aluna de mestrado de engenharia biomédica e biofísica que tem vindo a desenvolver o projeto TranquilBite com o colega de curso Afonso Simões.

E o que tem o TranquilBite de novo? Afonso Simões dá a resposta que um dia, eventualmente, poderá valer milhões: “Estamos a desenvolver um dispositivo médico que está incorporado numa venda de olhos que é usada durante o sono para atenuar sintomas de bruxismo. A ideia é detetar a atividade muscular relacionada com o bruxismo e ativar um estímulo (junto dos músculos do maxilar) que tenta travar esse tipo de episódios”.

Em vez de limitar movimentos indesejados, o projeto Intent Prediction from Physiological Signals tem como missão expandir o raio de ação de cada utilizador, com recurso a capacetes que fazem a leitura de ondas cerebrais, óculos e relógios devidamente artilhados de sensores e outras tecnologias e ainda uma boa dose de algoritmos de Inteligência Artificial. Com estes equipamentos, os investigadores do Ciências ULisboa querem desenvolver uma solução que permite controlar dispositivos com o pensamento.    

O projeto tem vindo a ser desenvolvido no LASIGE - Centro de Investigação em Ciência e Engenharia da Computação, que está sediado em Ciências ULisboa. João Farinha, aluno de doutoramento que tem vindo a trabalhar nesta iniciativa, prevê avanços importantes para o próximo ano. “O Universe junta várias universidades e tem valor porque sabemos o que outras pessoas como nós estão agora a desenvolver, além de permitir que se estabeleçam novos contactos”, refere o investigador. “Possivelmente, já teremos mais novidades para apresentar na próxima edição do Universe”. O engenho é o limite.

Hugo Séneca
hugoseneca@ciencias.ulisboa.pt
Desenho de uma figura masculina

“Existe um espaço onde o sentimento de pertença a uma escola pode ser reavivado", afirma Miguel Ramos.

Aluna junto a uma das colunas do átrio do C6

A mostra pictórica da atividade científica da FCUL é inaugurada a 13 de março. Conheça as razões pelas quais deve visitar a exposição.

O que são líquidos iónicos? Num dos primeiros programas do ano, o Com Ciência entrevistou o professor e investigador da FCUL, Carlos Nieto de Castro sobre esta classe de solventes.

Desenho de uma figura masculina

A data de lançamento do livro ainda não é pública, mas o evento deverá ocorrer brevemente, na Faculdade de Belas-Artes da UL.

Ontem evocou-se o Dia das Doenças Raras. A fibrose quística é um desses males incomuns. A investigação científica é importante em todos os setores, mas ganha especial sentido em áreas como esta.

Cerca de 20 professores de Ciências da Natureza e Ciências Naturais de nove concelhos portugueses participam na atividade promovida pelo MNHNC-UL a decorrer até abril.

Imagem de um folheto promocional

A FCUL volta a marcar presença no evento, juntamente com outras unidades orgânicas da UL.

Fotografia com pontos de interrogação

Alunos finalistas aconselham Engenharia da Energia e do Ambiente. Testemunhos de Guilherme Gaspar e Ricardo Leandro.

Fotografia de mesa com cinco pessoas sentadas, na Reitoria da UL

A rede pretende formalizar colégios doutorais em áreas transversais. Opinião de Maria Amélia Martins-Loução.

Fotografia de pessoas sentadas num dos anfiteatros da FCUL

A iniciativa acontece a 17 de março e é organizada pelos Departamentos de Física e de Informática.

Fotografia de Dois voluntários, sentados junto a uma banca no átrio do C5

Em fevereiro estão abertas inscrições para a admissão de novos voluntários.

A FCUL participa em "Programa de Estudos Avançados" com mais quatro instituições universitárias portuguesas e brasileiras.

Vale a pena recordar a iniciativa do Gabinete de Mobilidade, Estágios e Inserção Profissional da FCUL.

Fotografia de alunos a andarem, junto ao C8

A primeira edição do curso realiza-se já em 2012.

Outra forma de fazer turismo.

Artigo de investigadores do CeGUL e docentes do GeoFCUL no Top 25.Artigo de investigadores do CeGUL e docentes do GeoFCUL no Top 25

O Encontro decorreu em Junho no GeoFCUL.

Páginas