António Branco (Ciências ULisboa) é o coordenador do eixo sobre Línguas, Tecnologia e Inovação, moderando as respetivas mesas redondas:
- Tecnologias das línguas: oportunidades (17 fevereiro)
- Tecnologias das línguas: desafios (18 fevereiro)
A conferência, a decorrrer de 16 a 18 de fevereiro de 2022, é transmitida remotamente em https://www.youtube.com/user/oeibrasil/videos.
Eixo 2: Línguas, Tecnologia e Inovação
Ao longo da história, as línguas têm sofrido diversos choques tecnológicos (e.g.advento da escrita, da imprensa mecânica, etc) com impactos decisivos na sua evolução. Estes choques têm sido determinantes para o destino das línguas, ditando a extinção de algumas ou reforçando a proeminência de outras, consoante as condições históricas em que umas e outras se encontravam para acomodar essas mudanças profundas nos modos como as línguas passaram a poder ser usadas e difundidas.
Com a era digital, as línguas enfrentam agora mais um choque tecnológico, este porém com um impacto sem precedentes. Tirando partido das tecnologias da informação e da Inteligência Artificial, as novas tecnologias da língua possibilitam tradução automática, agentes conversacionais, transcrição de fala, legendagem automática, análise de sentimentos, etc. Tal como em choques do passado, esta revolução na forma como podemos usar a linguagem está a provocar efeitos assimétricos nas condições de promoção e sobrevivência de cada uma das cerca de 7 000 línguas do planeta. Esses efeitos assimétricos são função das diferentes circunstâncias de utilização e circulação em que cada uma delas se encontra. E, tal como no passado, vão ditar a extinção de algumas e o reforço da proeminência de outras.
As línguas espanhola e portuguesa têm uma origem comum e têm ambas uma projeção global. Também acerca delas cabe inquirir: quais são as circunstâncias em que atualmente enfrentam o impacto desta revolução científica e tecnológica?
Sessão 1 - Tecnologias das línguas: oportunidades
Esta Sessão irá focar as oportunidades que se abrem com as novas tecnologias da linguagem , procurando abordar questões como as seguintes: Quais as promessas e os estados de concretização para um ensino mais alargado das línguas apoiado pelas novas tecnologias? Em que medida está a tradução automática a abrir o acesso a acervos de conhecimento e a alargar o leque de línguas francas para a ciência? Como podem as interfaces em linguagem natural com serviços e dispositivos digitais remover barreiras para um acesso mais amplo aos serviços públicos e à cidadania digital? Em que medida poderá a tradução simultânea alterar a mobilidade dos estudantes alargando o leque de países e línguas em que podem estudar? Ao remover a necessidade de especialização tecnológica para lidar com dispositivos computacionais, como podem as novas tecnologias da linguagem favorecer uma sociedade de informação mais inclusiva?
Sessão 2 - Tecnologias das Línguas: desafios
Nesta segunda sessão, pretende-se debater os desafios, os riscos e as ameaças com que nos confrontamos com as novas tecnologias da linguagem, procurando responder às questões: Como recuperar de atrasos e assegurar a preparação tecnológica atempada das línguas espanhola e portuguesa para a era digital? Como garantir a soberania linguística e tecnológica ao serviço do interesse comum face às contribuições e interesses de grandes empresas multinacionais e outros atores privados? O que fazer para se induzir o desenvolvimento de uma Inteligência Artificial responsável e garantir um acesso inclusivo aos benefícios da tecnologia da linguagem? Como proceder para mitigar os riscos de uso da tecnologia da linguagem para propósitos criminosos, de sabotagem ou de
desinformação? Estes serão alguns assuntos, entre vários outros, que se procurará trabalhar nesta segunda sessão.