Por Simone Vieira (Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais, UNICAMP).
As Florestas Tropicais detêm metade do estoque de carbono na vegetação do mundo e respondem por 34% da produtividade bruta primária em sistemas terrestres em todo o planeta. Ao mesmo tempo, detêm altos índices de biodiversidade, constituindo-se em hotspots para quase todos os grupos de plantas e de animais. Mesmo assim, são altamente ameaçadas por atividades humanas, apresentando taxas de desmatamento de 8-10 milhões de hectares/ano de 2000 a 2010.
Muitas das florestas remanescentes já foram degradadas pela sobre-exploração de madeira e de recursos não-madeireiros, pela fragmentação e pelas mudanças climáticas globais. A degradação florestal resulta em um contínuo declínio nos serviços ambientais, decorrentes dos níveis crescentes e insustentáveis dos impactos humanos. No entanto, a maioria das pesquisas sobre a contribuição de Florestas Tropicais para o sistema Terra centra-se em habitats conservados, geralmente pouco alterados, sendo difícil extrapolar os resultados destas áreas pristinas para Florestas Tropicais modificadas pelo homem. Estudando florestas tropicais degradadas e em recuperação, as seguintes lacunas de conhecimento precisam de ser abordadas: i) entender os impactos das alterações humanas a diferentes escalas temporais e espaciais sobre a ciclagem de matéria orgânica e nutrientes, e sobre as relações entre os processos biofísicos, a biodiversidade, o solo e o clima; ii) conectar o funcionamento do ecossistema a caracteres biológicos, que possam fornecer pistas sobre a estabilidade e a resiliência das florestas degradadas; iii) compreender a capacidade de generalização dos dados; iv) reduzir a distância e o tempo entre a ciência e a tomada de decisão política.
Transmissão via Zoom (pw: 393205).