Brasileiros convidados a escolher Portugal

Rosto de Fernando Ramos
Cedida por Fernando Ramos

No dia 6 de março o “Público” noticiava: “Brasileiros convidados a não escolher Portugal”. Nessa notícia, dizia-se que “o Governo brasileiro terá convidado quase dez mil estudantes que se candidataram a frequentar o ensino superior em Portugal a mudar de destino”, dando o Governo de Dilma Roussef como justificação a “menor qualidade das universidades e institutos politécnicos que acolhem estes alunos do Brasil quando comparada com instituições do seu país de origem”. A “recomendação” baseava-se num estudo da SCImago onde se avalia o ensino superior em Portugal, Espanha e América Latina, fornecendo um ranking de cerca de 1400 instituições.

Fiquei surpreendido com a notícia e, ao passar os olhos pelo relatório, questionei-me: quão credível será um ranking que coloca a Universidade de Stanford em 20.º, a Universidade de Cambridge em 30.º e o MIT em 46.º? E que, simultaneamente, coloca à frente destas instituições (respeitáveis, mas de qualidade não comparável) como a Universidade de Zhejiang ou a de São Paulo?

Um olhar mais atento permite concluir que o problema não está no ranking, mas na leitura errada que o Governo brasileiro faz do mesmo. O erro parece resultar de uma análise acrítica feita do documento. A ordenação do ranking é feita com base numa variável (“output”) que mede a quantidade de trabalho científico produzido por cada instituição. Mas, como sabe quem faz investigação, o importante não é publicar em quantidade. O importante é fazer trabalho de alto nível e de elevado impacto, na forma como contribui para a sociedade e de como avança o conhecimento na sua área, que consiga ser publicado em revistas de topo. É que publicar numa "Science" ou numa "Nature" é radicalmente diferente de publicar na maior parte das 19700 revistas consideradas neste estudo. Uma variável deste tipo não traduz estes aspetos essenciais.

Mas, como é habitual neste tipo de estudos, o relatório apresenta um conjunto de variáveis que medem de facto a qualidade das instituições. Por exemplo, a variável “impacto normalizado”, que mede o impacto científico (medido em número de citações) de uma instituição quando comparado com a média mundial. Ou o “rácio de publicações de elevada qualidade”, que mede a percentagem de publicações de uma dada instituição publicadas em revistas de topo.

Uma análise do relatório considerando estas variáveis mostra o cenário oposto ao traçado pelo Governo brasileiro. As instituições portuguesas estão claramente acima das suas congéneres brasileiras quando se considera qualquer dessas variáveis. Um exemplo: das 77 instituições ibero-americanas com “impacto normalizado” igual ou superior a 1 (as que têm média igual ou superior à média mundial), 18 são portuguesas (em 21). No Brasil, apenas uma está dentro destes valores, apesar do maior número de instituições brasileiras (75). Analisando quaisquer das outras variáveis deste tipo chega-se exatamente à mesma conclusão. Em suma, e de acordo com este relatório, a maioria das instituições de ensino superior em Portugal têm qualidade superior às do Brasil, contrariando de forma que não deixa dúvidas a “recomendação” do Governo brasileiro.

A propagação destas conclusões erradas pode ter consequências muito negativas para o nosso país. Em primeiro lugar, pela imagem que deixa das nossas instituições universitárias. Depois, porque pode resultar num indesejado decréscimo do número de alunos brasileiros que decidem vir estudar para Portugal. Considero por isso essencial que o Governo português tome uma atitude junto do Governo brasileiro, de forma que este clarifique o assunto junto dos seus estudantes, assim se repondo a verdade relativamente à qualidade do ensino superior português.

A História une Portugal e o Brasil. São muito fortes os laços que temos com o nosso “país irmão”. É por isso meu desejo — que acredito partilhar com a maioria dos portugueses — que as universidades brasileiras continuem a aumentar os seus índices de qualidade — o que aliás tem vindo a acontecer — de forma que o trabalho científico produzido tenha um impacto cada vez mais positivo na sociedade e na economia do Brasil. Gostaria que continuássemos a fazer parte desse esforço, recebendo e formando muitos alunos brasileiros nas nossas instituições. A análise enviesada do relatório da SCImago não vai nesse sentido, mas acredito ainda se ir a tempo de corrigir o lapso.

