Por Samuel Gessner (Unversidade de Lisboa).
Os diagramas tiveram, em conjunto com os textos e as tábuas, um papel importante na produção, expressão e transmissão dos conhecimentos astronómicos. Em que medida os diagramas podem ser usados para descobrir relações entre diferentes tradições astronómicas? O que é que os diagramas podem revelar sobre os princípios epistemológicos ou as técnicas heurísticas dos antigos astrónomos? Algumas categorias gerais dos diagramas são bem conhecidas e usavam-se tanto na astronomia na Ásia, como em África ou na Europa: os diagramas que pertencem à teórica dos planetas (com os seus excêntricos e epiciclos), os diagramas dos eclipses (esquematizando começo, meio e fim de um eclipse lunar ou solar), ou ainda os diagramas relativas a instrumentos astronómicos (por exemplo o astrolábio ou a esfera armilar). Outra categoria de diagramas, com uma tradição mais ténue, diz respeito ao movimento das estrelas fixas relativamente ao ponto vernal, ou seja, o chamado movimento da oitava esfera. Esta apresentação focar-se-á nas dificuldades e enigmas levantados pelos diagramas preservados nos manuscritos que apresentam abordagens divergentes para a compreensão da oitava esfera, dos séculos XI ao XVI.