Por Joaquim Alves Gaspar e Henrique Leitão (CIUHCT, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Portugal).
Métodos cartométricos e de modelação numérica no estudo de cartas náuticas antigas
Joaquim Alves Gaspar
CIUHCT, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Portugal
Nesta palestra, serão descritas as novas técnicas numéricas que têm vindo a ser desenvolvidas e aplicadas, no âmbito do projeto Medea-Char, ao estudo de cartas náuticas antigas. Serão descritos e exemplificados dois grupos distintos de métodos: os métodos cartométricos, que visam caracterizar as propriedades geométricas das cartas; e a modelação numérica, que tem por objetivo replicar essas mesmas propriedades através da simulação da sua construção, tendo por base um determinado conjunto de dados e assumções relativamente à forma como aquelas foram construídas. Procurar-se-á demonstrar quão efetivas e fáceis de utilizar essas técnicas são, não só pelos investigadores com formação matemática, mas também pelos historiadores tradicionais da cartografia.
A origem da projeção de Mercator: loxodrómicas, tabelas de rumos e cartografia
Henrique Leitão
CIUHCT, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Portugal
Como é bem sabido, numa projeção de Mercator o espaçamento entre paralelos adjacentes cresce com a latitude de tal maneira que os ângulos são conservados, fazendo com que a projeção seja conforme. Como consequência, nesta projeção todas as linhas de rumo (loxodrómicas) são representadas por segmentos de reta que fazem ângulos verdadeiros com os meridianos. É por causa desta propriedade que a projeção de Mercator veio a ser de importância crucial na navegação marítima e, mais geralmente, um verdadeiro marco na história da cartografia. Mas como é que Mercator concebeu originalmente esta ideia, apresentada pela primeira vez em 1569? Como é que a projeção de Mercator foi construída? Uma vez que o próprio Mercator não deixou qualquer relato acerca do modo como chegou à sua grande descoberta, há mais de um século que os historiadores têm debatido o assunto, mas de forma inconclusiva. Nesta comunicação apresentarei os resultados de trabalho feito em colaboração com Joaquim Alves Gaspar, mostrando como é possível resolver este antigo enigma. Mostrarei como, quer por fortes razões históricas, quer por clara evidência numérica, é possível explicar como Mercator construiu a sua famosa projeção.
Bibliografia:
- Joaquim Alves Gaspar and Henrique Leitão, «Squaring the circle: how Mercator constructed his projection in 1569», Imago Mundi, 66.1 (2014) 1-24.
- Henrique Leitão and Joaquim Alves Gaspar, «Globes, rhumb tables, and the pre-history of the Mercator projection», Imago Mundi, 66.2 (2014) 180-195.
- Joaquim Alves Gaspar and Henrique Leitão, «How Mercator did it in 1569: From tables of rhumbs to a cartographic projection», Newsletter of the European Mathematical Society, nº 99 (March 2016) 44-49.