Rodrigo Amaro e Silva, 28 anos
Doutorado em Meteorologia (Instituto Dom Luiz / Ciências ULisboa)
Investigador no Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) / Ciências ULisboa
Rodrigo Amaro e Silva mantém uma pequena horta na varanda da sua casa e, pelo meio, também se doutorou em Meteorologia... Há pouco mais de uma semana. Trabalhou em modelos de previsão de energia solar, no Instituto Dom Luiz, mais especificamente a tentar perceber se dados de geração de um sistema fotovoltaico vizinho ajudam a antecipar a chegada de nuvens. Para um futuro da ciência pouco nublado, sugere a transição para uma investigação mais multidisciplinar e mais integrada na sociedade e indústria. Para isso aponta que os cientistas devem ser capazes de comunicar de forma mais simples e clara. Se, entretanto, não o virem a fazer investigação é porque está a jogar à bola.
Que trabalho de investigação desenvolve?
Rodrigo Amaro e Silva (RAS) - Estive desde 2015 no Instituto Dom Luiz (IDL) a fazer o meu doutoramento sobre modelos de previsão de energia solar (ver imagem).
No entanto, em julho do ano passado entrei no Centre for Ecology and Environmental Changes (cE3c) para o projeto europeu Prosumers for the Energy Union (Prosumidores para a União Energética; vulgo “PROSEU”), onde investigo com um colega sobre o potencial renovável de duas freguesias no Alentejo.
Que respostas pretende encontrar com a sua investigação?
RAS - No PROSEU estamos a tentar desenhar vários cenários para produção de energia renovável para as tais duas freguesias no Alentejo, explorando diferentes tecnologias (painéis fotovoltaicos, turbinas eólicas, baterias, etc.) e diferentes interações entre agentes como sociedade civil e indústria local.
Mas como qualquer trabalho científico, acabamos por levantar mais questões do que aquelas a que acabamos por responder.
Quais são para si os grandes desafios da ciência para as próximas décadas?
RAS - Dois desafios que me vêm à cabeça são a transição para uma investigação mais multidisciplinar e que esteja mais integrada na sociedade e indústria. E para isto será essencial que os cientistas sejam capazes de comunicar de forma mais simples e clara.
Uma sugestão para quem nos lê (leitura / audição / visualização)...
Um livro… "O prazer da descoberta", de Richard P. Feynman. O autor, cientista e escritor de renome, explica perfeitamente o prazer de se ser um cientista e importância deste comunicar de forma clara.
Quando não estou a fazer ciência estou a...
Até há uns anos esta resposta seria 100% cliché: jogar à bola. Hoje posso dizer que também trato de manter uma pequena horta na minha varanda :)
O que o trouxe para a Ciência?
RAS - Inicialmente foi pela minha ambição de ser professor universitário. Gosto muito de ensinar, mas também de aprender. E esse papel junta forçosamente os dois. No entanto, hoje domina o prazer de poder atacar as perguntas que me vêm à cabeça e ter de aprender coisas novas para as responder.
Que conselhos dá aos mais novos (alunos e/ou futuros alunos de Ciências) que pensam seguir a carreira de investigação?
RAS - Tentem acumular o maior número de experiências diferentes que consigam durante o curso. Isto ajudará a que descubram os temas e tipos de trabalho que vos motiva e gostam mais.
Dito por uma pessoa que percebeu que o que queria fazer era programar, depois de estar um ano e meio a desenvolver projetos de laboratório.
* Na rubrica "O que faço aqui?" compilamos entrevistas a investigadores do universo Ciências ULisboa, que nos falam sobre a investigação que fazem, os grandes desafios da ciência mas também de outras paixões que alimentam. Ler todas as entrevistas.