Por António Lopes (Instituto de Geografia e Ordenamento do Território / Centro de Estudos Geográficos, Universidade de Lisboa).
As cidades estão normalmente mais quentes que os arredores ruralizados. Os espaços públicos urbanos (urban canyons) são formados por conjuntos complexos de edifícios e outros elementos maioritariamente cobertos por superfícies de cores e texturas variadas. A pouca vegetação que caracteriza as cidades não permite trocas de calor latente suficientes para arrefecer os espaços urbanos e as cores anormalmente escuras e múltiplas superfícies refletoras absorvem mais energia solar e causam o aumento da temperatura. Para além disso, a poluição e as atividades humanas geram fluxos de calor antrópico que contribuem para um padrão térmico conhecido como ilhas urbanas de calor (UHI), que tendem a manter-se se vento for fraco. Para compreender os fatores que modificam o balanço energético local que estão na causa das ilhas de calor são usados dados de redes urbanas de observação de temperatura, humidade e outros elementos meteorológicos, que servem de input a modelos de downscaling estatísticos (mesoescala) e simulações locais de micro-escala. Estes modelos são utilizados para simular diferentes configurações urbanas e assim criar ferramentas de apoio à decisão no planeamento e ordenamento dos territórios urbanos.