Fernando Ramos, professor do Departamento de Informática da FCUL
Sala com microfone

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Trajeto de transferência eletrónica num óxido metálico misto de molibdénio e tungsténio

Os fenómenos de transferência de eletrões são omnipresentes em toda a natureza e em Biologia Molecular representam ainda a “transdução de energia”, isto é o transporte de eletrões através de uma enzima ou proteína. Os resultados desta investigação podem ajudar a melhorar a compreensão de como os eletrões se movem nas junções moleculares em dispositivos eletrónicos, ou na transferência de eletrões em biomoléculas com mediação de espécies metálicas.

Pormenor da conceção artística do interior do futuro telescópio espacial de raios X Athena, da ESA

A componente ótica portuguesa, liderada pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, e que irá integrar o futuro telescópio espacial europeu nos raios X, passou na revisão de requisitos e entra agora na fase de projeto. O IA lidera o conceito e desenho de um sistema de metrologia, ou OBM (do inglês “Onboard Metrology System”), que permitirá orientar com exatidão o espelho do Athena, um telescópio espacial nos raios X, para o sensor de cada um dos dois instrumentos científicos desta missão.

Alunos e professor no campus da Faculdade

A equipa CGD/MATHFCUL ficou classificada em 5.º lugar na final nacional do Global Management Challenge 2020. Exigência foi a palavra escolhida pela equipa para classificar esta experiência. "Fico muito satisfeito e grato pela dedicação e crescimento destes meus alunos", diz João Telhada, professor do DEIO Ciências ULisboa e mentor da equipa.

Mulher esconde rosto com relógio

"O efeito da mudança de hora no consumo de energia é cada vez menos relevante nas nossas sociedades desenvolvidas e, por isso, a avaliação da sua premência deve valorizar sobretudo outros efeitos, como o impacto na saúde, na economia ou no bem-estar dos cidadãos", escreve Miguel Centeno Brito, professor do DEGGE Ciências ULisboa e investigador do IDL.

A distribuição potencial dos continentes no Arcaico e a profundidade do oceano em metros

Mattias Green, professor da Bangor University (BU), no Reino Unido, coorientador de Hannah Davies, estudante do programa doutoral Earthsystems, ganhou uma Bolsa Leverhulme no valor de 245.884,00 £, equivalente a 287.331,58 €, para estudar o clima da Terra no Arcaico, juntamente com João C Duarte, professor do Departamento de Geologia da Ciências ULisboa, investigador do Instituto Dom Luiz e membro da comissão coordenadora do referido programa. 

Pernas de crianças

Inês Lima, Leonor Pires, Mariana Oliveira e Raquel Sales Rebordão, estudantes de Engenharia Biomédica e Biofísica da Ciências ULisboa, classificaram-se em 2. º lugar na 3ª edição do BioMind – Make it in 24 hours! com o produto IMAGI, um projeto que conjuga técnicas de hipnoterapia e realidade virtual com o objetivo de reduzir e controlar a dor crónica em crianças.

Representação de uma bicamada fosfolipídica usada como modelo de uma membrana celular (à esquerda); representação de uma ligação de halogéneo (a amarelo) efetuada entre um átomo de bromo e um átomo de oxigénio de um fosfolípido (à direita)

Investigadores do BioISI Ciências ULisboa conseguiram demonstrar que moléculas halogenadas interagem com membranas biológicas por via de ligações de halogéneo, um fenómeno que pode ser determinante para a eficácia terapêutica de fármacos.

Arame

Mais um artigo do GAPsi Ciências ULisboa. Desta vez a temática é dedicada ao ciclo das relações abusivas.

painéis solares

A 38th European Photovoltaics Specialists Conference - EUPVSEC 2021 realiza-se de 6 a 10 de setembro de 2021, no formato online. João Serra, professor do Departamento de Engenharia Geográfica, Geofísica e Energia da Ciências ULisboa, é o chairman da maior e mais importante conferência europeia dedicada à energia fotovoltaica.

Helena Avelar de Carvalho

"A Helena era, sem qualquer dúvida, uma das melhores na sua área, no mundo inteiro, e a sua carreira académica estava só a começar", escreve Henrique Leitão, presidente do Departamento de Histórioa e Filosofia das Ciências.

Caneta e números

“A matemática é uma parte essencial do património cultural da humanidade”, dizem Ana Rute Domingos e Maria Manuel Torres, docentes do Departamento de Matemática da Ciências ULisboa, a propósito do Dia Internacional da Matemática, que se celebra a 14 de março.

