O que faço aqui? | Florian Ulm

Florian Ulm, 33 anos

Investigador no cE3c / Ciências ULisboa
Doutoramento em Biologia (Ciências ULisboa)

Florian a fazer composto com outros alunos.
"Eu em Ciências ULisboa a fazer composto com outr@s alun@s"

Concretizar projetos de permacultura (na Horta FCUL), dançar lindy hop, fazer cestos, fazer objetos em origami, construir utensílios em madeira, fazer escalada... Parece uma lista de aleatória de atividades mas qualquer uma delas poderia entrar no dia-a-dia, de Floria Ulm, investigador do cE3c. Tudo ações que desenvolve paralelamente à sua carreira de investigação, na qual procura potenciais soluções para alterações ambientais, como a agricultura urbana sustentável e a produção de composto a partir de resíduos verdes (por exemplo plantas invasoras) para um uso correctivo do solo. Neste momento, trabalha num projeto que pretende utilizar composto e estilha de madeira para diminuir a erosão pós-incêndio e ajudar no processo de regeneração e reflorestação. Tudo formas de “dar sentido à complexidade à nossa volta”.

Que trabalho de investigação desenvolve?

Florian Ulm (FU) - Faço parte do cE3c (centre for ecology, evolution and environmental changes) e sou PostDoc a trabalhar nos grupos de "Environmental Stress & Functional Ecology" e "Plant-Soil Ecology". O meu trabalho é geralmente relacionado com a interação planta-solo. Especificamente trabalhei com vários desafios das alterações ambientais, como o impacto das espécies invasoras (Acacia spp.) nos sistemas dunares e o impacto das alterações antropogénicas do ciclo de azoto ao nível do solo e da vegetação nativa. Por outro lado também comecei a trabalhar com potenciais soluções como a agricultura urbana sustentável e a produção de composto a partir de resíduos verdes (por exemplo de plantas invasoras) para uso como corretivo do solo. Neste momento trabalho num projeto que pretende utilizar composto e estilha de madeira para diminuir a erosão pós-incêndio e ajudar a regeneração e reflorestação

Uma sugestão para quem nos lê (leitura / audição / visualização)...

Ao nível filosófico: Recentemente li o livro "Dance to the Tune of Life: Biological Relativity" de Denis Noble e achei extremamente interessante, reconheci muitas das minhas ideias sobre a natureza. Ao nível prático: Comecei de ouvir o "Regenerative agriculture podcast" que tem muitos tópicos interessantes para quem está interessado em interacção planta/solo e o impacto disso na agricultura biológica.

Quando não estou a fazer ciência estou a...

Fazer projetos da permacultura na HortaFCUL, dançar lindy hop e outras danças, construir coisas (trabalhar com madeira, fazer cestos, origami etc.) e fazer escalada quando tiver tempo, beber cerveja boa.

Que respostas pretende encontrar com a sua investigação?

FU - Estou muito interessado no que diz respeito ao solo como um sistema complexo e simbiótico com a planta, quase como se fosse um organismo único. Quero perceber quais são os parâmetros que fazem um solo vivo e fértil e como criá-lo (especificamente olhando aos fungos). E, finalmente, como simplificar uma coisa tão complexa como esta interacção para conseguirmos realmente percebê-la.

Quais são para si os grandes desafios da ciência para as próximas décadas?

FU - Ajudar a criar sistemas da produção realmente sustentáveis e resilientes face às alterações ambientais, enfim, criar sistemas mimetizando ciclos naturais.

O que o trouxe para a Ciência?

FU - Curiosidade e a vontade de perceber o mundo, dar sentido à complexidade à nossa volta.

Que conselhos dá aos mais novos que pensam seguir a carreira de investigação?

FU - Ninguém ganha muito dinheiro com a ciência, nem é fácil viver disso... mas se uma pessoa é realmente curiosa, quer perceber coisas e aprender todos os dias, é o trabalho certo!

 

* Na rubrica "O que faço aqui?" compilamos entrevistas a investigadores do universo Ciências ULisboa, que nos falam sobre a investigação que fazem, os grandes desafios da ciência mas também de outras paixões que alimentam. Ler todas as entrevistas.