O 20.º encontro dos Caminhos da Complexidade irá debruçar-se sobre os ensinamentos decorrentes da pandemia. Das ciências naturais às sociais, do meio ambiente à economia, da saúde à cibersegurança, será feita uma retrospetiva das principais mudanças a que temos assistido e de que forma estas poderão moldar a definição de políticas globais.
Desde 2000 que o Instituto de Ciências da Complexidade, em colaboração com a Fundação Oriente e também com a Fundação Calouste Gulbenkian, tem vindo a organizar um encontro anual em que os mais diversos temas das ciências naturais e sociais são abordados numa perspectiva inclusiva e numa tentativa de fazer sentido do mundo complexo em que vivemos. As mesmas entidades propõe-se realizar novo encontro em 2021, com a participação adicional do BioISI - Instituto de Biossistemas e Ciências Integrativas (Ciências ULisboa), do CMAFcIO - Centro de Matemática, Aplicações Fundamentais e Investigação Operacional (Ciências ULisboa) e do CISUC - Centro para a Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra.
Todos os sistemas dinâmicos estão em constante mudança. Geralmente designamos tal mudança por evolução sendo que os mecanismos de regulação servem para diminuir o ritmo dessas mudanças. No passado, a mudança era perceptível pelas devastações que sempre se seguiam às guerras, às calamidades naturais, nas grandes fomes, nas epidemias. Ou, mais subtilmente, na alternância das gerações. Esta progressividade levou muita boa gente a afirmar que conseguia prever o futuro, essa fatal vertigem dos humanos. Alguns, pobres incautos, almejaram mesmo ter descoberto o sentido da história. O punhado dos que alcançaram sucesso nas respectivas épocas era dotado sobretudo da lucidez de adivinhar acontecimentos que só se produziriam muito para além da sua própria morte. O estudo dos sistemas complexos indica-nos, contudo, que há momentos disruptivos, as bifurcações, em que a mudança é subitamente acelerada transportando-nos para uma nova realidade. 2020 relembrou-nos esta inevitável imprevisibilidade.