Teoria da Imagem II
Ano Letivo: 2015/16
Departamento: Universidade de Lisboa
Carga horária: T: 3:00 h; OT: 3:00 h;
Área Científica: Arte Multimédia;
Objetivos da Unidade Curricular
Inserida num quadro epistemológico atual, interativo e transversal a diferentes áreas artísticas e científicas, Teoria da Imagem II tem como objectivo principal aprofundar o estudo da imagem – nas suas múltiplas variantes físicas e conceptuais – enquanto artefacto visual que, resultando de processos criativos, se afirma como objecto de conhecimento e de comunicação. Neste contexto, visa investigar, identificar e esclarecer as relações que as imagens criam e estabelecem com outras imagens com as quais se familiarizam ou diferenciam, independentemente de contextos, categorias e fronteiras tradicionalmente definidas. Visa igualmente compreender ideias e conceitos que derivam da mais recente investigação em diferentes áreas artísticas e científicas e refletir sobre as suas implicações na definição contemporânea do sujeito visual.
Pré-requisitos
- Teoria da Imagem I (10039)
Conteúdos
A disciplina, dando continuidade à unidade curricular de Teoria da Imagem I, centra-se no estudo da imagem nos domínios da arte, da ciência e da tecnologia e sua interação com o observador entendido como sujeito perceptivo, propondo uma introdução às questões e problemáticas da percepção e da representação visual. O programa da disciplina, divide-se em três partes programáticas e estrutura-se em módulos temáticos destinados à compreensão de conceitos, à reflexão sobre questões e à análise de imagens e objetos visuais. As três partes, sob o signo de três mitos clássicos (Narciso, Medusa e Pigmalião), exploram territórios e abordam problemáticas complementares, diferenciando e interligando os conceitos de visível e visual, visão e cegueira, real e virtual.
Descrição detalhada dos conteúdos programáticos
Componente Teórica
PARTE I. O MITO DE NARCISO: O VISÍVEL E O VISUAL
1.1. O mito de Narciso e o poder do observador
1.2. Visões e projeções: o olho e a máquina de Brunelleschi
1.3. Projeções e reflexos: o observador dentro da imagem
PARTE II. O MITO DE MEDUSA: A VISÃO E A CEGUEIRA
2.1. O mito de Medusa e o poder da visão
2.2. A história do Sr. V.
2.3. A história do Sr. I.
2.4. A história do Sr. P.
PARTE III. O MITO DE PIGMALIÃO: O REAL E O VIRTUAL
3.1. O mito de Pigmalião e o poder da imagem
3.2. Reprodução e utopia: a fotografia, o movimento e o tempo
3.3. Ilusão e imersão: do panorama à realidade virtual
3.4. Duplicação e distopia: Frankenstein, Dr. Jekyll and Mr. Hyde, Metropolis e Blade Runner
Bibliografia
Recomendada
AUMONT, Jacques (1990). A Imagem. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2009.
ELKINS, James (2008). Six Stories from the End of Representation: Images in Painting, Photography, Astronomy, Microscopy, Particle Physics, and Quantum Mechanics, 1980-2000. Stanford (Calif.): Stanford University Press.
GOMBRICH, E. H. (1960). Art and Illusion: A Study in the Psychology of Pictorial Representation. (5ª ed.) Londres: Phaidon Press, 1994.
KEMP, Martin (2000). Visualizations: The Nature Book of Art and Science. Oxford: Oxford University Press.
LIVINGSTONE, Margaret (2002). Vision and Art: the Biology of Seeing. Nova York: Abrams.
NELKIN, Dorothy; ANKER, Suzanne (orgs.) (2004). The Molecular Gaze: Art in the Genetic Age. Cold Spring (N.Y.): Cold Spring Harbor Laboratory Press.
PALMER, Stephen E. (1999). Vision Science: Photons to Phenomenology. Cambridge (Mass.): The MIT Press.
Outros elementos de estudo
SOLSO, Robert L. (1994). Cognition and Visual Arts. Cambridge (Mass.): The MIT Press.
ZEKI, Semir (1999). Inner Vision: An Exploration of Art and the Brain. Oxford: Oxford University Press.
COSTA, A.; BRUSATIN, Manlio (1992). «Visão». In ROMANO, Ruggiero, coord. Enciclopédia Einaudi. Volume 25: Criatividade – Visão. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda; p. 242-273.
CRARY, Jonathan (1990). Techniques of the Observer: On Vision and Modernity in the Nineteenth Century. Cambridge (Mass.): MIT Press.
CRARY, Jonathan (1999). Suspensions of Perception: Attention, Spectacle, and Modern Culture. Cambridge (Mass.): MIT Press.
DAMÁSIO, António R. (1994). Descartes’ Error: Emotion, Reason, and the Human Brain. Nova York: Grosset / Putnam [O Erro de Descartes: Emoção, Razão e Cérebro Humano. Lisboa: Europa-América].
DAMÁSIO, António R. (1999). The Feeling of What Happens: Body, Emotion, and the Making of Consciousness. New York: Harcourt Brace [O Sentimento de Si: O Corpo, a Emoção e a Neurobiologia da Consciência. Lisboa: Europa-América, 2000].
DAMISCH, Hubert (1987). L’origine de la perspective. Paris: Flammarion.
ELKINS, James (1996). The Object Stares Back: On the Nature of Seeing. San Diego e Nova York: Harcourt.
FREEDBERG, David (1989). The Power of Images: Studies in the History and Theory of Response. Chicago: University of Chicago Press.
FREEDBERG, David; GALLESE, Vittorio (2007). «Motion, Emotion and Empathy in Aesthetic Experience». Trends in Cognitive Science. 11, 5; pp. 197-203.
