Nuno Araújo, Presidente do Departamento de Física da Ciências ULisboa e investigador no CFTC.
RODIN tem por inspiração o apelido de um escultor famoso, e é a partir desta quinta-feira, o nome do projeto que estabeleceu um novo recorde na captação de financiamento atribuído pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) a iniciativas que envolvem entidades nacionais. O projeto, que resulta de uma parceria entre a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa), Universidade de Aveiro (UA) e o Imperial College London (ICL), do Reino Unido, acaba de confirmar a atribuição de €10 milhões para o desenvolvimento de biomateriais “dinâmicos e flexíveis” que são moldáveis por células em processos de regeneração de tecidos humanos, numa lógica comparável à da escultura.
“Os investigadores da Universidade de Aveiro vão desenvolver microfilmes e estudar o efeito das células sobre as suas alterações geométricas. O grupo do Imperial College London irá programar microrganismos para libertar sinais bioquímicos em momentos precisos, dotando estas plataformas de um carácter “vivo”. A equipa de Ciências ULisboa será responsável pela modelação teórica e computacional, aplicando inteligência artificial para decifrar as interações entre células e materiais”, refere um comunicado conjunto de Ciências ULisboa, UA e ICL.
O projeto RODIN vai ser desenvolvido, durante seis anos, beneficiando da linha de financiamento Synergy Grant do ERC. A investigação é liderada por João Mano, investigador do Laboratório Associado CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro e professor da UA, Nuno Araújo, professor de Ciências ULisboa, e Tom Ellis, investigador do ICL. O objetivo primordial remete para o conhecimento detalhado da forma como as células moldam o meio à sua volta e como essas mudanças afetam as próprias células, mas não perde de vista o desenvolvimento de novas terapias personalizadas e materiais que facilitam a regeneração de tecidos. E é neste último ponto que as comparações com a escultura ganham maior significado.
Auguste Rodin ficou conhecido como nome maior da escultura entre o século XIX e o século XX, tendo como obra mais emblemática “O Pensador”, mas o projeto RODIN tem por objetivo testar a capacidade das células para se tornarem “arquitetas da vida” através de plataformas vivas, como indica o título descritivo da iniciativa em inglês (Cell-mediated Sculptable Living Platforms).

Fonte Projeto RODIN
Para alcançarem este objetivo, os investigadores deverão recorrer a células humanas que serão transferidas para os novos microfilmes de biomateriais com o objetivo de replicar diferentes fases de vida e respetivas interações. A partir deste processo laboratorial, os investigadores contam ficar em condições de descobrir os efeitos produzidos por estas culturas de células no microfilme, através da recolha de dados temporais e a três dimensões que poderão ajudar a desvendar os mecanismos usados para moldar o espaço envolvente.
“Através desta investigação pretendemos compreender como as células moldam o seu meio e utilizar esse conhecimento para criar novos biomateriais e aplicações médicas que possam transformar a forma como se tratam doenças ou como os tecidos humanos são regenerados”, referem os três líderes do projeto em comunicado. As células haverão de mostrar o que se segue.
Este tema também foi noticiado nos meios de comunicação social:
Duas bolsas europeias de 10 milhões distinguem ciência portuguesa (Diário de Notícias)
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