
Este seminário destina-se à apresentação de trabalhos em curso sobre as inter-relações entre conhecimento científico, tecnologia e formações imperiais. O seminário convoca historiadores, antropólogos e cientistas sociais em geral para uma reflexão conjunta e interdisciplinar sobre a ciência e o fenómeno colonial.
Realiza-se nas segundas quartas-feiras de cada mês, das 12h30 às 13h30, alternadamente na Faculdade de Ciências e no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
As sessões são abertas à comunidade académica e não académica, apelando à participação de investigadores nacionais e estrangeiros, de diferentes instituições.
Resumo: Durante a sua estadia em Lisboa, o embaixador de Filipe II em Portugal, Juan de Borja y Castro, consultou o físico de D. Sebastião a propósito das propriedades médicas de um corno de rinoceronte que acabava de chegar à cidade. Para responder ao pedido, o físico apoiou-se em tudo o que podia alcançar: autores coevos e antigos, relatos escritos de quem havia estado nos territórios do Índico e, mais importante ainda, na análise direta de um elevado número de espécimes a que tinha acesso. A resposta enviada ao embaixador é, por isso, uma síntese do conhecimento europeu da época moderna sobre o benefício dos cornos de rinoceronte para a prática médica. Este acontecimento é o ponto de partida para esta comunicação, que propõe uma reflexão sobre o consumo de objetos não-europeus e as suas relações com a produção de conhecimento na Península Ibérica e na Europa do século XVI.