Por Cristina Padez (Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra).
A obesidade infantil é um problema de saúde pública global com enormes desafios para as sociedades atuais pelas suas consequências na saúde das crianças, no imediato e a longo prazo, na sociedade e na economia dos países. Trata-se de um problema particularmente pertinente pela sua associação com as desigualdades socioeconómicas. Em Portugal, dados do Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI) reportavam valores de 37% de obesidade (incluindo excesso de peso), tendência observada em paralelo com outros países do sul da Europa. Dados mais recentes revelam uma diminuição com valores de prevalência de excesso de peso e obesidade de 31,9% em 2002, 30,8% em 2009 e 25,3% em 2016, em crianças dos 7-10 anos de idade. Um dos fatores de risco mais consistentemente associados com a obesidade infantil é a Posição Socioeconómica (PSE) da família.
Em Portugal, as desigualdades sociais na obesidade infantil aumentaram desde 2002 até 2016. A diferença de prevalência entre crianças de famílias de baixa e elevada PSE passou de 6,2% em 2002, para 11,0% em 2009 e 12,8% em 2016. Esta evolução é provavelmente consequência de Portugal ser um dos países europeus com maior desigualdade social e com uma taxa de pobreza infantil de 18,5%.
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