FRIED, Michael (2009). Why Photography Matters as Art as Never Before. New Haven e Londres: Yale University Press.
FRIEDBERG, Anne (2006). The Virtual Window: From Alberti to Microsoft. Cambridge (Mass.): The MIT Press.
GOMBRICH, E. H. (1982). The Image and the Eye: Further Studies in the Psychology of Pictorial Representation. (2ª ed., 1986) Londres: Phaidon Press.
GRAU, Oliver (2003). Virtual Art: From Illusion to Immersion. Cambridge (Mass.): The MIT Press.
GRAU, Oliver, coord. (2010). MediaArtHistories. Cambridge (Mass.): The MIT Press.
GREGORY, Richard L. (1998). Eye and Brain: The Psychology of Seeing. (5ª ed.) Oxford: Oxford University Press.
KAC, Eduardo, coord. (2007). Signs of Life: Bio Art and Beyond. Cambridge (Mass.): MIT Press.
KEMP, Martin (1990). The Science of Art: Optical Themes in Western Art from Brunelleschi to Seurat. New Haven e Londres: Yale University Press.
KEMP, Martin (2006). Seen / Unseen: Art, Science, and Intuition from Leonardo to the Hubble Telescope. Oxford: Oxford University Press.
KUBOVY, Michael (1986). The Psychology of Perspective and Renaissance Art. Cambridge: Cambridge University Press.
MIRZOEFF, Nicholas (1995). Bodyscape: Art, Modernity and the Ideal Figure. Londres: Routledge.
MIRZOEFF, Nicholas (1999). An Introduction to Visual Culture. Londres e Nova York: Routledge.
MIRZOEFF, Nicholas (2009). An Introduction to Visual Culture (Second Edition). Londres e Nova York: Routledge.
MIRZOEFF, Nicholas, coord. (2002). The Visual Cultural Reader: Second Edition. Londres: Routledge.
MITCHELL, W. J. T. (1986). Iconology: Image, Text, Ideology. Chicago: Chicago University Press.
MITCHELL, W. J. T. (1994). Picture Theory: Essays on Verbal and Visual Representation. Chicago: Chicago University Press.
MITCHELL, W. J. T. (2005). What Do Pictures Want? The Lives and Loves of Images. Chicago: University of Chicago Press.
POPPER, Frank (2007). From Technological to Virtual Art. Cambridge (Mass.): MIT Press.
REIS, Vítor dos (2000). A Caça Desenfreada: O Movimento dos Olhos e o Acto de Ver (Relatório para uma aula teórico-prática no âmbito de Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa). Lisboa: [s.n.].
REIS, Vítor dos (2002). O Olho Prisioneiro e o Desafio do Céu: A Primeira Demonstração Perspéctica de Filippo Brunelleschi como Invenção e Paradigma da Perspectiva Central. (“Biblioteca d’Artes, 4”). Lisboa: Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
REIS, Vítor dos (2006). O Rapto do Observador: Invenção, Representação e Percepção do Espaço Celestial na Pintura de Tectos em Portugal no Século XVIII. 2 vols. Lisboa: [s.n.]. Tese de doutoramento em Belas-Artes (Teoria da Imagem), apresentada à Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
SACKS, Oliver (1985). The Man Who Mistook his Wife for a Hat. Londres: Picador [O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu. Lisboa: Relógio d'Água, s.d.].
SACKS, Oliver (1995). An Anthropologist on Mars. Seven Paradoxical Tales. Londres: Picador [Um Antropólogo em Marte. Lisboa: Relógio d'Água, 1996].
SICARD, Monique (1998). La fabrique du regard: Images de science et appareils de vision (15ème-20ème siècle). Paris: Odile Jacob (A Fábrica do Olhar: Imagens de Ciência e Aparelhos de Visão (Século XV-XX). Lisboa: Edições 70, 2006).
STAFFORD, Barbara Maria; TERPAK, Frances (2001). Devices of Wonder: From the World in a Box to Images on a Screen. Los Angeles: Getty Research Institute.
STEINER, Wendy (2001). Venus in Exile: The Rejection of Beauty in 20th-Century Art, Nova York, The Free Press.
STOICHITA, Victor I. (2008). The Pygmalion Effect: From Ovid to Hitchcock. Chicago: Chicago University Press.
STURKEN, Marita; CARTWRIGHT, Lisa (2009). Practices of Looking: An Introduction to Visual Culture. (2ª ed.) Oxford: Oxford University Press.
WADE, Nicholas J. (1998). A Natural History of Vision. Cambridge (Mass.): The MIT Press.
ZEKI, Semir (2009). Splendors and Miseries of the Brain: Love, Creativity and the Quest for Human Happiness. Chichester: Wiley Blackwell.
Métodos de Ensino
As aulas assentam na exposição oral e na observação e/ou audição de imagens, de excertos videográficos e sonoros, entre outros. Ao mesmo tempo, procura-se suscitar a participação por via do diálogo e da discussão aberta, da colocação de questões e do esclarecimento de dúvidas. As aulas serão acompanhadas da publicação de sumários desenvolvidos e, sempre que necessário, de textos ou imagens fundamentais não disponíveis na Biblioteca da Faculdade.
Métodos de Avaliação
O regime de avaliação assenta na avaliação contínua e na avaliação periódica. A avaliação contínua, com um peso de 10%, é resultante da assiduidade e da ativa participação nas aulas. A avaliação periódica, com um peso de 90% , inclui a realização e apresentação pelos estudantes de dois ensaios escritos (um individual e outro realizado em equipa) com temas, objectivos e extensões diferentes, bem como a apresentação e discussão públicas, em regime de seminário, do segundo ensaio escrito.
Língua de ensino
Português.