Carlos Moura
MARE - Açores
Os hidrozoários marinhos são comuns desde fundos costeiros a batiais, com muitas espécies apresentando presumivelmente distribuições amplas. A sua taxonomia é controversa, sendo que apenas alguns caracteres morfológicos estão disponíveis para classificar os diferentes taxa. As suas relações genéticas estavam também pouco investigadas. Tentou-se com este trabalho de pós-doutoramento compreender relações taxonómicas, filogeográficas e evolutivas de hidrozoários da superfamília Plumularioidea. Integrando uma abordagem taxonómica clássica com o ‘DNA barcoding’ de mais de 1100 colonias dessa superfamília, estudámos relações filogenéticas entre 678 genótipos do gene 16S para mais de 200 espécies. Revelou-se um número considerável de biodiversidade nova e críptica ao nível de espécies e géneros, mas também alguns casos de sinonímias. As poucas espécies identificadas como apresentando efetivamente amplas distribuições geográficas, ou exibem grandes tamanhos populacionais, libertam medusoides durante o seu ciclo de vida e/ou viajam com o auxilio de embarcações. A tolerância térmica, as correntes oceânicas e as barreiras terrestres revelaram-se como importantes condicionantes para a dispersão e especiação desses animais. Com a calibração do “relógio molecular” dos Plumularioidea, a origem geográfica e os tempos de diversificação dos hidrozoários das Caraíbas, do Pacífico Oriental e do Atlântico Leste são relacionados com mudanças climáticas e oceanográficas passadas a escalas geológicas.
