Recordar o incêndio não é fácil, mas a realidade estava ali diante dos meus olhos (após ter sabido da notícia pelos meios de comunição social)
Como começar...
Politénica (FCUL)... escrever e ou pensar sobre “ELA”, hoje, ainda me emociona...
Foi o meu único emprego (que ainda mantenho), uma vida cheia de recordações vividas naquele maravilhoso e espetacular espaço. O percorrer da rua das palmeiras, os passeios ao jardim botânico, ao lago, tudo eram sensações agradáveis... Que saudades...
Recordar o incêndio não é fácil, mas a realidade estava ali diante dos meus olhos (após ter sabido da notícia pelos meios de comunição social).
Parecia estática a olhar para o que via e tinha acontecido. Que tristeza, que dor e um porquê, em mim, de tal ter acontecido???
Munida de uma “simples” máquina fotográfica, consegui (e de olhos com lágrimas), ficar com algumas recordações das marcas que as chamas destruíram. As quais serviram na altura para reproduzir para vários colegas e ao longo destes anos, elas têm-se mantido sempre junto de mim numa gaveta da minha secretária e não só, também já foram usadas em exposições.
O meu local de trabalho não foi atingido, em 1974 tinha ingressado num centro de investigação do Instituto de Alta Cultura (IAC), composto por três assistentes, amigas espetaculares, ainda hoje recordo todos os seus trabalhos, que me passavam.
Mas havia que ajudar e apoiar os que perderam “coisas” importantes das suas vidas profissionais. Recuperar o que ainda restava, o que se podia...
Nos dias seguintes mantinha-se o cheiro a queimado, o papel ardido esvoaçava. Eu permanecia diariamente no meu local de trabalho. Como já referi, havia muita coisa a fazer, até ajudar colegas que emocionalmente não estavam bem.
Aconteceu, é passado, mas recordo muito as imagens de todo aquele triste panorama.