Miguel Marques de Magalhães Ramalho, vulto destacado da comunidade geológica, que foi vários anos professor catedrático convidado da Ciências ULisboa, faleceu a 8 de março de 2021. "A ele se deve a introdução da conceção moderna de Estratigrafia no curso de Geologia do Departamento, enriquecida por saídas de campo de elevado valor didático", escreve a professora Ana Cristina Azerêdo. Ciências ULisboa apresenta sentidas condolências aos seus familiares, amigos e colegas.

Peixes

O primeiro “Guia de Peixes de Água Doce e Migradores de Portugal Continental” coordenado por Maria João Collares-Pereira, professora da Ciências ULisboa e do cE3c, publicado em 2021, já está à venda. Os peixes de água doce são um dos grupos de vertebrados mais ameaçados em todo o mundo. Portugal não é exceção, com mais de 60% das espécies nativas em risco de extinção.

Vinhas Douro, Portugal

A Comissão Nacional da Organização Internacional da Vinha e do Vinho premiou “The interplay between membrane lipids and phospholipase A family members in grapevine resistance against Plasmopara viticola” com a Distinção CNOIV 2020, atribuído ao melhor trabalho nacional de divulgação, experimentação ou investigação no domínio da viticultura, da autoria de um grupo de investigadores da Ciências ULisboa.

Cristina Santos, Margarida Amaral, Claudina Rodrigues-Pousada, Alexandre Quintanilha, Ana Ponces, Pedro Moradas-Ferreira, Ruy Pinto

É com grande tristeza que informamos o falecimento duma grande mulher cientista, a professora Claudina Rodrigues-Pousada, uma grande mentora de vida na Ciência pelo seu empenho, persistência, foco e determinação.

Joana Carvalho

Joana Carvalho, de 28 anos, investigadora na Fundação Champalimaud, alumna da Universidade de Groningen, na Holanda, e Ciências ULisboa, foi uma das cientistas galardoadas com a 17ª edição das Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para Mulheres na Ciência e com uma Individual Fellowships Marie Skłodowska-Curie Actions.

Logotipo Radar

Décima terceira rubrica Radar Tec Labs, dedicada às atividades do Centro de Inovação da Faculdade. A empresa em destaque é a Lean Health Portugal.

Inês Fragata

Doutorada em Biologia Evolutiva pela Ciências ULisboa e atualmente investigadora de pós-doutoramento no cE3c Ciências ULIsboa é uma das quatro jovens cientistas portuguesas premiadas com as Medalhas e vai estudar a contaminação do solo por metais pesados através do tomateiro e ácaros-aranha.

Pilar com frase

Valorizar o conhecimento é a oportunidade para dar a conhecer um outro Portugal que tantas vezes passa despercebido. O press kit da Faculdade tem uma página de especialistas com 162 nomes e mais de 200 temas científicos. É fundamental que os mass media coloquem a ciência no centro das atenções.

O terceiro meeting científico da ação COST EUTOPIA ocorreu entre 15 e 17 de fevereiro passado.Trata-se de um projeto de colaboração interdisciplinar que explora a importância crescente da topologia em sistemas físicos e biológicos, e no desenvolvimento de novos materiais. Esta ação reúne 29 países e mais de 100 participantes. Portugal está representado em dois dos cinco grupos de trabalho temáticos e Patrícia Faísca é responsável pela liderança de um deles.

Perspetiva dos Valles Marineris de Marte

"Os objetivos destas missões compreendem: a preparação clara de uma futura colónia humana em Marte, e a tentativa de responder à questão se houve vida em Marte", escreve o cientista Pedro Mota Machado.

Pisco-de-peito-ruivo

+Biodiversidade@CIÊNCIAS: Mobilizar a comunidade de Ciências para a promoção da sustentabilidade no Campus” é uma iniciativa do Laboratório Vivo para a Sustentabilidade. Para colaborar neste projeto basta participar nas ações de monitorização, através da plataforma BioDiversity4All ou da app iNaturalist/BioDiversity4All.

Uma pessoa a trabalhar no Centro de Testes

O Centro de Testes (CT) da Ciências ULisboa  atingiu 100% de concordância nas provas a que foi submetido no âmbito do programa mundial de controlo de qualidade da Organização Mundial de Saúde - OMS “WHO Global Round of Laboratory Proficiency Testing” e no Programa Nacional de Avaliação Externa da Qualidade promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

Logotipo do projeto

A participação no Projeto Lisboa Romana (Felicitas Iulia Olisipo) vem na sequência de vários anos de colaboração entre os geólogos da Ciências ULisboa e várias equipas de arqueólogos que têm por missão o estudo e a salvaguarda do património arqueológico que ocorre durante as escavações associadas a várias obras na região de Lisboa.

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